No final do jogo com o País de Gales, em que esteve em vantagem e até mesmo depois de sofrer o empate podia ter ganho, Vladimir Petkovic não perdeu o sorriso. O selecionador da Suíça desde 2014 foi cumprimentar o seu homólogo Rob Page, saudou depois os seus jogadores, parecia quase satisfeito com algo que o podia satisfazer. Durante oito minutos, esse sorriso em Baku fazia sentido – era sinal de confiança. E os helvéticos faziam de facto sorrir, com uma entrada personalizada, segura, capaz de mostrar o que a Turquia não mostrara durante os 90 minutos da estreia. Mas foram apenas oito minutos, esses oito minutos. A partir daí, tudo se esfumou.
Sorri Vialli, sorri. Não faltam razões para isso (a crónica do Turquia-Itália)
A seguir, imperou a lei do mais forte de uma Itália que deu prolongamento à entrada promissora na competição. Não conseguiu tantas oportunidades como contra a Turquia, não teve tanta bola como contra a Turquia, foi ainda mais esmagador em termos coletivos até cerca de 25 minutos do final, quando começou a gerir a vantagem de dois golos e testou mesmo um sistema de três defesas. A Itália só sabe ganhar (não perde desde o 1-0 frente a Portugal na Liga das Nações em 2018), não sofre golos e conseguiu a segunda série de sempre na história com dez vitórias consecutivas sempre com a baliza a zero. Uma máquina que carbura e que dá gosto ver jogar.
Italy's last 10 games… ????
This team is serious.#ITA #Euro2020 @OptaPaolo pic.twitter.com/Z0pdc8eDfX
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Seferovic voltou a ser titular mas saiu ao intervalo, sem qualquer hipótese perante a defesa transalpina. E se um dia o seu treinador no Benfica, Jorge Jesus, disse que se não jogasse o Matic jogava “o Manel”, Mancini encontrou na seleção italiana o seu “Manel”: Locatelli. O médio do Sassuolo substituiu da melhor forma Marco Verratti na squadra azzurra e tornou-se um “pintor” em destaque na equipa que faz da qualidade futebolística uma arte e que dá passos cada vez mais seguros numa era de renascimento após ter falhado a presença no Mundial de 2018. Apontou os dois primeiros golos (26′ e 52′), Immobile fechou as contas (89′), muitos outros ficaram por marcar.
???????????? FINAL | ???????? Itália ???? Suíça ????????
Italianos "atropelam" suíços com mais um recital de futebol de ataque ????
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O jogo em três toques
Para recordar
De forma inevitável, Manuel Locatelli. Pelo que joga, pelo que arrisca, esta noite pelos golos também. Se não existissem lesões, e em condições normais, o médio formado no AC Milan que está desde 2018 no Sassuolo (e não será por muito mais tempo, percebe-se…) começaria no banco na sombra de Verratti mas os problemas físicos do jogador do PSG “empurraram” o número 5 para a titularidade para os holofotes da fama neste arranque do Europeu: não tem a cultura tática e a capacidade de recuperação de Jorginho, não tem a valia técnica de Barella mas tornou-se num ápice na peça que liga todos os setores transalpinos. Basta ver o que se passou no primeiro golo: começou a jogada ofensiva no meio-campo com uma grande abertura para a direita, acelerou a chegada à área seguindo o movimento de Berardi, apareceu sozinho na área a desequilibrar. Que comece o leilão…
???????? Itália ???? Suíça ????????????????????????????????
Aos 23 anos, Manuel Locatelli ???????? fez o jogo que vai acelerar a sua dimensão de estrela internacional ⭐️#EURO2020 #ITASUI #ITA #SUI #EUROTotoRating #RatersGonnaRate pic.twitter.com/cNPyYxgVv6
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Para esquecer
O empate inicial da Suíça frente ao País de Gales tinha colocado Seferovic no olho do furacão. Por um lado, o jogo de Embolo foi muito valorizado pelo que jogou, porque marcou e pelo que conseguiu criar de perigo; por outro, a exibição do avançado do Benfica foi criticada pela análise na ótica das oportunidades desperdiçadas na parte final da primeira parte, passando ao lado do mérito que o avançado teve entre centrais difíceis como os do País de Gales. A titularidade do número 14 esteve mesmo em causa mas Seferovic voltou a ser opção inicial de Petkovic. Não teve bola, não teve chances, não conseguiu sequer a posse para segurar e fazer com que a equipa pudesse subir no terreno. Saiu ao intervalo. Foi ele, poderia ter sido outro – a Itália foi esmagadora.
#SUI Haris Seferovic is replaced at the break with Mario Gavranovic
???? Seferovic touched the ball just 13 times in the first half – Giorgio Chiellini managed more touches (17) despite being replaced in the 24th minute… pic.twitter.com/NM752hgCXS
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Para valorizar
Acabou no oitavo lugar na Serie A, foi eliminado numa fase inicial da Taça, tinha o melhor futebol em Itália a par da Atalanta (no sentido estático da palavra porque o mais consistente foi o do campeão Inter). A temporada do Sassuolo já tinha sido muito valorizada em Itália mas é no trabalho de Berardi e Locatelli na squadra azzurra que ganha outra dimensão. Roberto De Zerbi, treinador que já assinou pelo Shakhtar para suceder a Luís Castro no comando dos ucranianos, teve grande mérito no plantel que construiu, na ideia que consolidou e na forma como mudou o chip da equipa e foi esse crescimento no plano coletivo que permitiu também o salto de nomes como Locatelli, Berardi e Raspadori (além de Caputo, que ganhou no ano passado a primeira internacionalização aos 33 anos, e de Scamacca, a grande referência do conjunto Sub-21 que perdeu com Portugal no Europeu).
The Sassuolo boys connection linking up well for the @azzurri ???????????? pic.twitter.com/LfifFCSyLv
— Italian Football TV (@IFTVofficial) June 16, 2021