Uma operação antiterrorista na cidade de Verviers, na zona de Liège, no leste da Bélgica, fez pelo menos dois mortos e um ferido grave. A operação policial desta quinta-feira teve como alvo um presumível grupo terrorista islâmico e os suspeitos dispararam sobre a polícia, mas só há vítimas a registar do lado dos suspeitos. O nível de alerta antiterrorista subiu para três de quatro possíveis e, ao todo, uma dezena de buscas foram feitas entre Verviers e a região de Bruxelas. Ainda em Liège, há registo de tiroteios em Amercoeur e Angleur, mas não há confirmação de que haja ligação com as operações antiterrorismo em curso.

O jornal Le Soir (que no domingo foi evacuado após ameaça de bomba) escreve que a polícia federal suspeita que o grupo jihadista estava a planear atentados em Bruxelas, na sequência dos ataques feitos em Paris. De acordo com o belga RTL, três dos indivíduos do grupo terão regressado há uma semana da Síria e foram colocados sob escuta pelas autoridades. A iminência dos ataques levou à operação.

A polícia entrou no apartamento suspeito enquanto atiradores vigiavam o local do exterior. A operação ainda está em curso e as autoridades interditaram várias ruas no centro de Verviers.

De acordo com testemunhas no local, citadas pelos media belgas, a operação terá começado às 17h45 locais (16h45 hora de Lisboa). Ouviram-se explosões e várias ambulâncias foram enviadas para o local.

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Um cidadão belga colocou no Youtube um vídeo onde se podem ouvir algumas explosões:

https://www.youtube.com/watch?v=tXBdnKF0YAM

verviers

https://twitter.com/NathanSoret/status/555776746973581312

Às 20h00 locais (19h00 em Lisboa), as autoridades deram uma conferência de imprensa onde contaram que, durante a operação, os suspeitos dispararam contra os agentes. Dois suspeitos foram mortos e um terceiro detido. A polícia não sofreu baixas. O nível de alerta antiterrorista subiu para três em quatro possíveis.

A procuradoria federal belga disse que “até ao momento” não foi estabelecida qualquer ligação com os atentados de Paris que tiveram lugar na passada semana. Ao citar fontes judiciais, a agência Belga referiu que a investigação sobre este grupo foi iniciada antes do ataque contra o jornal satírico parisiense Charlie Hebdo em 7 de janeiro, e implicou uma vasta operação da polícia belga para evitar um “atentado de envergadura” que estaria em preparação.

Bélgica sob ameaça

Após a operação em Verviers, o Le Soir disse que um homem armado de origem africana começou a gritar “Allahu Akbar” (“Deus é grande”) na estação de metro de Ribaucourt, em Bruxelas. O homem já foi detido. Mais tarde, o Dernière Heure deu conta de dois tiroteios nas localidades de Amercoeur e Angleur, em Liège, mas ainda não há confirmação de que estejam relacionados com as buscas antiterroristas em curso.

Na quarta-feira, quatro livrarias em Bruxelas receberam cartas com ameaças de represálias caso estas colocassem à venda a edição especial do jornal satírico Charlie Hebdo. As autoridades reforçaram a vigilância e abriram uma investigação.

“O Ministério Público de Bruxelas está a levar estas cartas ameaçadoras muito a sério, e vai colocar todos os meios técnicos à sua disposição, incluindo vigilância de câmaras, pesquisas telefónicas, para encontrar o autor”, disse o porta-voz do Ministério Público, acrescentando que este tipo de ameaça “é intolerável”.