Taipé sublinhou esta quinta-feira que “não está subordinada” a Pequim, um dia após o chefe da diplomacia da China ter dito que “a independência de Taiwan é o maior risco para a paz e a estabilidade”.

Na quarta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, defendeu que “Taiwan pertence à China e a China vai unificar-se”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taipé condenou fortemente estas declarações, sublinhando que estão “longe da realidade em relação a Taiwan”, e sublinhou que a República da China (nome oficial de Taiwan) e a República Popular da China “não estão subordinadas entre si”.

“A contínua intimidação e opressão da China sobre Taiwan, bem como as suas ambições flagrantes de expansão militar, são a maior fonte de risco para a paz e estabilidade regionais”, denunciou o ministério, insistindo que as aspirações expansionistas de Pequim “vão além de Taiwan”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“A aliança da China com a Rússia, tornando-se um apoio fundamental para a invasão da Ucrânia e pondo em perigo a segurança transatlântica, reflete que as ambições da China vão para além de Taiwan, transcendem a região e tornaram-se uma ameaça significativa ao nível global”, referiu o ministério, num comunicado.

Neste contexto, Taiwan “continuará a reforçar a sua capacidade de autodefesa” e a defender uma “ordem internacional baseada em regras”, de forma a “garantir a paz, a estabilidade e a prosperidade” no Estreito e em toda a região, acrescentou o comunicado.

Wang Yi defendeu na quarta-feira que “os Estados Unidos devem honrar os seus compromissos de não apoiar a independência de Taiwan. E devem parar de armar Taiwan”.

As declarações surgiram após a última reunião em Pequim entre Wang e o conselheiro de segurança nacional da Presidência dos Estados Unidos, Jake Sullivan.

De acordo com um comunicado divulgado pela Casa Branca, Sullivan “sublinhou a importância de manter a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan” e “a preocupação com o apoio da RPC (República Popular da China) à base industrial de defesa da Rússia e o seu impacto na segurança europeia e transatlântica”.

Jake Sullivan e Wang Yi encontraram-se cinco vezes nos últimos 18 meses, incluindo uma vez em Washington e outra durante a cimeira de novembro entre o Presidente norte-americano, Joe Biden, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, na Califórnia (EUA).

Iniciada terça-feira, a visita de Sullivan decorre quando o Japão, signatário de um tratado de segurança com os Estados Unidos, acusou a China de “grave violação” da sua soberania depois de um avião ter entrado no seu espaço aéreo.

As Filipinas, ligadas aos Estados Unidos por um tratado de defesa mútua, acusaram Pequim de ser o “maior perturbador” da paz na região.