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Octavio Passos/Observador

Octavio Passos/Observador

"Passava uma, duas vezes e sinalizava a vítima". Suspeito de violações em Guimarães escolhia mulheres até aos 30 anos e ameaçava-as com faca

Suspeito circulava sempre na mesma zona, passava várias vezes pelo mesmo sítio para identificar vítima, não tapava a cara e agora foi reconhecido pelas vítimas. Todas as mulheres têm menos de 30 anos.

As queixas por violação e agressão em Guimarães começaram a chegar à Polícia Judiciária em 2021. A primeira parecia tratar-se de um caso isolado — crime que pode ser considerado como um “facto de oportunidade”, explicou ao Observador fonte da PJ –, já que agressor e vítima não têm qualquer tipo de relação, nem se conhecem. Mas passou um ano e chegou uma nova queixa. A partir daí, as histórias de adolescentes e jovens com menos de 30 anos vítimas de violação e agressão começaram a repetir-se com mais regularidade. Começaram então a desenhar-se linhas comuns: circulava sempre na mesma área, no centro histórico de Guimarães, só abordava adolescentes e mulheres jovens e recorria à violência para as obrigar a práticas sexuais.

O suspeito das diversas violações não escolhia uma hora específica para cometer os crimes, nem tinha um local definido para procurar as vítimas, que depois de escolhidas eram ameaçadas com uma faca. Nem sequer se importava se estas estavam acompanhadas ou não — em alguns casos ameaçava os namorados, que fugiam em busca de socorro.

O homem de 33 anos suspeito dos crimes — que vive com a namorada está integrado socialmente — foi detido esta terça-feira, em Guimarães, por suspeitas dos crimes de agressão e de violação e acabou por ficar em prisão preventiva depois do primeiro interrogatório. Uma das coisas que mais tem chamado a atenção da investigação é a ausência de um padrão nos seus comportamentos — uma característica que tornou, aliás, o trabalho da Polícia Judiciária mais difícil. Neste momento, o número de vítimas não está fechado — podem surgir mais queixas depois da detenção e esta polícia pode também chegar à conclusão de que outros casos semelhantes que já investigou podem estar relacionados com o mesmo agressor.

"Em alguns casos existiu mais violência, noutros casos existiu menos violência. Ainda não está totalmente apurado por que razão exercia mais violência em alguns casos do noutros", explicou fonte ligada ao processo.

A faca andava sempre consigo, mas nem sempre a utilizava para ameaçar as vítimas. “Em alguns casos existiu mais violência, noutros casos existiu menos violência. Ainda não está totalmente apurado por que razão exercia mais violência em alguns casos do que noutros”, explicou fonte ligada ao processo, que acrescentou que, a partir do momento em que foi identificado o modus operandi, este caso passou a ser a prioridade.

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Suspeito de várias violações no centro de Guimarães fica em prisão preventiva

As vítimas acompanhadas acabavam sempre por ficar sozinhas

Um dos próximos passos da investigação passará por uma avaliação à personalidade do suspeito, para que possa ser possível traçar um perfil psicológico. No entanto, há, para já, um traço de comportamento que é possível determinar: “Por regra, circulava dentro da área onde ocorreram estes factos, passava uma, duas, três vezes e sinalizava a vítima. Depois, com recurso a uma faca, reagia com bastante violência sobre a vítima, ameaçava-a e obrigava-a à prática de atos, quer de natureza sexual, quer de crimes contra o património, como a apropriação de bens”.

A última vez que este homem agrediu física e sexualmente uma mulher foi na semana passada, durante a madrugada de terça-feira, e tal como já tinha acontecido antes, a jovem de 21 anos estava na rua, acompanhada pelo namorado, praticamente da mesma idade. O suspeito passou pelo casal de carro, várias vezes, estacionou, saiu do carro e foi ter com os dois jovens. “De seguida, empunhando uma faca, ameaçou diretamente o elemento masculino, levando a que este se afastasse do local”, refere a PJ em comunicado.

"Por regra, circulava dentro da área onde ocorreram estes factos, passava uma, duas, três vezes e sinalizava a vítima. Depois, com recurso a uma faca, reagia com bastante violência sobre a vítima, ameaçava-a e obrigava-a à prática de atos, quer de natureza sexual, quer de crimes contra o património, como a apropriação de bens"
Fonta da PJ

Quando o namorado estava já fora do ângulo de visão da jovem e do agressor, este acabou por ameaçá-la com a mesma faca. Levou-a para uma estreita rua adjacente, “onde, num local mais escondido, acabou por, com recurso à força e agressão física, praticar contactos e atos sexuais de relevo com ela”, explica fonte da investigação.

Noutros casos anteriores, as jovens também estavam acompanhadas, mas acabavam sempre por ficar sozinhas. Como explicou mais tarde fonte da PJ, quem as acompanhava era geralmente também ameaçado e acabava por fugir para pedir ajuda. “Era através da agressividade que levava as pessoas a fugir. Sendo mais novos, amedrontavam-se com mais facilidade”, acrescentou.

Mulheres identificaram o suspeito depois da detenção

Há ainda outro traço comum: este homem nunca tapava a cara. Nada impedia que as vítimas conseguissem ver o seu rosto. Mas, na realidade, isso não facilitou o trabalho dos inspetores da PJ, que tentavam encontrar o autor destes crimes há mais de meio ano. “O que acontece é muito traumático. Muitas vezes, as pessoas não conseguem fixar a cara do agressor, é difícil recordar características do suspeito, quer do vestuário, quer das circunstâncias, sendo certo que depois conseguem fazer reconhecimento”, explicou fonte da PJ.

Apesar dos poucos elementos que conseguiram através dos depoimentos das primeiras vítimas, foram feitos retratos robô do suspeito, que não chegaram a ser divulgados, já que a investigação conseguiu chegar à sua identidade, sem ser necessário divulgar nas páginas desta polícia ou nos órgãos de comunicação social.

Mas não foi graças aos retratos feitos nesta polícia que os inspetores conseguiram chegar ao suspeito. Aliás, a identidade do homem que está agora detido só foi descoberta na semana passada, depois de o último caso — que aconteceu durante a madrugada do dia 22 de agosto — ter sido conhecido. “Neste último caso foram apurados factos que trouxeram bastantes elementos à investigação”, revelou fonte ligada ao processo.

A identidade do homem que está agora detido só foi descoberta na semana passada, depois de o último caso -- que aconteceu durante a madrugada do dia 22 de agosto -- ter sido conhecido. "Neste último caso foram apurados factos que trouxeram bastantes elementos à investigação". 

Outro tipo de prova recolhida durante este tipo de crimes é a prova de ADN, que permite depois confirmar a identidade do suspeito, mas também não terá sido com recurso à prova biológica que este homem foi identificado, já que os seus dados não faziam parte da base de dados de perfis de ADN, confirmou o Observador, apesar de ter já cadastro.

As hipóteses para obter provas, no entanto, não se esgotam facilmente e, para chegar ao momento da detenção, foi preciso ver ainda as imagens captadas pelas câmaras de vigilância que existem naquela zona. Nas ruas onde cometeu os crimes, não existiam câmaras, mas era possível ver as movimentações de quem passava pelas imediações. E a última vítima terá dado detalhes suficientes para que o homem fosse identificado. Além disso, circulava sempre por aquela zona. “Antes tínhamos informações, mas informações dispersas prestadas pelas vítimas, pelos familiares e por várias outras pessoas que foram abordadas. Eram informações vagas.”

Polícia Judiciária diz que a população de Guimarães pode descansar depois de detido suspeito de violações

A descrição feita pela última vítima correspondia então ao perfil de um homem que costumava circular por aquela zona e que tinha, na verdade, uma vida que não fazia, à partida, soar as campainhas de alerta — vivia com a namorada e trabalhava numa estação de tratamento de resíduos. Estava “social e profissionalmente integrado”, descreve a PJ. Mas tem antecedentes. Aliás, os antecedentes criminais estão relacionados com crimes de natureza sexual, mas este homem nunca constou na lista dos possíveis suspeitos durante a investigação, uma vez que o crime em questão é mais antigo.

Detido e antes de ser presente a juiz para primeiro interrogatório, ainda foi dado mais um passo na investigação: o reconhecimento facial, em que as vítimas olharam para o homem e confirmaram que aquela seria a pessoa que tentaram descrever nos últimos meses.

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