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Ensinar a aprender e aprender a ensinar

A paixão pela música aliada à engenharia deram origem a uma plataforma que permite criar música à medida de cada pessoa ou acontecimento. Estudar é, cada vez mais, aprender a pensar e empreender.

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“Perseguir algo que nos apaixone, independentemente do trabalho que der”, eis o lema de vida de Ricardo Espadinha, aluno do Instituto Superior Técnico (IST) a finalizar o Mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores. “Não me importo nada de chegar a casa fora de horas, esfomeado e a cair para o lado, durante vários anos, desde que seja com um sorriso na cara,” afirma a propósito da resiliência que se exige a qualquer aluno empreendedor.

Desde muito novo, sempre foi incentivado pelos Pais a fazer coisas diferentes, para além da escola. Passou pelo judo, ténis, teatro e pelos escuteiros, onde entrou como Lobito quando tinha apenas cinco anos de idade. Ricardo compreende hoje a importância daqueles tempos e explica que “o principal objetivo era que, logo desde tenra idade, pudesse aprender a conhecer-me, saindo da minha zona de conforto e não tendo medo de novas experiências.”

Esta ânsia por conhecer e perceber o mundo, aliada ao gosto pela matemática e pela física, permitiu desenvolver a paixão por resolver problemas, quer no âmbito académico, quer no âmbito do dia a dia. “Creio que isso é a essência de um engenheiro: o gosto genuíno por pensar e resolver problemas”, conta Ricardo Espadinha.

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“Aprender empreendedorismo é uma forma de aprender a ser um melhor ser humano.”
Ricardo Espadinha, aluno do IST e Coordenador das JEEC - Jornadas da Engenharia Eletrotécnica e de Computadores

Apaixonado por animação em geral, e pela japonesa (anime) em particular, revela também gosto pelo teatro, onde destaca “O Fantasma da Ópera” e “Os Miseráveis”. Gosta de conciliar os estudos em engenharia com artes analógicas, estando atualmente “numa relação” com uma máquina fotográfica totalmente mecânica.

Ricardo Espadinha  faz parte da equipa do projeto Vienna , uma solução inovadora que simboliza a junção de duas paixões: música e machine learning. A ideia venceu o Best E.Project Award by Santander,  com um prémio monetário no valor de 2000€, integrado no concurso E.Awards@Técnico com o apoio do Santander,  que visa apoiar e premiar os melhores projetos desenvolvidos nas Unidades Curriculares de Empreendedorismo. Com a plataforma já disponível online, agora é preciso divulgar  o serviço de criação de músicas originais, adequadas ao contexto emocional de cada cliente, para quaisquer utilizações, privadas ou comerciais, como vídeos ou estabelecimentos públicos.

Durante o semestre em que frequentou a Unidade Curricular de Empreendedorismo, Ricardo e os colegas da equipa Vienna foram recebendo excelentes feedbacks e inputs para o projeto. Quer por parte do professor José Epifânio da Franca, responsável pela unidade curricular, quer por parte das empresas contactadas.

Ricardo destaca a importância do apoio de instituições como o Banco Santander na promoção deste tipo de concursos: “Aproximou-nos de uma realidade muito semelhante a um pitch perante investidores reais e o prémio monetário representa o reconhecimento do que vai para além da nota de uma disciplina, o que é sempre muito reconfortante e motivador para continuar a perseguir a ideia.”

Envolvido em vários projetos dentro do IST, foi principalmente nos de associativismo que teve de aprender a lidar com a imprevisibilidade, pelo facto de trabalhar com muitas pessoas diferentes, cada uma com os seus objetivos, horários e personalidades.

Antes da pandemia, o projeto ao qual dava mais atenção eram as Jornadas de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, (JEEC) , sendo um dos coordenadores do evento que deveria ter acontecido em março de 2020.

Conta que o maior imprevisto foi, de longe, o adiamento das JEEC por causa da crise pandémica. “Tivemos ordem para não avançar com o evento a um par de dias do arranque, já com tudo preparado e uma tenda montada na Alameda do Técnico.”

Conseguir conciliar tudo o que o adiamento do evento implica, em termos das relações com os vários parceiros, viabilidades económicas, a própria interação com a equipa que levou um ano inteiro a trabalhar por esta causa, está a ainda ser, sem dúvida, um dos maiores desafios que alguma vez Ricardo e a sua equipa tiveram de enfrentar.

O aluno não tem dúvidas de que faz falta ensinar mais e melhor sobre empreendedorismo e explica que “há dois pilares quando se aborda o tema do empreendedorismo: saber pensar e saber interagir com outras pessoas. Creio que faz falta explorar mais ambas as vertentes dentro das universidades.

No que toca à interação com outras pessoas, o jovem empreendedor defende que “o trabalho em equipa já é fomentado através de projetos ou laboratórios, no entanto, as relações que se conseguem através de projetos de vertente mais empreendedora são muito mais completas do que apenas o trabalho em equipa.”

Os projetos têm muito mais coisas em jogo do que apenas uma nota, geralmente. Lidar com o stress, fadiga, interesses, ambições, sonhos, entre outras coisas num grupo, normalmente não muito grande, não é nada fácil” explica Ricardo.

Partilha um exercício de humildade e de autoconhecimento: “saber a diferença que só eu faço na equipa e reconhecer a dos outros elementos; saber discutir de uma maneira objetiva, com o intuito comum de chegar a uma conclusão viável e não apenas de impor a minha opinião; saber liderar e ser liderado em simultâneo.” Por tudo isto, Ricardo Espadinha defende que “a universidade deve servir para crescer, não só em conhecimento académico, mas principalmente como pessoa. E, nesse sentido, aprender empreendedorismo é uma forma de aprender a ser um melhor ser humano.”

Gosta de se envolver em vários projetos diferentes, em paralelo com o curso e considera isso fundamental para perceber bem o seu lugar no mundo e o que quer fazer no futuro. Contudo, por vezes, conciliar tudo de forma equilibrada pode ser complicado e, neste sentido, Ricardo Espadinha sublinha que, para tomar decisões, ajuda muito “ter um conjunto de valores pessoais muito bem definidos e agarrar-me a eles quando as opções que tomo parecem mais duvidosas ou incertas.”

A escola do futuro esteve, de novo, em análise no quarto debate da iniciativa “Hoje Conversas. Amanhã és Pro”, promovida pelo Observador com o apoio do Santander, desta vez sob o lema: “A melhor escola do mundo é a que ensina a aprender”.

Como habitualmente, a jornalista Laurinda Alves moderou o debate com Cristina Albuquerque, Vice-reitora da Universidade Coimbra, Pedro Santa-Clara, Professor Catedrático e Diretor da “Escola 42 – Lisboa”, e Rogério Colaço, Presidente do Instituto Superior Técnico, convidados desta quarta conversa virtual que pode ver (ou rever) aqui .

Aprender a aprender

“Aprender a ensinar, aprender a aprender e ensinar a aprender” são verbo que formam o puzzle usado pela jornalista Laurinda Alves na abertura da conversa sobre novas metodologias de ensino e aprendizagem.

Seis meses depois do início do confinamento, o regresso às aulas está na ordem do dia. Em Coimbra, na Universidade mais antiga do país, Cristina Albuquerque defende que aquele puzzle corresponde aos pilares de uma universidade responsável, que se preocupa com a formação do cidadão integral.

Para a vice-reitora, o mais importante é perceber como o Ensino Superior pode adaptar-se a estes novos desafios. “Foi de uma grande exigência conseguir encontrar as melhores vias para não colocar em causa o percurso dos alunos,” acrescentando que o papel que pode mudar é a representação do professor, “ já não é o referencial do saber único, e cada vez mais um dinamizador que ajuda a construir pensamento crítico que ajuda os alunos a aprender a aprender”. A propósito da formação de professores em metodologias ativas, Cristina Albuquerque salienta a importância dos prémios Santander UC de inovação pedagógica, falando das inúmeras candidaturas dos professores que são estímulo para outros colegas.

“A criatividade, cooperação, comunicação e a meta-competência aprender a aprender é a skill mais importante para o futuro.”
Pedro Santa-Clara, Professor Catedrático e Diretor da “Escola 42 - Lisboa

“Temos ferramentas e mecanismos em preparação para introduzir um conjunto de dinâmicas novas, usamos plataformas virtuais e temos formação transversal em que há unidades curriculares que permitem aos estudantes desenvolver outras abordagens”, referiu a vice-reitora, para quem “o grande desafio é, de facto, o da avaliação porque ainda nos centramos muito na penalização do erro.”

“Ensinar a aprender é o grande desafio dos professores”, referiu Rogério Colaço, acrescentando que “o melhor que podemos dar em qualquer nível é dar as ferramentas para eles aprenderem a aprender ou seja ensiná-los a aprender.”

Os professores tiveram de reaprender, num espaço muito curto, novas formas de ensinar e também os alunos tiveram de reaprender a sua forma de aprender a aprender.

O presidente do IST sublinha que esta crise “coloca-nos perante aquilo que é o melhor de nós, a capacidade extraordinária de professores e alunos de readaptarmos os processos de ensino e aprendizagem.”

Ao fim de 46 anos de escola, o presidente do IST defende que a presença física é indispensável a eficiência da transmissão do conhecimento. Recorda os cursos a distância (CEAC) e defende que “a aprendizagem presencial e o contacto emocional são inultrapassáveis.”

“O ensino deve mudar de “objetivos” para “resultados de aprendizagem”, salientou o Engenheiro, “o professor é alguém que conduz o aluno até ele obter o resultado da sua aprendizagem. É preciso reduzir a rigidez do percurso e permitir ao aluno desenhar o seu perfil de acordo com aquilo que mais lhe interessa.

O IST tem, atualmente, 12 mil alunos em tipos de formação diferentes que exigem respostas diferentes e adaptadas. Rogério Colaço recordou que “o ensino massificado permitiu neste momento das pessoas 35% entre os 20 e os 30 anos estão no ensino superior e isso é graças ao ensino massificado.”

O rigor e a justiça também são muito importantes na motivação dos alunos.

“Do ponto de vista da avaliação, há uma componente que tem a ver com a comparabilidade do esforço dos alunos. Isso é feito com boas avaliações e, quando as avaliações são feitas de forma menos rigorosa os alunos sentem-se injustiçados isso é muito desmotivador”, alertou.

““O ensino deve mudar de “objetivos” para “resultados de aprendizagem””
Rogério Colaço, Presidente do Instituto Superior Técnico

“Hoje todas as entidades que têm como função formar pessoas, bem como a grande maioria das Universidades, têm conselhos estratégicos onde estão representantes dos empregadores e entidades da sociedade civil,” permitindo adaptar as formações em termos de flexibilidade e de competências, concluiu o presidente do Técnico. Uma transformação que veio de dentro para fora, um acordar das universidades para se abrirem às necessidades do meio envolvente.

“Um aluno de 1290, quando abriu a Universidade de Coimbra, se viesse hoje à universidade iria reconhecer muito do ambiente em que esteve”, observou Pedro Santa-Clara. Atualmente pode haver mais tecnologia disponível, mas o formato não mudou. E para o Diretor da “Escola 42 – Lisboa”, um professor em frente a uma turma de várias dezenas de alunos, que depois tem de fazer projetos ou exames, corresponde a um modelo incrivelmente ineficiente.

“A taxa de retenção de conhecimento numa aula tradicional é de 5 a 10%, em 90 minutos, ao passo que numa aula produzida e filmada com um guião, bem feito, faz em 15 minutos o que numa aula tradicional leva 80,” realçou o professor catedrático.

A essência do ensino tradicional é a linha de montagem, série de alunos a aprender a mesma coisa,  todos ao mesmo tempo e ao mesmo ritmo. Mas a crise pandémica obrigou à adaptação de contingência e quebrou barreiras mentais à adoção de tecnologias de aprendizagem à distância na educação. Competências como “a criatividade, cooperação, comunicação e a meta-competência aprender a aprender é a skill mais importante  para o futuro,” destacou Pedro Santa-Clara.

“A criatividade, cooperação, comunicação e a meta-competência aprender a aprender é a skill mais importante para o futuro.”
Pedro Santa-Clara, Professor Catedrático e Diretor da “Escola 42 - Lisboa

A Escola 42 surgiu há sete anos e teve a vantagem de poder pensar de raíz qual a forma ótima de aprender. “Não há aulas, não há horários, está aberta 24 horas por dia”. Existe uma plataforma de aprendizagem desenvolvida por uma equipa pedagógica que coloca sequências de desafios progressivamente mais complexas, que levam os alunos a ter de aprender o que necessitam para os resolver, trabalhando uns com os outros. Inclui elementos de gamificação que estimulam os alunos que são integralmente responsáveis pelo cumprimento de objetivos. Além disso é gratuita, o que a torna desde logo inclusiva e acessível, sendo suportada por um conjunto de mecenas. “A essência do método pedagógico é que  somos todos professores e alunos simultaneamente resolver desafios coletivamente”, explicou o professor responsável pela Escola 42-Lisboa.

Ensinar e aprender a reaprender, neste novo mundo que vai continuar a adaptar-se ao novo coronavírus, são boas práticas que encontramos no tecido universitário do país, aqui representado por três modelos de excelência: a Universidade de Coimbra, a clássica a modernizar-se, o IST, um colosso a inovar e a Escola 42, a disruptiva.

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