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Bugalho tentou o abraço de urso, mas Cotrim resistiu e foi ao choque

Candidato da AD arrancou duelo a garantir que não iria fazer "favor" aos adversários de simular "picardias". Liberal não ficou convencido e forçou confronto. E não faltaram mesmo divergências.

No único frente a frente entre dois s candidatos que disputam uma fatia apetitosa do eleitorado — os jovens que votam à direita e que foram importantes para a vitória da AD nas últimas eleições legislativas –, Sebastião Bugalho entrou disposto a entregar o cachimbo da paz ao liberal com uma frase carregada de mel: “Não vou fazer o favor aos adversários de me picar com Cotrim”. O candidato da IL começou por apontar baterias a Marta Temido, a grande ausente desta maratona de debates, mas não se deixou agarrar pelo abraço de urso: não faltaram divergências neste duelo.

Logo à primeira pergunta, de resto. Desafiado a dizer se já conhece o pensamento sobre a Europa de Sebastião Bugalho – recorde-se que quando foi anunciado o nome do candidato da Aliança Democrática o liberal tinha dito que não conhecia o pensamento político do antigo comentador — Cotrim partiu para o ataque. “Sim, conheço. Mas o que tenho a dizer é que tenho saudades de ‘Sebastião Bugalho comentador’. Tinha mais irreverência e energia do que o ‘Sebastião Bugalho candidato’. Estava à espera de uma coisa que fosse verdadeiramente energética e inovadora.”

Foi neste momento que Bugalho tentou estender o cachimbo da paz a Cotrim, apontar a Marta Temido, lamentando que a antiga ministra não “tenha querido debater com ninguém”, e tentando normalizar as divergências. “Neste momento somos concorrentes. Mas não vou fazer o favor aos nossos adversários, os que querem que o país volte para trás, e picar-me com Cotrim Figueiredo na rádio ou na televisão nesta campanha”. Não seria necessariamente assim ao longo do debate.

Num limite extremo, anuiu Sebastião Bugalho, se um eurodeputado fizesse "a apologia do holocausto", por exemplo, “a sanção, a perda da diária de trabalho, justificar-se-ia”. Cotrim discordou abertamente e recuperou as acusações de "tibieza" na defesa da liberdade de expressão. "Ter alguém com o poder de tirar a palavra por delito de opinião é um plano muito inclinado que não deve existir."

Cotrim acusa AD de tibieza na defesa da liberdade de expressão

O cabeça de lista da IL partiu de imediato para o ataque, elencando duas grandes matérias que separam a AD e a IL: a preocupação pelo crescimento económico e a defesa pela liberdade de expressão. Neste último caso, Cotrim Figueiredo confessou alguma surpresa com a posição assumida por Bugalho, em entrevista ao Público, sobre a mais recente polémica a envolver José Pedro Aguiar-Branco e o Chega. “Estava à espera de uma defesa muito mais vigorosa da liberdade de expressão por parte da AD.”

Sebastião Bugalho interrompeu. “A divergência é necessária, mas não precisamos de simulá-la. Não desvalorizei a liberdade de expressão”, sublinhou o candidato da AD, sugerindo que Cotrim Figueiredo estava a interpretar mal as suas palavras, lendo as declarações completas que fez ao Público: “‘O equilíbrio entre a liberdade de expressão num Parlamento, que tem de ser sagrada, é muito difícil de gerir com a defesa de direitos de minorias e direitos humanos’.”

[Já saiu o segundo episódio de “Matar o Papa”, o novo podcast Plus do Observador que recua a 1982 para contar a história da tentativa de assassinato de João Paulo II em Fátima por um padre conservador espanhol. Ouça aqui o primeiro episódio.]

João Cotrim Figueiredo não recuou e preferiu antes assinalar a diferença entre as posições de Sebastião Bugalho e de Hugo Soares, líder parlamentar do PSD, que, em público, não subscreveu na íntegra a interpretação de José Pedro Aguiar-Branco. “Sou candidato ao Parlamento Europeu, não sou líder parlamentar”, devolveu-lhe o candidato da AD.

A discussão continuaria nos mesmos termos. Desafiado a dizer se considerava ou não admissível um deputado fazer declarações daquele teor no Parlamento Europeu, Bugalho recuperou as regras de Estrasburgo. “No caso do Parlamento Europeu, já aconteceu eurodeputados sofrerem sanções por declarações que atacaram minorias”, respondeu, antes de tentar balizar a discussão: “Um deputado pode fazer essas declarações, mas moralmente não deve. Eu condenaria e, numa circunstância mais extrema, abandonaria [o plenário].”

Num limite extremo, anuiu Sebastião Bugalho, se um eurodeputado fizesse “a apologia do holocausto”, por exemplo, “a sanção, a perda da diária de trabalho, justificar-se-ia”. Cotrim discordou abertamente e recuperou as acusações de “tibieza” na defesa da liberdade de expressão. “Ter alguém com o poder de tirar a palavra por delito de opinião é um plano muito inclinado que não deve existir. Não gosto de limites à liberdade de expressão exceto os que já estão inscritos na lei de incitamento à violência e ao ódio.”

Ouça aqui o debate na íntegra em podcast.

Sebastião Bugalho (AD) – João Cotrim Figueiredo (IL)

Bugalho usa família europeia contra Cotrim

A gestão dos fundos foi outra das áreas onde foi possível separar águas, com o candidato da IL a apontar sempre para a possibilidade destes apoios acabarem ou serem diminuídos — e de como isso afetará Portugal. Para o liberal, a UE tem começar a escolher prioridades, sob pena de continuar a aumentar despesa que só será compensada, alertou, com novos e mais impostos europeus. João Cotrim Figueiredo criticava, neste caso, a proposta da AD para ter Bruxelas a pagar uma rede de lares e a ajudar comunidades mais envelhecidas.

Bugalho não só discorda desta posição, como ainda provocou o candidato liberal, que tinha acabado de se opor “veementemente” à criação de novos impostos para acudir a estas necessidades de financiamento. O candidato da AD lembrou-o que a família política europeia a que pertence, a ALDE, defende o oposto. “Até na família política de Cotrim a ideia de que não se podem criar novos impostos para haver receitas próprias para Orçamento europeu não está a ser combatida, pelo contrário”, diz.

Cotrim sacudiu um eventual incómodo e  garantiu que diz aos “congéneres no partido liberal europeu” o mesmo que diz cá dentro: a receita que pode ser conseguida através desses instrumentos é manifestamente reduzida para fazer face a todo o aumento da despesa previsto com. “Todos os recursos próprios de que se falam totalizam 25 milhões de euros. Parece muito até saber que o orçamento anual da UE são mais de 300 mil milhões.”

Poder de veto separa os dois

João Cotrim Figueiredo foi ainda desafiado a comentar a eventual expulsão dos liberais neerlandeses da ALDE, que se aliaram a um partido de direita radical para formar governo. “A censura já foi feita. Sou, por princípio, contra expulsões.  Não gosto de expulsões por decisões que podem ser ditadas por condições específicas de cada país.”

Bugalho foi convidado a comentar o mesmo cenário e a política de “não é não” do PPE à face aos partidos de direita radical. “Se a linha vermelha for a defesa do Estado de Direito, da democracia, do europeísmo e da Ucrânia – de que nunca abdicaremos – não estamos a trair o compromisso europeu”.

Mesmo nos últimos segundos do debate, o candidato da AD — que tinha entrado a prometer não entrar em picardias com o adversário — confrontou-o com a proposta da IL que prevê o fim do direito de veto no Conselho Europeu em algumas matérias que exigem votação por unanimidade. Sebastião Bugalho pediu um exemplo, Cotrim não hesitou na resposta e disse logo que estava a referir-se a matérias de “política externa”.

“Se 26 países estivessem incompatibilizados com o Brasil, Portugal que é um país pequeno não poderia defender uma política externa secular com um país irmão. Ficaria sozinho na UE”, devolveu Bugalho. O candidato da IL respondeu e disse que “não se pode estar num espaço europeu, ter os benefícios da União e decidir sobre política externa como se estivesse sozinho”.

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