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As tropas israelitas abusaram, maltrataram e humilharam profissionais de saúde palestinianos detidos durante a guerra em curso na Faixa de Gaza, denunciou esta segunda-feira a organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW).

A denúncia da ONG surge depois de o jornal israelita Haaretz ter noticiado, no início de junho, que o exército israelita estava a conduzir investigações criminais sobre a morte de mais de quatro dezenas de palestinianos, nomeadamente de profissionais de saúde.

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“Os maus tratos infligidos pelo Governo israelita aos profissionais de saúde palestinianos continuaram na sombra e devem cessar imediatamente”, afirmou Balkees Jarrah, diretor interino da HRW para o Médio Oriente.

Para o responsável, “a tortura e outros maus-tratos infligidos a médicos, enfermeiros e profissionais de saúde devem ser objeto de uma investigação exaustiva e devidamente punidos, incluindo pelo Tribunal Penal Internacional (TPI)”.

Com base em entrevistas a oito profissionais de saúde libertados e vítimas de maus tratos, a HRW denunciou a prática de espancamentos, abusos (incluindo sexuais) e falta de assistência médica. Também relatou que estes profissionais foram vendados durante dias seguidos.

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Os oito profissionais foram detidos sem acusação durante períodos que oscilaram entre sete dias e cinco meses, tendo a maioria sido detida no local de trabalho durante o cerco israelita aos hospitais de Gaza.

O jornal israelita Haaretz tinha avançado no início de junho que o exército israelita estava a conduzir investigações criminais sobre a morte de 48 palestinianos em centros de detenção israelitas desde 7 de outubro de 2023.

Os casos incluem as mortes de Adnan al-Bursh, pai de seis filhos, cirurgião e chefe de ortopedia do Hospital Al Shifa, que morreu a 19 de abril na prisão de Ofer, na Cisjordânia ocupada.

O médico Eyad al-Rantisi, diretor de um centro de saúde para mulheres no Hospital Kamal Adwan em Beit Lahia, morreu em novembro quando estava a ser interrogado pelo Shin Bet (serviço de informações internas de Israel), seis dias após a sua detenção, noticiou a imprensa local em junho, na sequência de um inquérito realizado por uma unidade do Ministério da Justiça.

A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 40 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.