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A igualdade de oportunidades é a senha de entrada para o “elevador” da mobilidade social.
A educação e o acesso ao ensino superior são a garantia de que o talento é potencializado.
É com a missão de ajudar a concretizar sonhos, que a Bolsa Universitária de Mérito Apifarma será lançada no próximo ano letivo.
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Getty Images/iStockphoto

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Oportunidades que chegam a todos

Cristiano Ronaldo ou José Saramago, que se tornaram conhecidos do mundo em áreas tão distintas como o futebol e a literatura, são exemplos de vida, personificam histórias que mais do que românticas são reais. O talento é inegável, mas o que admira e nos faz refletir é como foram capazes de remar contra a maré num mundo que tinha tão pouco para oferecer?

Sejam quais forem os motivos, subiram no “elevador social”, expressão utilizada no estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) intitulado “Elevador social estragado: Como promover a mobilidade social?” (2018). Mas são a exceção e não a regra. A análise da OCDE indica isso mesmo: os que estão na base continuam colados ao chão, porque o elevador social avariou.

A Dinamarca é o país com mais mobilidade social na UE
Fonte: The Global Social Mobility Index 2020 rankings – Fórum Económico Mundial e OCDE

Em Portugal, pode demorar cerca de cinco gerações para que as crianças nascidas em famílias da parte baixa da distribuição de rendimento alcancem o rendimento médio do país. No que se refere ao tipo de ocupação profissional, as desigualdades tornam-se mais evidentes: 55% dos filhos de trabalhadores manuais tornam-se eles próprios trabalhadores manuais, enquanto a média da OCDE é de 37%. Já os filhos de profissionais em posições de chefia têm cinco vezes mais oportunidades de subir a posições de chefia do que os filhos de trabalhadores manuais.

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Em Portugal os mais pobres chegam à renda média em 5 gerações
Fonte: The Global Social Mobility Index 2020 rankings – Fórum Económico Mundial e OCDE

De que forma o futuro social e económico de alguém é moldado pelas suas origens? Esta é uma questão complexa, dinâmica e multidimensional. Os fatores socioeconómicos combinam-se com o género, raça, etnia, entre outros, de forma a agravar desvantagens. Esta conjugação prejudica não só os indivíduos como a própria sociedade, porque quanto mais eficiente for uma economia em adequar postos de trabalhos aos que têm maior potencial para desempenhá-los maior será a produção económica, alerta o Fórum Económico Mundial, no relatório de 2020 sobre mobilidade social global.

De acordo com a média da OCDE, os mais pobres chegam à renda média em 4,5 gerações.

Fonte: The Global Social Mobility Index 2020 rankings – Fórum Económico Mundial e OCDE

“Talento é 1% inspiração e 99% transpiração”

Quebrar padrões e “apanhar” o elevador social, em direção a condições de vida e rendimentos mais vantajosos, não é tarefa fácil como se pode constar pelas estatísticas da OCDE. Mas qual será o segredo de quem subiu na vida a pulso? Não é só de “génio” que se fazem os grandes homens, aliás como escreveu Thomas Edison “o talento é 1% inspiração e 99% transpiração”. Para alcançar objetivos, o esforço e as oportunidades educativas são incontornáveis. “O investimento na educação é sempre um dos melhores investimentos que podemos fazer e, neste caso, instituições investirem em bolsas, permitindo que mais jovens cheguem ao nível de ensino superior e desenvolverem-se a si próprios, é o melhor tipo de investimento que se pode fazer”, afirma Afonso Raposo, estudante do Instituto Superior Técnico, um dos entrevistados no vídeo de divulgação da Bolsa Universitária de Mérito Apifarma.

De acordo com os dados analisados pela Fundação José Neves, um jovem licenciado ganhava em 2022 mais 27% do que quem tenha concluído o ensino secundário, embora com a inflação esta diferença tenha encurtado. Em 2011, o salário do licenciado era 50% superior. As desigualdades sociais estão igualmente presentes no acesso ao Ensino Superior, mesmo que o sistema tenha sido estruturado para corresponder ao princípio do mérito de cada um, ou seja, as notas que o estudante alcança. Mas afinal quem consegue as classificações mais altas? O estudo “A equidade no acesso ao Ensino Superior” (2019), promovido pela EDULOG, conclui que os alunos mais pobres não conseguem entrar nos cursos que exigem notas mais altas e acabam por estudar sobretudo nos institutos politécnicos. Por exemplo, a mesma análise, indica que 73% dos estudantes de Medicina são filhos de pais e mães que concluíram o ensino superior.

2

Gerações é o tempo que os mais pobres demoram a chegar à renda média na Dinamarca.

24

Posição de Portugal no ranking da mobilidade social.

27 %

Percentagem que um licenciado ganha mais do que um jovem com ensino secundário.

Para que, independentemente do estrato social ou do nível educacional dos pais, possa existir um acesso justo a uma educação de qualidade, verdadeiramente baseada na meritocracia, é necessário não só talento e trabalho árduo individual, mas também que a sociedade como um todo, do Estado ao setor privado, possa empenhar-se em combater a discriminação e promover acesso a oportunidades iguais de acesso ao ensino superior e a melhores empregos.

No elevador social… Conheça as histórias

José Saramago

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O escritor José Saramago nasceu em 1922 numa aldeia pobre de Portugal. “Nasci numa família de camponeses sem terra, em Azinhaga, uma pequena povoação situada na província do Ribatejo”. Aos dois anos partiu para Lisboa com os pais que procuravam melhores condições de vida, mas manteve fortes laços com a terra que o viu nascer. “O homem mais sábio que conheci não sabia ler nem escrever”, evocou Saramago sobre o avô a 7 de dezembro de 1998, na Academia Sueca, no dia em que recebeu o Prémio Nobel da Literatura. O jovem Saramago teve de abandonar os estudos no liceu Gil Vicente para se formar num curso técnico e começar a trabalhar como serralheiro-mecânico. Nesta época começou a frequentar a biblioteca pública do Palácio de Galveias. “E foi aí, sem ajudas nem conselhos, apenas guiado pela curiosidade e pela vontade de aprender, que o meu gosto pela leitura se desenvolveu e apurou”, afirmou. Aos 25 anos publicou o primeiro livro, mas só 19 anos volvidos voltou com “Os Poemas Possíveis” (1966). Antes de chegar aos jornais, trabalhou como empregado administrativo, depois na editora “Estúdios de Cor” e dedicou-se a trabalhos de tradução e crítica literária. Só após a saída do Diário de Notícias, onde chegou a diretor-adjunto entre abril e novembro de 1975, no calor da revolução, dedicou-se à literatura a tempo inteiro. Autor de mais de 40 títulos, recebeu em 1995 o Prémio Camões e os seus livros foram publicados um pouco por todo o mundo, do Azerbaijão à República Dominicana, da Argentina aos Estados Unidos, do Japão a Moçambique, só para citar alguns exemplos.

Rui Nabeiro

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O empresário Rui Nabeiro nasceu em 1931, em Campo Maior, uma vila do Alto Alentejo. Começou a trabalhar aos 12 anos numa pequena mercearia da qual a sua família era proprietária, para ajudar na torra do café. E foi aqui que tudo começou, “numa altura em que o contrabando era atividade que matava a fome das gentes da raia”, como afirmou em entrevista ao Jornal de Negócios, em 2004. Aos 17 anos, quando o pai morreu, assumiu a liderança e começou a fomentar a venda do café em Espanha. A proximidade da fronteira transformou-se numa oportunidade de crescimento económico e a vila que o viu nascer beneficiou da atitude visionária de um homem que se tornou num dos maiores empresários de Portugal, do Alentejo para o mundo, criando um conjunto de empresas hoje com milhares de trabalhadores, com destaque para a famosa Delta Cafés. O Presidente da República Mário Soares atribuiu-lhe o grau de Comendador da Ordem Civil do Mérito Agrícola, Industrial e Comercial – Classe Industrial (1995), reconhecendo o mérito empresarial de Rui Nabeiro e o contributo para o desenvolvimento da região. Mais tarde, foi distinguido como Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (2006) e as condecorações chegaram também do país vizinho. Por indicação do Rei de Espanha, foi honrado com “A Comenda da Ordem de Isabel a Católica”. Na Praça de Campo Maior encontra-se também uma estátua erguida em sua homenagem. Acreditaria o jovem que começou a ajudar os pais na torra do café que algo assim poderia acontecer?

Cristiano Ronaldo

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A história de vida do futebolista é sobejamente conhecida, da família pobre em que nasceu no Funchal, na ilha da Madeira, no ano de 1985, às dificuldades longe de casa nos tempos iniciais no Sporting Clube Portugal, em Lisboa, para onde se transferiu com 12 anos. Mas quando o tema é a mobilidade social e a capacidade de virar o jogo Cristiano Ronaldo não poderia ficar de fora. No Manchester United e Real Madrid venceu tudo o que podia: Campeonato, Taça, Supertaça, Liga dos Campeões e Bota de Ouro. Na Juventus, atingiu os 770 golos em jogos oficiais com os três que marcou contra o Gagliari, ultrapassando Péle. Cristiano Ronaldo é o primeiro jogador a chegar aos 100 golos na Liga dos Campeões e arrecada cinco Bolas de Ouro. Tem também o recorde de único jogador a marcar em cinco mundiais consecutivos. O avançado português tornou-se um dos jogadores mais caros da história do futebol, uma “máquina de fazer golos”. Em 2014, o Presidente da República Cavaco Silva atribui-lhe o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique para “distinguir um símbolo de Portugal em todo o mundo, que contribui para a projeção do país e um exemplo de tenacidade para as novas gerações.”

Bolsa Universitária de Mérito Apifarma: Q&A

A Bolsa Universitária de Mérito é uma iniciativa da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma) com a colaboração institucional do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas.

1. Qual é o objetivo?

Promover a igualdade de oportunidades no acesso ao ensino superior público a alunos com mérito académico, mas que tenham recursos económicos reduzidos.

2. Quem se pode candidatar?

Estudantes de nacionalidade portuguesa que terminem o ensino secundário em Portugal e se inscrevam pela primeira vez no ensino superior público universitário num curso do ciclo de estudos de formação inicial (1.º ciclo e mestrado integrado) de qualquer área.

3. Quantas bolsas vão ser atribuídas e qual o valor?

A bolsa tem o valor de seis mil euros por ano letivo, sendo atribuída anualmente a dez estudantes.

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4. Quem pode concorrer?

Os estudantes que reúnam cumulativamente nota de candidatura ao Ensino Universitário igual ou Superior aos 17 valores e que pertençam a um agregado cujo rendimento ilíquido anual do ano anterior seja inferior a 24 vezes o indexante de apoios sociais em vigor no início do ano letivo, acrescido do valor da propina anualmente fixada pelo curso.

5. Onde concorrer?

A candidatura é efetuada online no site da Apifarma.

Quanto maior for a mobilidade na sociedade mais justiça e igualdade está presente na estrutura social, permitindo que todos tenham acesso a educação de qualidade e a melhores oportunidades de emprego, independentemente das suas origens familiares.

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