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David Cameron Continues His Cabinet Reshuffle
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Três meses depois de se demitir por força de várias polémicas e por pressão dentro do seu partido, Boris Johnson está a ensaiar o regresso a Downing Street

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Três meses depois de se demitir por força de várias polémicas e por pressão dentro do seu partido, Boris Johnson está a ensaiar o regresso a Downing Street

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"Hasta la vista, baby"? O comeback de Boris Johnson divide conservadores

"Catastrófico" ou "entusiasmante"? A candidatura praticamente certa de Boris Johnson está a dividir os conservadores. Apoio entre tories preocupa Mordaunt e Sunak, que querem ex-PM já fora de jogo.

“Quero agradecer a todos. E hasta la vista, baby.” Foi assim que Boris Johnson terminou, em meados de julho, a sua última intervenção na Câmara dos Comuns enquanto primeiro-ministro britânico. A expressão, popularizada pelo ator Arnold Schwarzenegger, parecia mais uma profecia de um eventual regresso — mas quase ninguém acreditaria na altura que se poderia materializar tão cedo.

Três meses depois de se demitir por conta de várias polémicas e por pressão dentro do seu partido, Boris Johnson está a ensaiar o regresso a Downing Street. Apanhado desprevenido numas férias na República Dominicana (apesar de o ano parlamentar ainda estar a meio) pela demissão de Liz Truss, o ex-primeiro-ministro inglês não terá hesitado em entrar na corrida para suceder àquela que foi um dia uma das suas governantes mais leais, que poderá, ironia do destino, tornar-se simultaneamente a sua sucessora e antecessora.

Apesar de publicamente Boris Johnson manter o silêncio e ainda não se ter pronunciado sobre o assunto, a candidatura afigura-se praticamente como certa, algo comprovado por aqueles que o apoiam. De acordo com fontes ouvidas pelo Telegraph, mais de 50 parlamentares já manifestaram interesse em apoiar o ex-primeiro-ministro, que deverá regressar das Caraíbas este sábado de manhã.

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As casas de apostas consolidam o estatuto de Boris Johnson como um dos preferidos para suceder a Liz Truss. Aquele que deverá ser o seu principal adversário (e com o qual já teve desavenças no passado), Rishi Sunak, continua a ser o favorito — mas o ex-primeiro-ministro está a morder-lhe os calcanhares.

Perante as notícias que dão como certo que Boris Johnson está na corrida para suceder a Liz Truss, o Partido Conservador divide-se. Enquanto uns realçam o “grande entusiasmo” que a candidatura do ex-primeiro-ministro está a gerar, outros falam num cenário “absolutamente catastrófico” se o ex-primeiro-ministro voltar a Downing Street.

E não são só alguns tories que estão apreensivos face ao regresso de Boris Johnson — a oposição e alguns líderes regionais também estão. O terceiro maior partido na Câmara dos Comuns, os Liberais Democratas, estão a tentar aprovar uma moção para evitar que o ex-primeiro-ministro volte a assumir o cargo. Fora de Inglaterra — por exemplo na Escócia — preveem-se mesmo “ondas de choque”.

Os apoios de que Boris precisa para chegar novamente a Downing Street (e as jogadas para o afastar)

Para o ex-primeiro-ministro britânico voltar ao cargo, é necessário garantir o apoio de pelo menos 100 deputados da bancada conservadora (de 363). Citado pelo Guardian, Tim Montgomerie, fundador de website ConservativeHome e ex-conselheiro do ex-chefe de governo, disse acreditar que Boris Johnson obterá 140 votos — mais que suficientes para passar à segunda ronda.

Caso Rishi Sunak e a terceira candidata — Penny Mordaunt, líder da Câmara dos Comuns, a primeira a formalizar uma candidatura — não consigam angariar mais de 100 apoios (o que é extremamente improvável, pelo menos para o ex-ministro das Finanças), Boris Johnson seria declarado vencedor já na segunda-feira. Ainda assim, o cenário mais plausível consiste numa segunda volta — entre Boris e Sunak.

Tim Montgomerie explica que, apesar dos episódios que mancharam a imagem do ex-primeiro-ministro, “Boris Johnson continua a ser muito popular” entre os tories. “Rishi Sunak, o outro nome para assumir o cargo, é muito menos popular”, apontou, não se atrevendo a fazer nenhuma “previsão”. Contudo, destacou que o regresso de Boris Johnson é “uma possibilidade bastante provável”.

The Conservative Party Wins The Hartlepool By-Election

Boris Johnson continua a ser popular entre os tories

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O diretor associado da empresa de sondagens YouGov, Patrick English, concorda. Em declarações à BBC, indica que os conservadores procuram “alguém que possa providenciar unidade e relançar o partido para competir novamente” com o Partido Trabalhista. Ora, Boris Johnson parece, para muitos tories, ser a pessoa ideal para o fazer, já que venceu as últimas eleições de 2019 com maioria absoluta.

“Se se pergunta aos membros quem será [o próximo primeiro-ministro], será Boris Johnson”, vincou Patrick English, que vaticina que, caso haja duas rondas (a primeira votada exclusivamente por deputados, a segunda por todos os conservadores), o ex-líder será reeleito. Isto porque, apesar de Rishi Sunak ser o favorito entre os parlamentares, a história altera-se quando todos os tories podem votar.

Aliás, a hipótese de evitar que o ex-primeiro-ministro consiga superar a primeira ronda é aquela que mais seduz Rishi Sunak e Penny Mordaunt. De acordo com o Telegraph, as duas candidataras estão a “tentar manter Boris fora do duelo final”.

“Se ele chega [à votação] dos membros, temos um problema”, afirmou um deputado aliado de Sunak ao Telegraph, descrevendo que o “objetivo do fim de semana” é colocar Boris Johnson já fora de jogo, convencendo os parlamentares a não votar nele e a optarem ou por Rishi Sunak, ou por Penny Mordaunt.

Conservative leadership bid

Rishi Sunak e Penny Mordaunt querem eliminar Boris na primeira ronda

PA Images via Getty Images

Porém, a tarefa não se avizinha fácil. Segundo relatos na imprensa britânica, o próprio ex-primeiro-ministro está “entusiasmado” com a ideia e está a ligar pessoalmente aos deputados para assegurar o seu apoio. Christopher Chope, amigo de Boris Johnson, revelou à Sky News a ideia por detrás do regresso do ex-líder: o de voltar como um “salvador do país e do Partido Conservador”. “É uma grande tónica”, comentou.

Um aliado do ex-primeiro-minsitro comentou também ao Telegraph que, se os tories “estão a falar a sério quando dizem que querem ganhar em 2024”, terão de ter alguém “que tem experiência a fazer campanha”. Os conservadores “precisam de alguém que dê luta ao Partido Trabalhista”, considera a mesma fonte, apontando que Boris Johnson é o único que conseguirá fazê-lo.

Por mais estranho que possa parecer, ter o apoio de Boris Johnson é uma das hipóteses estudadas pela candidatura de Rishi Sunak, que estará a pensar em oferecer-lhe a pasta do Ministério do Interior. Resta saber se o ex-primeiro-ministro aceita o lugar.

Conservadores divididos sobre apoio Boris Johnson

Rei morto, rei posto. Poucas horas após Liz Truss se ter demitido, os primeiros apoiantes de Boris Johnson começaram a anunciar que votariam nele numa disputa entre os candidatos conservadores. O primeiro foi Jacob Rees-Mogg, atual secretário de Estado da Estratégia Negocial, Estratégia e Industrial. “Estou a trazer de volta Boris” era o lema a que se juntou uma hashtag e até uma página do Twitter para o efeito.

“Apoio Boris Johnson — o homem com o mandato do povo britânico. Ele nunca deveria ter sido removido em primeiro lugar”, apelou, por sua vez, o deputado Edward Leigh. Nas últimas horas, o ex-primeiro-ministro ganhou um apoio de peso: o do atual ministro da Defesa, Ben Wallace, que pôs um ponto final aos rumores que davam conta de que se candidataria. “Estou inclinado para votar em Boris”, assinalou.

Um tory comentou ao Telegraph que existem vários grupos de WhatsApp, principalmente compostos por membros que não são deputados, que estão mobilizados para voltar a levar Boris Johnson até Downing Street: “O entusiasmo deles é algo que nunca vi antes.” Além disso, Rishi Sunak nunca seria aceite por esses conservadores: “É sem dúvida talentoso, mas o pensamento de apoiar alguém cujos apoiantes tiraram dois líderes do poder no espaço de dois meses é demasiado para alguns”.

Pelo contrário, também existem vozes que manifestam insatisfação com o regresso de Boris Johnson. Corre o rumor de que 12 deputados sairão do partido, alguns ameaçando inclusive com o voto nos trabalhistas. De acordo com o Guardian, o ex-primeiro-ministro é descrito, no seio dos conservadores que não o apoiam, como “eleitoralmente tóxico”, “perigoso para a democracia” e a “arma secreta do Partido Trabalhista”.

O ministro de Estado do Gabinete dos Negócios Estrangeiros, da Commonwealth e do Desenvolvimento, Jesse Norman juntou-se ao rol de críticas, escrevendo na sua conta pessoal do Twitter que “existem muitos candidatos potencialmente muito bons”. No entanto, “escolher Boris seria uma decisão absolutamente catastrófica”.

Já o deputado veterano Roger Gale também ameaçou sair do partido caso Boris Johnson seja reeleito. E chamou à atenção para um problema: “Precisamos de nos lembrar de que o senhor Johnson ainda está sob investigação pelo Comité de Privilégios Comuns por ter alegadamente enganado a Câmara de Comuns. Até essa investigação estar concluída e até quando ele for declarado culpado ou absolvido, não deveria haver possibilidade de ele regressar ao governo”.

"Precisamos de nos lembrar que o senhor Johnson ainda está sob investigação pelo Comité de Privilégios Comuns por ter alegadamente enganado a Câmara de Comuns. Até essa investigação estar concluída e até quando ele for declarado culpado ou absolvido, não deveria haver possibilidade de ele regressar ao governo"
Roger Gale, deputado conservador

Os escândalos de Boris e a possível curta longevidade do seu mandato

O ponto de vista de Roger Gale relaciona-se com investigação que está a ser realizada sobre as festas durante a pandemia em Downing Street. O partygate ainda não está encerrado e Boris Johnson ainda poderá sofrer consequências do escândalo.

O canal de televisão itv avança mesmo que Boris Johnson, caso for eleito, poderá sair do cargo pelo Natal. Se o inquérito concluir que o ex-primeiro-ministro tentou abafar os escândalos, poderá ficar com o mandato suspenso na Câmara dos Comuns — quer seja deputado, quer seja primeiro-ministro.

Isto levaria Boris Johnson a abdicar do cargo, prolongando-se a crise política e obrigando os conservadores a escolher um novo primeiro-ministro. “O facto de ele estar a concorrer enquanto está sob investigação é vergonhoso. Dificilmente, trará a estabilidade e a unidade que está a pedir”, salientou um membro dos conservadores à itv.

Downing Street partygate

O relatório que culpa Boris Johnson durante as festas na pandemia

PA Images via Getty Images

Os próximos dias trarão novidades sobre o futuro político de Boris Johnson. Terão sido apenas umas férias do cargo, ou terá o ex-primeiro-ministro cancelado as férias nas Caraíbas para nada?

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