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Castro deu uma aula a Keizer e o chumbo veio dos pés do aluno de nota 20 (a crónica do V. Guimarães-Sporting)

Este artigo tem mais de 5 anos

Sporting de veia goleadora não marcou, perdeu e arriscou ser goleado em Guimarães frente a um Vitória que igualou o recorde de 12 jogos seguidos sem derrotas: 1-0 e descida leonina ao terceiro lugar.

Tozé apontou o único golo do jogo mas ficou perto de aumentar vantagem do V. Guimarães ainda na primeira parte
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Tozé apontou o único golo do jogo mas ficou perto de aumentar vantagem do V. Guimarães ainda na primeira parte

EPA

Tozé apontou o único golo do jogo mas ficou perto de aumentar vantagem do V. Guimarães ainda na primeira parte

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Nasceu há menos de uma semana, tem pouco mais de 30 tweets até ao momento mas juntou quase 600 seguidores. “Igreja Universal do Reino de Keizer” é o nome da conta, com uma apresentação que resume o seu propósito: “Acreditai em Keizer, amai a média de 4 golos/jogo e perdoai os golos sofridos. Em nome do Bas, do Diaby e do Bruno Fernandes. Pa-ra-ra, pa-ra-ra”. Bastou apenas um mês para o novo treinador do Sporting deixar a sua marca. Ou melhor, duas: a de ganhar de forma convincente (e já eram sete triunfos consecutivos) e a de apresentar um futebol ofensivo (30 golos, numa média superior a quatro por partida). Com isso, os elogios foram-se multiplicando, de forma mais séria ou de maneira mais informal, como acontece no caso desta nova conta. Ainda assim, e olhando para este arranque do holandês, houve sempre um “mas” nas análises.

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Ganhava mas começava algumas vezes em desvantagem no marcador. Criava várias oportunidades mas mostrava permeabilidade defensiva, consentindo quase sempre uma marca ao adversário. Marcava muitos golos mas também falhava chances mais claras. Esta deslocação a Guimarães trazia outro “mas” (por injusto que possa parecer para as outras equipas): o Sporting tinha ganho sete encontros mas nunca encontrara “o” verdadeiro teste. Porque jogar em Vila do Conde é complicado, porque defrontar um Nacional a grande nível em Alvalade também se pode tornar difícil mas porque ir à Cidade Berço é sempre diferente. Ainda para mais contra este Vitória, que chegava ao encontro desta noite muito perto de igualar um recorde do clube.

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Depois de um início muito aquém, com três derrotas consecutivas na Taça da Liga e no Campeonato, Luís Castro – que recusou recentemente um convite dos ingleses do Reading, que se viraram depois com sucesso para José Gomes – consolidou processos, definiu uma equipa tipo (que hoje não contava com o emprestado verde e branco Mattheus Oliveira, o filho de Bebeto que foi expulso no Bessa para a Taça de Portugal mas que tem estado em bom plano) e iniciou uma série de 11 jogos consecutivos sem derrotas (sete vitórias e quatro empates), que valeram aos minhotos a ascensão ao quinto lugar da Primeira Liga. Mais do que resultados, o V. Guimarães recuperou o seu ADN enquanto equipa: solta, com futebol atrativo, espírito de sacrifício, permanentemente ligada por química com uma massa adepta que continua a ser elogiada por tudo e todos.

Ficha de jogo

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V. Guimarães-Sporting, 1-0

14.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Dom Afonso Henriques, em Guimarães

Árbitro: Luís Godinho (AF Évora)

V. Guimarães: Douglas; Dodô, Osorio, Pedro Henrique, Rafa Soares; Pepê, Wakaso, André André (Ola John, 46′); Tozé (João Carlos Teixeira, 89′), Davidson e Alexandre Guedes (Estupiñán, 79′)

Suplentes não utilizados: Miguel Silva, Frederico Venâncio, Florent e Tyler Boyd

Treinador: Luís Castro

Sporting: Renan Ribeiro; Bruno Gaspar, André Pinto, Mathieu, Acuña; Gudelj (Petrovic, 85′), Miguel Luís (Carlos Mané, 74′), Bruno Fernandes; Jovane Cabral (Raphinha, 46′), Diaby e Bas Dost

Suplentes não utilizados: Salin, Marcelo, Ristovski e Jefferson

Treinador: Marcel Keizer

Golo: Tozé (26′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Bruno Gaspar (21′), Pêpê (61′), Wakaso (63′), Tozé (86′), Raphinha (90+2′) e Bruno Fernandes (90+4′)

Esta noite em Guimarães, essa bipolaridade muito típica do Sporting ficou bem exposta. Pela primeira vez, os leões perderam; pela primeira vez, não conseguiram sequer marcar. E arriscaram-se até a ser goleados, não fosse a grande exibição de Renan Ribeiro que chegou a ser expulso aos 52′ antes de ver a decisão corrigida pelo VAR por fora de jogo de Alexandre Guedes. No plano tático, Luís Castro deu uma aula de como travar esta equipa de Keizer; em termos práticos, o chumbo veio dos pés de Tozé, o miúdo que terminou na Escola António Nobre o ensino secundário com nota 20 (melhor aluno das escolas públicas do concelho do Porto). Com isso, o V. Guimarães igualou o desejado recorde de encontros sem derrotas, algo que acabou celebrado com fogo de artifício no final da partida. Mas, com isso, o Sporting não é um plano acabado, antes pelo contrário. E basta perceber as opções que hoje não existiam no banco para perceber onde está a maior diferença para os seus grandes rivais.

Sem alterações nas equipas além das esperadas face ao castigo de Coates, à lesão de Nani e à condição de cedido de Mattheus Oliveira, o encontro que se esperava de muitas oportunidades junto das duas balizas arrancou de forma intermitente, quase como se fosse uma fase de estudo entre os dois conjuntos mesmo percebendo-se que se conheciam bem. Ainda antes dos dez minutos, Alexandre Guedes, aproveitando uma saída em falso de Renan Ribeiro, teve um remate ao lado na área mas seria preciso esperar um pouco mais para as primeiras reais oportunidades: no seguimento de um canto onde os minhotos ficaram a pedir penálti de Miguel Luís, Davidson aproveitou uma segunda bola para arriscar o remate mas Renan defendeu de forma apertada (15′); aos 19′, Diaby saiu bem numa transição, puxou para dentro mas o remate saiu perto do poste da baliza de Douglas.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do V. Guimarães-Sporting em vídeo]

O Sporting, tido como aquela máquina de marcar golos a quem bastava passar do meio-campo para criar oportunidades, tinha o seu jogo bloqueado e não tocara sequer uma vez na bola na área contrária nos primeiros 20 minutos a não ser num cabeceamento de Dost após canto, muito desenquadrado. E o ter mais bola era apenas um eufemismo porque era no seu meio-campo que mais se jogava, sobretudo quando os visitados conseguiam colocar o primeiro passe para a transição rápida. Assim, seria mesmo o V. Guimarães a chegar de forma justa à vantagem, quando Tozé voltou a aproveitar uma segunda bola perto da entrada da área após canto para rematar forte e sem hipóteses para Renan, beneficiando de um desvio ainda de Mathieu (26′).

O V. Guimarães estava quase perfeito em termos táticos: além de afastar por completo Bruno Fernandes do centro do jogo, foi sabendo bloquear as saídas verde e brancas para o ataque e tirou metros aos alas contrários para jogarem 1×1 em velocidade. Com tudo isso, claro está, a máquina de golos quase nunca tocou sequer na bola (Dost). E seria mesmo Tozé, mais uma vez, a ameaçar a baliza de Renan Ribeiro, num remate que foi de novo desviado por um jogador leonino antes de dar novo canto. Pela primeira vez, o Sporting de Keizer não marcou na primeira parte. Mas esse não foi o maior mérito dos visitados – é que pela primeira vez o Sporting de Keizer não teve uma oportunidade criada de forma coletiva nem enquadrou um remate.

Ao intervalo, os dois técnicos mexeram. No caso de Luís Castro, pela forma como as coisas estavam a correr, provavelmente por uma questão física: saiu André André, entrou Ola John para o lado direito, Tozé fletiu para o meio; em relação a Marcel Keizer, mesmo sendo troca por troca, por opção: Jovane Cabral deu lugar ao regressado Raphinha, que voltou a jogar dois meses e meio depois por lesão. Nem um nem outro demoraram a deixar a sua marca em jogo – o holandês obrigou Renan Ribeiro a uma grande defesa para canto (48′), o brasileiro deu a Douglas a possibilidade de fazer a primeira intervenção do encontro (49′). Uns minutos depois, o mesmo Raphinha que fez mais sozinho em 15 minutos do que todos os elementos mais adiantados em 45′, recebeu no peito um cruzamento longo de Diaby, rematou forte mas acertou no poste (57′).

Antes desse momento, Renan Ribeiro chegou a estar expulso durante dois/três minutos, o tempo para Luís Godinho confirmar com o VAR todo o lance. Não se colocando em causa a falta claríssima sobre Alexandre Guedes, valeu ao guarda-redes a posição adiantada do avançado vimaranense na altura do passe de Douglas. Valeu a ele e valeu ao Sporting porque se não fosse o antigo guardião do Estoril os números da derrota poderiam ser outros: primeiro defendeu para canto um remate forte de Davidson de fora da área (62′), depois parou uma bola em que Pêpê conseguiu surgir isolado na área (65′) e ainda viu Pedro Henrique, em mais uma falha da defesa zona dos leões nos livres e cantos, acertar de cabeça na trave (71′).

Nos últimos minutos, já com Mané em campo (as outras opções eram o central Marcelo, os laterais Ristovski e Jefferson e o médio defensivo Petrovic…), o Sporting conseguiu ter mais bola do que o V. Guimarães no meio campo contrário, teve um cabeceamento de Dost à figura de Douglas (87′) e seriam mesmo os visitados a beneficiarem da última grande oportunidade por Estupiñán, que viu Renan Ribeiro tirar-lhe de novo o golo com mais uma grande intervenção (90′), confirmando a estatística de ser o guarda-redes com mais defesas de toda a jornada.

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