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O Edifício dos Leões - Espaço Santander, em Lisboa foi transformado num local de cultura, e inaugura esta semana a primeira de três exposições em parceria com o MNAA. 16 de Março de 2022 Edifício dos Leões, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR
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As tapeçarias do salão nobre estão entre as obras que é possível conhecer no edifício da baixa lisboeta

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

As tapeçarias do salão nobre estão entre as obras que é possível conhecer no edifício da baixa lisboeta

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

A arte chegou ao Edifício dos Leões, que quer abrir as portas a Lisboa e inaugurou a primeira exposição

Antiga sede de um banco, o espaço pretende ser a materialização da "vertente cultural" de uma nova fundação. Abertura e primeira mostra fazem-se em colaboração com o Museu Nacional de Arte Antiga.

Don Juan de Áustria, a Infanta Maria Teresa, D. Maria Antónia de Melo, Lopo Furtado de Mendonça, D. Maria Bárbara de Bragança, Carlos III de Espanha. A lista é extensa e pertence aos retratados que dão o mote para a primeira de três exposições que unem o Edifício dos Leões – Espaço Santander ao Museu Nacional de Arte Antiga. A velha sede do Banco Totta & Açores, na Rua do Ouro, 88, em Lisboa, abre ao público como espaço cultural e os retratos de época lembram-nos, “Em boa memória”, a evolução da pintura através da fixação da imagem das pessoas. O registo pictórico começa por ser feito a aristocratas, mas rapidamente se estende a todas as classes sociais.

A mostra consegue pôr em diálogo edifício e obras de arte através das histórias que conta e da capacidade de relacionar materiais de grande nobreza. Se para Francisco da Holanda, o primeiro tratadista a escrever sobre o retrato, o retratado deve ser alguém de uma classe social privilegiada e que mereça a pintura, para os pintores do século XVIII, como o Morgado de Setúbal, os amigos são os primeiros a ter honras de aparecer num quadro. Afinal, são eles que queremos lembrar, e reter na tal boa memória. O mesmo será dizer ficar para a posteridade com uma imagem determinada, poder ser lembrado, identificado, venerado.

É assim que heróis das Guerras Napoleónicas, de Wellington à Condessa de Bureta, pintores como Domingos Sequeira  ou escultores como Machado de Castro, empresários, de Calixto Rodríguez, por Joaquín Sorolla, ao Conde de Carvalhido, um dos maiores doadores do Museu de Arte Antiga, a líderes religiosos como Philipp Melanchthon, por Lucas Cranach, o Jovem, ou Baltazar da Encarnação, por Joaquim Manuel da Rocha, muitas são as figuras cujos retratos elevam a museu temporário aquele Edifício dos Leões. A vontade de o transformar em espaço museológico, de resto, era a intenção dos curadores do MNAA, Anísio Franco e Ramiro Gonçalves.

O Edifício dos Leões - Espaço Santander, em Lisboa foi transformado num local de cultura, e inaugura esta semana a primeira de três exposições em parceria com o MNAA. 16 de Março de 2022 Edifício dos Leões, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR O Edifício dos Leões - Espaço Santander, em Lisboa foi transformado num local de cultura, e inaugura esta semana a primeira de três exposições em parceria com o MNAA. 16 de Março de 2022 Edifício dos Leões, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR O Edifício dos Leões - Espaço Santander, em Lisboa foi transformado num local de cultura, e inaugura esta semana a primeira de três exposições em parceria com o MNAA. 16 de Março de 2022 Edifício dos Leões, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR O Edifício dos Leões - Espaço Santander, em Lisboa foi transformado num local de cultura, e inaugura esta semana a primeira de três exposições em parceria com o MNAA. 16 de Março de 2022 Edifício dos Leões, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

O arquiteto Ventura Terra reabilitou um edifício de origem pombalina em 1905, que teria depois outras intervenções e agora serve de cenário para a primeira de três exposições

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

E, é no meio destas galerias, autênticas, que ocupam cada um dos pisos do também outrora Crédito Predial Português, que surgem os restos das instituições bancárias que ocuparam o lugar. A cúpula, claraboia a iluminar o majestoso hall de entrada, faz-nos recuar no tempo, vamos lá para trás, para o início do século XX, mais propriamente para 1905, quando o grande arquiteto Ventura Terra reabilita o edifício de origem pombalina, e que, imponente, vai marcar a força e a pujança dos negócios do Banco Lisboa & Açores.

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Um balcão a ocupar todo o piso térreo acolhe os clientes sob o olhar atento da administração que ocupa os dois pisos mais altos do edifício. Ao gosto das belas instituições bancárias europeias do século XIX, o trabalho arquitetónico nasce de acordo com a monumentalidade da arquitetura pública de então, e condiz com a decoração exuberante da fachada, repleta de elementos trabalhados em padrões florais, e de onde se destacam os dois leões, símbolo dos valores da instituição, a segurar toda a estrutura do edifício. Avé à obra do prestigiado escultor da época Jorge Pereira.

Lá dentro, porém, a modernidade chega com nova remodelação, nos idos anos 70, do arquiteto Cristino da Silva. Sobram os baixo-relevo em bronze, a encimar os elevadores, da autoria de Soares Franco que se multiplicam sob o mote Fomentar para Criar Riqueza, o lema da instituição bancária, notam-se os varandins metálicos, e muita da pintura que ocupa gabinetes com mobiliário restaurado. Falamos de Arpad Szenes, de Almada Negreiros, de Vieira da Silva, mas também falamos de Silva Porto, de Francis Smith, ou ainda mais recuadas as extraordinárias grandes tapeçarias alusivas a Carlos Magno que decoram o salão nobre, onde os lustres, magníficos, venezianos, iluminaram as mais importantes decisões e tomadas de posição dos vários bancos, até mesmo ao recente Santander.

Muita da pintura que ocupa gabinetes com mobiliário restaurado é de Arpad Szenes, Almada Negreiros, Vieira da Silva, mas também de Silva Porto, de Francis Smith, ou, ainda mais recuadas, as extraordinárias grandes tapeçarias alusivas a Carlos Magno que decoram o salão nobre.

“Abrimos as portas da sede do banco à cidade com uma animação cultural feita com parte da coleção de arte exposta, coleção de arte interessante com grandes vultos da pintura sobretudo do início do século XX, e que têm salas dedicadas, parte do património artístico do banco, que estava espalhada por vários edifícios, que depois concentrámos aqui com a decisão de expor parte dessa coleção de arte. Fizemos também a recriação de espaços dedicados à atividade bancária da época”, conta Cristina Parente de Carvalho, responsável pela Gestão do Edifício dos Leões.

A transformação da função daquele espaço situado numa das vias mais movimentadas do centro da cidade de Lisboa, diz-nos, não foi complicada. “Teve a ver com o novo posicionamento das instituições financeiras, mais participativas, atribuindo aos espaços históricos uma dimensão cultural. O nosso objetivo é, para além da exposição permanente, ter também exposições temporárias. Inaugurámos com a Joana Vasconcelos, em 2019, depois tivemos a pandemia, e agora lançámos um desafio ao Museu Nacional de Arte Antiga para, partindo de temas comuns ás nossas duas coleções, criar exposições temáticas. Esta é a primeira, dedicada ao retrato, com temas muito atuais, como o humanismo, a busca da identidade, e a preservação da memória, temáticas aqui reveladas em obras clássicas que têm origem na coleção do MNAA e na nossa própria coleção de arte, temos ainda a participação do Santander Espanha, que dá uma dimensão ibérica, completamente alargada a este tema. Temos também uma presença contemporânea, queremos sempre que os artistas contemporâneos possam expor aqui, uma vez que o objetivo é ser aberto à comunidade, o convidado é Pedro Cabrita Reis.”

O Edifício dos Leões - Espaço Santander, em Lisboa foi transformado num local de cultura, e inaugura esta semana a primeira de três exposições em parceria com o MNAA. 16 de Março de 2022 Edifício dos Leões, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR O Edifício dos Leões - Espaço Santander, em Lisboa foi transformado num local de cultura, e inaugura esta semana a primeira de três exposições em parceria com o MNAA. 16 de Março de 2022 Edifício dos Leões, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR O Edifício dos Leões - Espaço Santander, em Lisboa foi transformado num local de cultura, e inaugura esta semana a primeira de três exposições em parceria com o MNAA. 16 de Março de 2022 Edifício dos Leões, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR O Edifício dos Leões - Espaço Santander, em Lisboa foi transformado num local de cultura, e inaugura esta semana a primeira de três exposições em parceria com o MNAA. 16 de Março de 2022 Edifício dos Leões, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

As obras agora expostas cruzam-se com o espólio histórico que a antiga sede do Totta & Açores já guardava

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Além disso, a exposição integra os trabalhos dos três vencedores da primeira edição do Prémio de Arte Edifício dos Leões’21, dedicado, também ele ao tema do retrato, nomeadamente Francisca Aires Mateus, Rute Pereira e João Puig.

Nada disto, porém, seria uma certeza no futuro se o Banco Santander não tivesse acabado de constituir uma fundação, a Fundação Santander Portugal. À espera da oficialização da sua constituição pelo Conselho de Ministros, a fundação tem já pernas para andar, pelo menos, uma dotação orçamental de 22,5 milhões de euros, como conta a sua presidente, Inês Oom de Sousa (que é também administradora do Santander). “Este será um espaço aberto, um espaço dinâmico, um espaço onde vão acontecendo coisas, e um espaço com uma posição estratégica aqui na cidade. Está no âmbito da Fundação Santander Portugal que é contribuir para uma sociedade mais aberta em que a cultura é um dos nossos pilares, a ela junta-se a forma como conseguimos contribuir para a sociedade em termos de inclusão e sustentabilidade”, revela a administradora do Santander. Assente em quatro grandes pilares: “a educação, um pilar muito estratégico não só da fundação mas do grupo, a empregabilidade, a área social e a cultura”.

Para os próximos dois anos, o parceiro para dinamizar o espaço cultural continuará a ser o Museu Nacional de Arte Antiga: "Queremos ser um agregador de vários parceiros. Um agregador para várias causas sociais e não só. Pôr a Cultura no meio das pessoas é uma delas".

A cada um desses pilares corresponderá um programa-chave ou programa-bandeira, que está neste momento a ser discutido. Reduzir as desigualdades sociais, reduzir a pobreza, reduzir as iliteracias são alguns dos objetivos de uma fundação que persegue a capacitação dos jovens, adultos e empresas como forma de colmatar as deficiências de uma sociedade pouco igualitária. “Um dos grandes objetivos da Fundação é que os clientes sintam que estamos aqui para os ajudar e não para lhes dar um crédito habitação ou um crédito pessoal. São muitas as ações nesse sentido. E são todas para lhes darmos as ferramentas para terem uma vida melhor, a nossa grande missão é ajudar as pessoas e tornar os nossos esforços tangíveis”, continua Inês Oom de Sousa. A presidente da Fundação Santander Portugal frisa as mais de cinco mil bolsas dadas em 2021.

Para os próximos dois anos, o parceiro para dinamizar o espaço cultural continuará a ser o Museu Nacional de Arte Antiga. A dar também o braço à recém formada fundação estará a Fundação Santander Espanha cujo foco de atuação é a Cultura e a Arte. “Fomentamos a cultura como uma via de inclusão da sociedade e abrimos este espaço ao qual não é possível ficar indiferente, queremos abri-lo à cidade e devolvê-lo aos cidadãos, queremos fazer aqui mais eventos culturais, convidar as pessoas e as empresas para que usufruam do espaço.

Será depois uma questão de tempo para que consigamos resultados”, avança a presidente da nova fundação. “Queremos ser um agregador de vários parceiros. Um agregador para várias causas sociais e não só. Pôr a Cultura no meio das pessoas é uma delas. Temos uma network tão grande, vamos usá-la, é relativamente simples para nós conseguirmos promover a Cultura e a Arte em Portugal. É um longo caminho mas vamos lá chegar”, ambiciona Inês Oom de Sousa.

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