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Saúde Mental: reportagem no "Manicómio", um espaço de criação artística, em Lisboa, onde através da arte, dedicam-se à reinserção psicossocial e profissional de pessoas diagnostícadas com doenças mentais. Recentemente iníciaram um novo projeto chamado de Consulta sem Paredes, onde consultas de psicologia acontecemm em espaços abertos. 26 de Junho de 2023 Manicómio, Beato TOMÁS SILVA/OBSERVADOR
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Micaela Fikoff (à esquerda, em cima) é acompanhada nas Consultas Sem Paredes. Isabel Passarinho, Leonor Canelas e Catarina Gomes fazem parte de uma equipa que já conta com 26 pessoas

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Micaela Fikoff (à esquerda, em cima) é acompanhada nas Consultas Sem Paredes. Isabel Passarinho, Leonor Canelas e Catarina Gomes fazem parte de uma equipa que já conta com 26 pessoas

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Consulta Sem Paredes. Ir ao psicólogo ou ao psiquiatra num jardim ou num museu — e a preços mais acessíveis

Ir a um consultório para uma consulta de psicologia ou psiquiatria pode ser difícil, por causa do estigma. Neste projeto, as consultas acontecem até ao ar livre. E são mais baratas do que o habitual.

“Foi a primeira vez que aquela pessoa entrou num espaço para ter uma consulta [de psicologia] e não se sentiu como uma doente.”

Catarina Gomes, co-diretora do Manicómio, espaço de criação artística e intervenção cultural para pessoas com doença mental, na freguesia do Beato, em Lisboa, lembra a história contada por uma das psicólogas da equipa da Consulta Sem Paredes, numa primeira sessão naquele local, durante o Campeonato do Mundo de Futebol, no ano passado. “Estava toda a gente a ver um jogo e, quando a consulta acabou, a nossa psicóloga, que estava com algum receio, contou-nos o que a pessoa lhe disse. E como isso foi importante para ela, apesar de todo o barulho e confusão à volta.”

A normalização da terapia e o combate ao estigma associado à doença mental são pilares desta iniciativa inovadora, criada no fim de 2019, ainda antes da pandemia. “Como muitas das nossas ideias e projetos, foi uma provocação ao sistema”, diz Catarina. “Questionámo-nos por que é que para ter uma consulta de psiquiatria ou psicologia temos de ir a um hospital ou um consultório que são espaços fechados, cinzentos e com muito estigma associado”.

Saúde Mental: reportagem no "Manicómio", um espaço de criação artística, em Lisboa, onde através da arte, dedicam-se à reinserção psicossocial e profissional de pessoas diagnostícadas com doenças mentais. Recentemente iníciaram um novo projeto chamado de Consulta sem Paredes, onde consultas de psicologia acontecemm em espaços abertos. 26 de Junho de 2023 Manicómio, Beato TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Depois do Beato, junto a Marvila, do MAAT, em Belém, e de Cascais, “a ideia é abrir novos núcleos a cada seis meses”, diz Catarina Gomes, co-diretora do projeto Manicómio

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Mas não só. As grandes listas de espera do setor público e os preços do setor privado, incomportáveis para muita gente, também levantaram questões. “Foi então que nos perguntámos por que não podíamos ter essas consultas com valores mais acessíveis, neste sítio tão bonito, sem listas de espera, num ambiente mais descontraído e numa relação mais horizontal e próxima entre o técnico e a pessoa. Com base nisso decidimos avançar com um projeto piloto para testar o conceito.”

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O que começou com um desafio dos fundadores do Manicómio ao psiquiatra João Costa Ribeiro e à terapeuta familiar Isabel Passarinho correu tão bem que a equipa foi crescendo. “Tínhamos alguns receios no início, sobretudo em relação à questão da privacidade, e por isso tivemos o projeto em teste durante cerca de dois anos, mas os nossos receios revelaram-se infundados”, diz a co-diretora do Manicómio. “Percebemos que as pessoas se sentiam seguras da sua privacidade. Chegámos aos dez técnicos de saúde mental aqui neste espaço, no Beato, entre psiquiatras, psicólogos, psicoterapeutas, terapeutas de casal, e decidimos escalar.”

Em outubro do ano passado, o projeto alargou-se para o MAAT  — Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia —, em Belém, e em abril de 2023 chegou à Casa dos Condes de Castro Guimarães, no concelho de Cascais. “A ideia é abrir novos núcleos a cada seis meses”, diz Catarina Gomes, revelando a intenção de criar uma rede de pequenos núcleos de técnicos de saúde mental espalhados pelo país e fora de Portugal com este conceito.

Saúde Mental: reportagem no "Manicómio", um espaço de criação artística, em Lisboa, onde através da arte, dedicam-se à reinserção psicossocial e profissional de pessoas diagnostícadas com doenças mentais. Recentemente iníciaram um novo projeto chamado de Consulta sem Paredes, onde consultas de psicologia acontecemm em espaços abertos. 26 de Junho de 2023 Manicómio, Beato TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

“Na terapia tradicional o espaço é estabelecido e é propriedade do terapeuta. Aqui é um chão comum”, diz a psicóloga Filipa Aniceto. “O terapeuta é visto como pessoa real no mundo real”

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

“Consultas sem paredes, sem gabinete, em espaço aberto, numa relação horizontal entre o técnico e a pessoa, em que os dois escolhem o local, em que todas as consultas custam 35 euros, não há lista de espera, não há sala de espera, não há bata, não há senhores doutores, não há utentes, não há doentes, não há rececionista”, explica a co-diretora do Manicómio, esclarecendo que, não havendo nada disso, há um processo terapêutico completamente normal. E, ainda que inserido num projeto em que a arte e criatividade são pedras essenciais, “não se trata de uma intervenção artística ou de um evento, mas de um acompanhamento regular, com a periodicidade e a duração acordada entre o técnico e a pessoa, dependendo do diagnóstico e das necessidades desta”.

A ausência de paredes e a informalidade do processo fazem a diferença. E revelaram-se um sucesso: entre 2022 e 2023, quase 400 pessoas recorreram à Consulta Sem Paredes, no espaço do Manicómio, no Beato, no MAAT, em Belém, ou na Casa dos Condes de Castro Guimarães, em Cascais.

As 577 consultas em 2021, ano em que se começou a fazer contagem, mais que duplicaram em 2022, chegando a 1.338. Em 2023 já vão em 1.196 consultas, entre psicologia, psiquiatria, psicoterapia e terapia familiar, dadas pelos 26 técnicos de saúde mental que colaboram com este projeto inovador nascido no seio de outro projeto inovador, o próprio Manicómio, espaço de criação artística fundado por Sandro Resende e José Azevedo (que morreu em 2021). Os artistas plásticos e professores com mais de vinte anos de experiência no Hospital Júlio de Matos, hoje Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, identificaram o objetivo de desconstruir estigmas e promover a criação artística, o trabalho e a inclusão das pessoas com doença mental.

Arte, criatividade e saúde mental

Os também responsáveis pelo P28, Associação de Desenvolvimento Criativo e Artístico, que nasceu do trabalho desenvolvido no Júlio de Matos com pessoas com doença mental na área da expressão e criação artística, avançaram para o Manicómio, num espaço de co-work no Beato, onde agregam artistas plásticos num coletivo que é o primeiro estúdio e galeria de arte bruta (livre de quaisquer correntes artísticas, geralmente produzida por pessoas com doença mental) e contemporânea em Portugal. A ideia é clara: desenvolver múltiplos projetos que cruzam arte, criatividade, transformação social e saúde mental. E o resultado está à vista.

Micaela Fikoff é uma das artistas plásticas residentes do Manicómio e acaba de ter uma sessão com a terapeuta Isabel Passarinho. Aproxima-se, ouve a história de Catarina Gomes sobre a consulta durante um jogo do Mundial e comenta que com ela acontece exatamente a mesma coisa. “Se fosse um consultório eu me sentiria muito pior”, diz, num português com sotaque do Brasil, o seu país.

“A ideia das consultas sem paredes surgiu como provocação, ao sistema, tal como muitas das nossas ideias e projetos. Questionámo-nos porque é que para ter uma consulta de psiquiatria ou psicologia temos de ir a um hospital ou um consultório que são espaços fechados, cinzentos e com muito estigma associado.”
Catarina Gomes, co-diretora do Manicómio

Isabel Passarinho tem o mesmo feedback das pessoas que acompanha. “Nas primeiras vezes pergunto sempre por esse aspeto e tenho muito esse retorno, sobretudo dos que são mais resistentes ao apoio psicológico ou sem experiência prévia de processo terapêutico. Dizem que o facto de não ser em consultório foi decisivo para aderirem às consultas.”

Isabel está com a Consulta Sem Paredes desde o início. Não hesitou quando foi desafiada e para isso contou a experiência que já trazia da Walk and Talk Therapy, terapia ao ar livre e na natureza muito comum nos Estados Unidos e no Reino Unido para tratar problemas relacionados com depressão, ansiedade e stress.

Saúde Mental: reportagem no "Manicómio", um espaço de criação artística, em Lisboa, onde através da arte, dedicam-se à reinserção psicossocial e profissional de pessoas diagnostícadas com doenças mentais. Recentemente iníciaram um novo projeto chamado de Consulta sem Paredes, onde consultas de psicologia acontecemm em espaços abertos. 26 de Junho de 2023 Manicómio, Beato TOMÁS SILVA/OBSERVADOR Saúde Mental: reportagem no "Manicómio", um espaço de criação artística, em Lisboa, onde através da arte, dedicam-se à reinserção psicossocial e profissional de pessoas diagnostícadas com doenças mentais. Recentemente iníciaram um novo projeto chamado de Consulta sem Paredes, onde consultas de psicologia acontecemm em espaços abertos. 26 de Junho de 2023 Manicómio, Beato TOMÁS SILVA/OBSERVADOR Saúde Mental: reportagem no "Manicómio", um espaço de criação artística, em Lisboa, onde através da arte, dedicam-se à reinserção psicossocial e profissional de pessoas diagnostícadas com doenças mentais. Recentemente iníciaram um novo projeto chamado de Consulta sem Paredes, onde consultas de psicologia acontecemm em espaços abertos. 26 de Junho de 2023 Manicómio, Beato TOMÁS SILVA/OBSERVADOR Saúde Mental: reportagem no "Manicómio", um espaço de criação artística, em Lisboa, onde através da arte, dedicam-se à reinserção psicossocial e profissional de pessoas diagnostícadas com doenças mentais. Recentemente iníciaram um novo projeto chamado de Consulta sem Paredes, onde consultas de psicologia acontecemm em espaços abertos. 26 de Junho de 2023 Manicómio, Beato TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Criatividade, transformação social e saúde mental: no Beato (Lisboa), o Manicómio agrega artistas plásticos com doença mental, num estúdio e galeria de arte bruta e contemporânea

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“Já estava familiarizada com consultas fora do setting tradicional. O que é fundamental aqui é o conforto do técnico e do cliente. Se não existir, não há aliança terapêutica que nos valha. Se isto de estar em espaço aberto, seja aqui, seja num museu ou ao ar livre, não for OK, a coisa não acontece”, explica Isabel, para quem as consultas no espaço do Beato foram sempre muito tranquilas, mas no MAAT já exigiram um processo de adaptação.

“Nos museus, tanto no MAAT como em Cascais, comecei por estar mais à vontade no exterior e só depois encontrei o meu conforto lá dentro. A partir do momento em que estamos todos confortáveis, cria-se uma espécie de bolha. Quando estou em conversa terapêutica, sinto uma coisa à volta que não é visível, mas que é muito real e o que se passa ao lado é como se não existisse.”

Saúde Mental: reportagem no "Manicómio", um espaço de criação artística, em Lisboa, onde através da arte, dedicam-se à reinserção psicossocial e profissional de pessoas diagnostícadas com doenças mentais. Recentemente iníciaram um novo projeto chamado de Consulta sem Paredes, onde consultas de psicologia acontecemm em espaços abertos. 26 de Junho de 2023 Manicómio, Beato TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

"Já tive sessões no consultório da Isabel [terapeuta familiar], mas sinto-me muito mais à vontade num lugar aberto", diz Micaela Fikoff. "A Consulta Sem Paredes é mais acolhedora".

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Micaela sente o mesmo e pensa que esse é o segredo, além da ligação que criou com a terapeuta, para a estabilidade e permanência no processo. “Já houve casos em que a consulta foi mais densa e eu chorei ou fiquei mais emocionada e ter gente à volta funcionou como proteção. Já tive consultas no consultório [de Isabel] mas sinto mais à vontade num lugar aberto. A Consulta Sem Paredes é mais acolhedora para mim do que uma sala, ajuda-me a elaborar melhor as ideias, sinto-me menos ameaçada.”

“Acho que melhorei bastante, mas é cíclico, com avanços e recuos. Quando comecei com a Isabel, não conseguia falar sobre as minhas questões e quebrar essa barreira foi um feito. Hoje sinto-me muito melhor”, diz a artista plástica, que tem depressão, nunca conseguiu manter-se tanto tempo em terapia e chegou a considerar abandonar esta. “Mas a Isabel não deixou” — riem as duas. “Ela soube como chegar até mim.”

Em 2022 houve 1338 consultas sem paredes. Em 2023 o número já vai em 1196. Só neste ano e meio foram acompanhadas — por 26 profissionais de saúde mental — quase 400 pessoas, entre psicologia, psiquiatria, psicoterapia e terapia familiar.

Em casal talvez seja ainda mais difícil, sobretudo num espaço público. É? Isabel Passarinho, que acompanha vários casais na Consulta Sem Paredes, garante que não. “Ainda hoje tive uma consulta de casal no meio de uma exposição no MAAT e correu muito bem. O ingrediente que usamos e que forma a bolha é a relação e a confiança. Se isto estiver lá, corre bem”, diz a terapeuta familiar.

Processo de descoberta

Também para a psicóloga Filipa Aniceto tem sido um processo de descoberta o trabalho com o Manicómio e a Consulta Sem Paredes. No projeto há cerca de um ano e meio, tem acompanhado o crescimento do conceito e crescido com ele também. “A ideia causou-me alguma estranheza no início, mas no meu contexto profissional — e também trabalhei em ambiente hospitalar — percebi que os contextos mais informais proporcionavam partilhas mais profundas e comecei a usar os espaços exteriores e outros fora do gabinete e a perceber também a importância de despir a bata branca.”

A literatura sobre terapia em espaços não convencionais, nomeadamente a Walk and Talk Therapy, abriu-lhe horizontes e facilitou a integração na equipa da Consulta Sem Paredes. “É enriquecedor participar num projeto que contribui para a mudança de paradigma na saúde mental, seja ao nível da equidade nos acessos aos cuidados ou ao nível da oferta de alternativas nas opções de terapia. Percebi que funcionava e, acima de tudo, que contribuía para combater o estigma associado à doença mental e para a normalização da terapia.”

“Ainda hoje tive uma consulta de casal no meio de uma exposição no MAAT”, diz a terapeuta Isabel Passarinho. “O ingrediente que usamos e que forma a bolha é a relação e a confiança”

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

O que tem constatado, ao longo deste ano e meio, é que a existência deste formato tem sido fundamental para muitas pessoas darem o passo de procurar apoio psicológico. “Requer coragem e muita gente associa o consultório a estigma e a doença mental, o que desperta receio, tensão, ansiedade, enquanto uma consulta num museu ou ao ar livre quebra barreiras. Estar num espaço aberto, frequentado por outras pessoas, tira peso à ideia de consulta. Aqui, a sala de espera são as escadas em frente ao rio ou ao mar ou a esplanada do museu e isso faz toda a diferença na procura de ajuda, na normalização.”

No fundo, trata-se de olhar para aquilo a que os especialistas chamam de benefícios psicofisiológicos, habitualmente associados a ambientes que transmitem conforto, segurança e bem-estar. E, relacionados com artes plásticas, despertam nos pacientes a criatividade, a reflexão e a diversidade de perspetivas.

“Na terapia tradicional, o espaço é estabelecido e é propriedade do terapeuta, mas aqui é um chão comum, que pode ser co-navegado e co-construído”, diz Filipa Aniceto. “Isto leva a uma relação mais humanizada e o terapeuta é visto como pessoa real no mundo real, sem hierarquias, ainda que esteja bem definido o papel de cada um.”

Diferentes diagnósticos, diferentes abordagens

Cátia Ramos, a frequentar o terceiro ano do internato de Psiquiatria no Centro Hospitalar de Setúbal, integrou recentemente a equipa. Há cerca de três meses no projeto, confessa que foi com algum nervosismo que deu as primeiras consultas com este conceito tão diferente daquele em se formou. Mas foi esse desafio que a atraiu ao projeto.

“A ideia das consultas sem paredes surgiu como provocação, ao sistema, tal como muitas das nossas ideias e projetos. Questionámo-nos porque é que para ter uma consulta de psiquiatria ou psicologia temos de ir a um hospital ou um consultório que são espaços fechados, cinzentos e com muito estigma associado.”
Catarina Gomes, co-diretora do Manicómio

“Na primeira consulta, optei por não levar computador. Era só eu, um bloco de notas, uma caneta e o paciente. Estava ali para ele, sem a defesa do computador, e foi muito interessante porque se cria um vínculo mais forte entre o médico e o doente”, diz a psiquiatra, que considera que este modelo tem a vantagem de abrir horizontes. “As pessoas não têm tanto pudor de falar de determinados assuntos, as temáticas alargam-se mais facilmente e as consultas ganham com isso”.

Não é por não existirem paredes que os procedimentos médicos são diferentes do que seriam se estas existissem, mas a sua ausência ajuda a desconstruir preconceitos e combater o estigma. “Se tiver de prescrever medicação, prescrevo. Esse também é um preconceito a desmistificar. Quando temos uma dor de cabeça, tomamos um analgésico, se a pessoa precisar de um medicamento não deve ter pudor de o usar. A psicofarmacologia evoluiu imenso e essa é uma das questões que também trabalho aqui”, explica Cátia Ramos, que acompanha pessoas com perturbação de ansiedade, depressão, doença bipolar, perturbação da hiperatividade e défice de atenção (PHDA) e perturbações do espetro do autismo.

Saúde Mental: reportagem no "Manicómio", um espaço de criação artística, em Lisboa, onde através da arte, dedicam-se à reinserção psicossocial e profissional de pessoas diagnostícadas com doenças mentais. Recentemente iníciaram um novo projeto chamado de Consulta sem Paredes, onde consultas de psicologia acontecemm em espaços abertos. 30 de Junho de 2023 Manicómio, Beato TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

“As pessoas não têm tanto pudor de falar de determinados assuntos", diz a psiquiatra Cátia Ramos. "As temáticas alargam-se mais facilmente e, portanto, as consultas ganham com isso”

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Cada diagnóstico exige, naturalmente, abordagens diferentes, ressalva a médica. Uma depressão ou uma perturbação da ansiedade implicam meses de acompanhamento e medicação. Se for uma doença crónica, como PHDA, perturbação bipolar ou espetro do autismo, já pressupõe um acompanhamento regular, mais frequente em períodos de descompensação e mais espaçado nos períodos de estabilidade.

Nestes três primeiros anos da Consulta Sem Paredes, o Manicómio optou por não fazer ainda avaliação de impacto estruturado, com o registo e contagem do tipo de diagnósticos anonimizados, mas Catarina Gomes adianta que a procura vem de pessoas com ansiedade, depressão, bipolaridade, esquizofrenia, perturbação borderline. “É um grande bouquet que representa a diversidade do que somos como humanos e para nós isto acaba por ser um statement: escolhemos ter um projeto em que as consultas não têm paredes e em que as doenças não são um estigma”.

Como agendar

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As Consultas sem Paredes custam 35 euros por sessão. Têm lugar no Manicómio, na Rua do Grilo, 135, Beato, no MAAT, em Belém, e na Casa dos Condes de Castro Guimarães, em Cascais (onde foi estabelecida uma parceria com a câmara municipal, que paga as consultas dos residentes no concelho que tenham rendimentos até ao 4.º escalão do IRS).

Para agendar uma consulta, basta enviar um email para consultas.beato@manicomio.pt ou consultas.maat@manicomio.pt ou consultas.cascais@manicomio.pt. A resposta poderá chegar em 48 horas e, depois de uma conversa inicial, o paciente é apresentado ao técnico de saúde mental indicado. A partir daí, toda a comunicação será feita diretamente com esse técnico.

Mental é uma secção do Observador dedicada exclusivamente a temas relacionados com a Saúde Mental. Resulta de uma parceria com a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) e com o Hospital da Luz e tem a colaboração do Colégio de Psiquiatria da Ordem dos Médicos e da Ordem dos Psicólogos Portugueses. É um conteúdo editorial completamente independente.

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