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ILUSTRAÇÃO: ANA MARTINGO
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Os vencedores, os vencidos e o amuado

No III Congresso do Chega houve quem acabasse reforçado, quem acabasse dispensado, quem acabasse embaraçado e quem acabasse amuado. Fazemos a lista de quem ganhou e de quem perdeu.

Vencedores

André Ventura

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

O líder do Chega afastou quem quis afastar — incluindo fundadores do partido — e elegeu quem quis eleger. Com uma exceção: gostaria de ter visto Manuel Matias à frente da Mesa do Congresso, mas o lugar continuará a ser ocupado por Luís Graça. De resto, a lista de Ventura para a Direção Nacional venceu com larga maioria e a lista que apoiava (sem apoiar) para o Conselho de Jurisdição Nacional também venceu com larga maioria (e Rui Rio bem lhe poderia explicar como é importante controlar esse órgão). Além disso, André Ventura queria mostrar ao partido e ao país que continua a atuar com “radicalismo” — e o líder do PSD fez-lhe o favor de recusar, em cima da hora, mandar uma delegação social-democrata à cerimónia de encerramento do Congresso. Para quem tinha dúvidas (e ninguém tinha dúvidas), ficou abundantemente demonstrado que André Ventura é um sinónimo de Chega. Por alguma razão a sala das Caves de Coimbra, onde se realizou o Congresso, estava forrada com imagens do líder do partido.

Diogo Pacheco Amorim

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

O “ideólogo” do partido mostrou mais uma vez que o seu poder é discreto mas eficaz. Foi ele o mentor da vassourada nas vice-presidências do partido, que afastou Nuno Afonso e José Dias. O próprio Pacheco de Amorim também passa de vice a vogal, mas há uma diferença: enquanto Nuno Afonso e José Dias perdem o cargo depois de perderem a influência, Pacheco Amorim perde o cargo precisamente porque mantém a influência. Para quem tivesse dúvidas, em declarações ao Observador, explicou de forma clarinha aquilo que se passou: “Pareceu-me que seria útil que o meu lugar ficasse à disposição para que pudesse haver uma rotação. No partido podemos ser úteis de muitas formas e não necessariamente neste cargo”. E mostrou que a ruptura a que se assistiu neste Congresso foi até desejada: “Há turbulências saudáveis e turbulências pouco saudáveis. Esta parece-me saudável”.

Luís Graça

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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

André Ventura tentou tirar o tapete a Luís Graça e permitiu que Manuel Matias, o antigo presidente do Partido Pró-Vida — absorvido pelo Chega no final de 2020 — avançasse para uma candidatura ao cargo de quem gere os trabalhos do órgão máximo do partido. Foi uma luta difícil: a primeira votação para a Mesa do Congreesso este domingo deu em empate (180-180) entre as duas listas e teve de ser repetida. Apesar de enfrentar uma segunda votação e de ter do outro lado alguém com o apoio oficioso de Ventura, o atual presidente da Mesa do Congresso aguentou-se e foi reeleito no cargo. Graça é desde logo um vencedor por ser capaz de algo inédito no partido: provocar um revés a André Ventura. Isto apesar de a gestão dos trabalhos não lhe ter corrido propriamente bem e de ter estado na mira de uma boa parte dos delegados por não deixar que todas as moções fossem apresentadas em palco.

Pedro Frazão

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

O médico-veterinário só entrou para a direção em setembro e, oito meses depois, é o único membro da anterior direção que foi promovido a vice-presidente. É dos dirigentes nacionais mais ativos nas redes sociais e — quando Ventura foi suspenso provisoriamente do Twitter por escrever que Eduardo Cabrita deveria ser decapitado — também acabou suspenso, uma vez que retweetou a mensagem de Ventura.

É supranumerário do Opus Dei, mas deu garantias públicas em setembro que a entrada na direção nada teve a ver com a prelatura. Ainda assim, não se livrou que houvesse uma moção ao Congresso (que acabou chumbada), que defendia que o Chega não deve ser um partido democrata-cristão e que devia ser travada a influência do Opus Dei. Frazão define esta “missão” no Chega como um “acto libérrimo de emancipação pessoal, iniciativa particular e autodeterminação individual”. Ventura parece estar a gostar e isso é sempre sinónimo de promoção.

Rita Matias

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Não subiu a vice-presidente, ao contrário do que chegou a circular nos bastidores do partido, mas manteve-se na direção e já todos a vão reconhecendo como um dos rostos do partido. É vogal da direção ao lado de pesos-pesados como Diogo Pacheco Amorim ou Nuno Afonso, mesmo que não tenha o mesmo estatuto. A Juventude do Chega já tem luz verde para avançar e Rita Matias sai do Congresso na pole position para liderar a organização juvenil. No último dia, o domingo de gala, foi dos poucos dirigentes do partido que subiu ao palco e coube-lhe a ela fazer de anfitriã das figuras internacionais, incluindo o cabeça-de-cartaz, Matteo Salvini. Continua a crescer no partido e, desde que continue nas boas graças de Ventura, tem tudo para que o rumor (de ser vice-presidente) se materialize mais tarde. Já tem também, no entanto, inimigos no partido. A ala que contesta a crescente influência dos Pró-Vida vai continuar a visar a família Matias — acusada de uma espécie de familygate — mas esta tem o apoio mais importante: o de Ventura.

Vencidos

Nuno Afonso

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Entrou no Congresso como vice-presidente do partido; como coordenador autárquico; como candidato a Sintra, uma das câmaras mais importantes do país; como fundador do Chega; e como “amigo há 20 anos de André Ventura”, de quem é politicamente próximo há muito, quando ambos andavam no PSD. Sai do Congresso como mero vogal da direção. Nuno Afonso passou da penthouse do partido para o rés-do-chão sem perceber muito bem como. Poucas horas antes de André Ventura oficializar a sua humilhante despromoção, Nuno Afonso dizia ao Observador que, caso isso acontecesse, “ficaria magoado”. Quando discursou na noite de sábado, além de “magoado”, disse sentir-se “apunhalado”. Mesmo sentindo esse punhal nas costas, aceitou continuar. Nuno Afonso jura que não defende um Chega moderado, que fosse uma simples cópia do PSD ou do CDS, mas André Ventura apresentou a sua queda na hierarquia do partido como a demonstração definitiva de que pretende manter o Chega “com o mesmo radicalismo de sempre, doa a quem doer”.

Manuel Matias

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

O antigo presidente do Partido Pró-Vida continua a fazer parte do grupo de confiança de André Ventura, mas acaba o Congresso como começou: sem nenhum cargo. Tentou ter aquele que é o segundo cargo mais importante, o de presidente da Mesa do Congresso, mas falhou. Ainda tentou um último movimento para vencer — ao querer adiar a votação mais tarde — mas o Congresso não foi na conversa. Além disso, Manuel Matias esteve metido em conflitos nas batalhas de bastidores que chegaram a ter uma luta mais pública no palco do Congresso — entre aqueles que não querem uma deriva democrata-cristã do partido e um ex-dirigente do PPV, próximo de Matias. Foi um mau Congresso para Matias.

José Dias

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

O até aqui vice-presidente do Chega perdeu em toda a linha no III Congresso do Chega. Foi o único vice-presidente afastado que não foi convidado a continuar na direção como vogal. Tanto Pacheco Amorim como Nuno Afonso mantiveram-se na direção nacional. José Dias não só saltou, como André Ventura nem lhe “explicou o porquê” da saída. Ao aperceber-se que estava fora, avançou para o Conselho de Jurisdição contra a lista apoiada pelo líder (a B, de Rodrigo Taxa, que é assessor da Ventura no Parlamento). Mas perdeu. José Dias mantém-se apenas como candidato do Chega à câmara da Amadora, mas essa é uma tarefa muito difícil, já que André Ventura não se cansa de elogiar a sua adversária Suzana Garcia e até disse esta semana ao Observador que ela “mais tarde que cedo irá acabar no Chega”. José Dias não podia sair mais fragilizado de Coimbra, já que o todo-poderoso líder não o tratou como militante n.º 14 e fundador do partido.

O amuado

Rui Rio

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Logo no seu primeiro discurso no Congresso, André Ventura referiu-se a Rui Rio como o “muito mau líder do PSD”. Seguir-se-iam outras referências pouco simpáticas, como a de que o PSD é “um servente” do poder que está “submisso” ao PS. Mas o mais importante não é aquilo que André Ventura disse — é aquilo que Rui Rio ouviu. E o que Rio ouviu foi uma “teatralização política” que ultrapassou “a decência e o bom senso”. Por isso, aqueles que iriam ser os representantes do PSD na cerimónia de encerramento do Congresso do Chega tiveram de voltar para trás. Os social-democratas emitiram um comunicado a assegurar que o partido é “livre para escolher a resposta que entende como mais adequada às opções seguidas pelos seus adversários”. Desta forma, Rui Rio tornou-se um dos protagonistas do congresso do Chega — quer quisesse, quer não.

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