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"Dots Obsession", de Yayoi Kusama, vai poder ser visitada entre março e outubro em Serralves

AFP via Getty Images

"Dots Obsession", de Yayoi Kusama, vai poder ser visitada entre março e outubro em Serralves

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Um roteiro para as exposições a visitar nos próximos meses, em Portugal e lá fora

Fotografia e cartoon, coches e desenho, galerias e grandes instituições públicas. E as propostas das metrópoles europeias. Uma panorâmica pelas propostas já em agenda para 2024.

Uma nota prévia: cada vez que se trata de preparar uma antevisão das exposições nos museus públicos portugueses, é certo e sabido que a informação a conceder pelo Ministério da Cultura não está organizada e que os serviços de comunicação da Direcção-Geral do Património Cultural vão demorar a recolhê-la e a certificá-la. Desta vez, é ainda pior. Com a anunciada — em finais de junho — extinção da DGPC e a criação duma nova tutela, os diretores dos museus e monumentos nacionais foram notificados para nada revelarem da sua programação para 2024, aguardando as deliberações do novo organismo, em plenas funções a partir de 2 de janeiro. Mas como essa transição está a ser feita sobre o joelho e no mais descabelado deus-dará — como nas Comemorações Camonianas, o ministro Pedro Adão e Silva esteve uma vez mais irresponsavelmente distraído, sem chamar a si o controlo do bom andamento desse processo reestruturante, que é, todavia, uma das suas principais “bandeiras” —, as incertezas quanto ao futuro próximo sucedem-se umas às outras, com um efeito de dominó rápido que fará derrubar ainda mais a confiança dos caturras mal pagos que quotidianamente dão a cara pelas instituições que dirigem, sem autonomia financeira e outra, e do público em geral, sobretudo aquele que acompanha o dinamismo europeu e internacional que faz de excelentes exposições temporárias nos grandes museus um reconhecido fator de curiosidade e ilustração, estrangeira e nacional, e traz benefícios diretos para as respetivas comunidades escolares.

A verdade é que, três semanas depois de instaurado o novo organismo tutelar e de ter sido posto no éter o seu website (visualmente simpático, não há que duvidar, tanto mais que o da DGPC não deixa saudades…), nele não consta — ainda — uma única informação sobre quaisquer exposições de 2024, em 38 entidades tuteladas. Do mesmo modo, a programação expositiva das comemorações da Revolução de 1974 — que certamente marcarão o ano — tão-pouco foi ainda dada a conhecer, e tudo o que se sabe é à boca pequena, por contacto pessoal com artistas e outros envolvidos. E estamos já a escassos três meses da data histórica…

Entretanto, convém ter em mente que uma exposição temporária é sempre, qualquer que seja, um processo complexo e demorado (implica investigação, curadoria, mecenato — quando há —, contratos, pessoas, transportes, museografia, montagem, edição e impressão dum catálogo, etc.), algo, portanto, que não se faz do pé para a mão e merece respeito, pelo que esta rédea curta imposta lá de cima é a completa negação de instituições verdadeiramente maduras e ágeis, capazes de se afirmarem como protagonistas da cena cultural e de manterem círculos de visitantes fiéis, atentos e curiosos. Oito anos de drásticas cativações orçamentais que não podem ser tornadas públicas mas delapidam em contínuo os meios e os modos dos museus e monumentos nacionais, são — continuam a ser — uma tenaz muito apertada para instituições a que cumpre dar prova do nosso património cultural ou da nossa criação artística moderna e contemporânea. Boa parte do que se faz depende em exclusivo de apoios mecenáticos, aliás circunscritos a meia dúzia de instituições. Em fevereiro e março, durante a campanha eleitoral, a inoperância funcional do Ministério da Cultura estará mais do que nunca à vista de todos, pelo que a denúncia deste indigente estado das coisas não deixará de ser feita nesse contexto, desde que alguém se disponha a dar-lhe a devida importância…

Em Portugal

A Fundação de Serralves celebra em 2024 o seu 35.º aniversário e os 25 anos do seu museu de arte contemporânea com uma programação extensa e variada, mas a efeméride não podia ser melhor festejada do que com uma extensa retrospetiva da exuberante japonesa Yayoi Kusama, entre março e outubro, com mais de 200 obras, algumas das quais espalhadas pelo parque. O novo Museu de Arte Contemporânea/CCB, que tem exposições em cartaz até finais de abril, nada diz ainda sobre o que terá a seguir. O Museu do Design e da Moda tão-pouco divulga ainda o que vai apresentar com a reabertura da sua sede, ainda em data incerta, após sete anos de obras de reabilitação. E a Fundação Calouste Gulbenkian, que traz uma retrospetiva de Cruz-Filipe a partir de 23 de fevereiro, Modo de Ver, e em junho-setembro — com particular oportunidade — apresenta no átrio da sua Biblioteca de Arte, Os Arménios e Jerusalém, com “documentos de arquivo recentemente encontrados relativos à construção da Biblioteca Gulbenkian no Patriarcado Arménio e às ligações de Calouste Gulbenkian à cidade, nos anos 1930”, adiou para o outono a inauguração do renovado Centro de Arte Moderna, onde haverá, entre outras, uma exposição sobre Fernando Lemos e o Japão.

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Peças da exposição "não ria. O humor é um assunto muito sério. 100 anos de SAM", que é inaugurada dia 31 de janeiro no Museu Bordalo Pinheiro, em Lisboa, 29 de janeiro de 2024. (ACOMPANHA TEXTO DE 31-01-2024) JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA GettyImages-1269345160

SAM no Museu da Cidade, em Lisboa; Yayoi Kusama em Serralves, no Porto

JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

No Museu Nacional dos Coches, até 30 de abril decorre uma exposição que merece visita: a história da campanha liderada pela rainha D. Amélia em solidariedade com as famílias dos cerca de 100 pescadores náufragos ao largo de Aveiro em 1892, com a realização no Real Hipódromo de Belém, em Lisboa — e apenas dois meses depois do desastre —, de um torneio hípico a que assistiram cerca de 30 mil pessoas, o que ajudou a criar um fundo assistencial que duraria até 1918. Memórias da Praia da Corte: D. Luís e D. Maria Pia em Cascais fica até 25 de fevereiro no Palácio da Cidadela de Cascais, mostrando fotografias, documentação e vestuária do tempo em que a vila piscatória lhes ficou a dever a afirmação como “capital do lazer em Portugal e o seu mais exuberante período de crescimento”. Na Fundação Eugénio de Almeida — justificando plenamente uma viagem a Évora — está patente até 25 de fevereiro No Tempo dos Dias Lentos: casa e parque de Santa Gertrudes, uma exposição com ensaios fotográficos de Rita Barros, Paulo Catrica e Virgílio Ferreira, comissariada por Susana Lourenço Marques que faz a história do espaço urbano hoje plenamente ocupado pela Fundação Gulbenkian, em Lisboa, que outrora foi jardim zoológico, hipódromo, velódromo e base de balonismo.

Na Biblioteca Nacional, até 29 de março, pode ser vista a exposição 100 anos de revistas de banda desenhada em Portugal, a pretexto do centenário do ABC-zinho, revista quinzenal criada em 1921 por Cottinelli Telmo, Stuart Carvalhais, Emmerico Nunes, entre outros. Vale sobretudo pela grande quantidade de espécimens expostos, pois, além de uma cenografia muito precária sobre um espaço desproporcionado (sem, por exemplo, o génio dum António Viana, que tão boas provas tem dado, como a recente Os Loucos Anos 20), falta-lhe também a indispensável contextualização biográfica dos artistas do lápis e das empresas editoriais.

Luís Ramos na Casa da Cultura, Setúbal; Miguel Navas na Galeria Monumental, Lisboa

Aveiro capital portuguesa da cultura 2024 inaugurou a 26 de janeiro a exposição Sal de Aveiro, Sal do Mundo, no Museu da Cidade, com documentos inéditos e objetos raros, entre os quais o testamento da Condessa de Portucale, Mumadona Dias (900-968 d.C.), que certifica a existência do povoado e da salicultura da região. No Museu da Póvoa do Varzim, a partir de 16 de março, haverá De vila a cidade: 50 imagens de 100 anos de história (c. 1873 a 1973), com gravura, pintura e fotografia, uma exposição que complementa o número anual do Boletim Municipal dedicado ao mesmo tema. No Barreiro, no Centro Cultural Augusto Cabrita, celebra-se o centenário do nascimento do fotógrafo e cinegrafista com uma grande exposição — 130 fotografias e documentação variada — patente até 16 de março. Sob o título de Não Ria. O humor é um assunto muito sério, assinalando o centenário do nascimento do artista, o Museu Bordalo Pinheiro, ao Campo Grande, em Lisboa, recorda a figura de SAM — Samuel Azavey Torres de Carvalho (1924-1993) — com uma exposição dividida em duas partes, até 19 de maio, com cartoons, colagens, esculturas e filmes.

Outro centenário em justificada celebração é o do arquiteto e artista plástico multifacetado Fernando Lanhas (1923-2012), que tem obra exposta até 3 de março no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, e um programa paralelo que se desdobra no Centro de Artes Visuais, de Coimbra, e em atividades da Fundação Marques da Silva, do Porto, que conserva o seu espólio. Na Fundação Júlio Resende, e com parceria da mesma fundação portuense, de Fernando Távora, um outro centenário, apresenta-se até 30 de abril Desenho de Viagem, que mostra registos dos anos 60 a 90 feitos pelo arquiteto em países tão diferenciados como Estados Unidos, México, Tailândia, Líbano, Grécia, Itália, Índia, Brasil e Peru. No Atelier-Museu Júlio Pomar, em Lisboa, o diálogo entre obras do pintor portuense e novos artistas é retomado a partir de 30 de janeiro (e até 26 de maio), com a participação do coletivo Osso. Na Galeria Monumental, ao Campo de Santana em Lisboa, Miguel Navas expõe Auto-retratos e Paisagem (pintura e desenho) até 17 de fevereiro. Ainda assim, a grande novidade da época será, sem dúvida, a exposição sobre João Abel Manta comissariada por Pedro Piedade Marques para a Câmara Municipal de Oeiras, e que terá lugar no Palácio dos Anjos, em Algés.

Luís Pavão, no Palácio Pimenta. No Porto, o desenho de Fernando Távora na Fundação Júlio Resende

Luís Pavão

No Palácio Pimenta, Museu da Cidade de Lisboa, permanece até 28 de abril a exposição Manuel Teixeira Gomes entre Lisboa e Bejaia, dedicada ao escritor de Portimão que foi incauto Presidente da República, cujo centenário de investidura foi pretexto para esta revisitação da sua obra e coleção de arte, parcialmente doado ao município da capital. Ali perto, na Biblioteca Nacional, é o centenário de Maria de Lourdes Belchior a motivar uma exposição que decorre até 30 de março.

No mesmo museu do Campo Grande, abre a 1 de fevereiro a exposição do fotógrafo Luís Pavão, Lisboa Frágil, com trabalhos de 1980 a 2000 que retratam uma cidade em transformação acelerada. Uma mostra a ver em complemento à intitulada O Cerco de Lisboa que, no Arquivo Municipal Fotográfico, na Rua da Palma, e até 2 de março, reúne sete fotógrafos — entre os quais Augusto Brázio, Paulo Catrica e Valter Vinagre — sobre os “invisíveis” e a periferia da cidade atual, talvez até mesmo confrontando-as com Margem Sul, do fotógrafo Luís Ramos, com curadoria de Rui Prata, patente até fim de fevereiro na Casa da Cultura, em Setúbal (galeria João Paulo Cotrim, com horário generoso, diria mesmo exemplar: até às 24h de terça a sábado, e às 22 h, aos domingos). Na sede de Abreu Advogados (Avenida Infante Dom Henrique, 26), merecendo visita — sujeita a marcação pelo telefone 21 723 1800 — até 29 de fevereiro, Pedro Lobo, fotógrafo brasileiro há muito residente em Portugal, apresenta, a convite do Carpe Diem Arte e Pesquisa, uma série fotográfica de paisagens e elementos naturais do Brasil, França, Reino Unido e Portugal, que reflete a sua inquietação filosófica com o antropoceno. No Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, abriu a 27 de janeiro Factum, com 170 fotografias de Eduardo Gageiro (1935-), escolhidas dos anos 50 à atualidade, com catálogo desenhado por Pedro Falcão.

Em Lisboa: Maria Lamas, na Gulbenkian; Eduardo Gageiro, na Cordoaria

Ainda no campo fotográfico, um bom acontecimento terá certamente lugar no átrio da Biblioteca de Arte da Fundação Gulbenkian, desde 26 de janeiro: As Mulheres de Maria Lamas, exposição evocativa do conhecido foto-livro em fascículos As Mulheres do Meu País, orquestrada com peculiar empenho pessoal por Jorge Calado. O catálogo, desenhado por Inês Sena, traz ensaios de Jorge Calado, Alexandre Pomar e Raquel Henriques da Silva. Atenção também a Netsuke de Albano Silva Pereira (1950-), no Pavilhão Branco do Museu da Cidade, em Lisboa (e até 31 de março), representando duas décadas de viagens ao Japão e também alguns objetos e talismãs nipónicos da sua coleção. No Centro Português de Fotografia (Cadeia da Relação, Porto), é dada a conhecer, até 11 de fevereiro, uma síntese da obra — 5000 imagens, um espólio à sua guarda — de Manuel Pinheiro da Rocha (1893-1973), celebrado alfaiate portuense com atelier paredes-meias com o estúdio de Domingos Alvão. No Centro de Arte Oliva, em São João da Madeira, fica até 12 de Maio A Revolução na Noite, sob curadoria de Ana Anacleto, agregando obras da coleção Norlinda e José Lima, da coleção Millenium BCP e da coleção Treger Saint Silvestre. A antológica do açoriano Urbano (1959-), até 24 de fevereiro no Arquipélago — Centro de Artes Contemporâneas, da Ribeira Grande, em São Miguel, merece ser visitada, um pintor com 40 anos de trabalhos, muito provavelmente desconhecidos em boa parte do país. Quando o país deixou de beneficiar — um módico que fosse — de um roteiro internacional de exposições relevantes, a mobilidade interna do melhor que se vai fazendo entre nós também parece estar posta de lado.

Lá fora

Basta ir a Espanha para se perceber a distância que nos separa de tudo aquilo. A 17 de janeiro, comissariada por Carles Guerra, inaugurou El curso de los acontecimentos. Un atlas de la colección Foto Colectania, em Barcelona, 160 0bras entre as 3000 da moderna fotografia ibérica, em que constam Helena Almeida, Jorge Molder e Gérard Castello-Lopes. Madrid — como é sabido — fala por si. A Biblioteca Nacional dedica, a partir de 5 de julho (já anunciada…), Carmen de Burgos (1867-1932), dita Colombine: La modernización de España, uma exposição sobre a “grande polígrafa” que também viveu entre nós e aqui criou relações com os modernistas dos anos 20, António Ferro à cabeça deles. No mesmo edifício, de 8 de fevereiro a 12 de maio, a BNE mostra a sua coleção de manuscritos e livros persas recolhidos por monarcas e governos de Espanha desde o século XV ao XIX, após exaustiva campanha de catalogação e análise.

O centenário de Joaquín Sorolla é celebrado no seu próprio museu com a exposição Viajar para pintar. Otra visión de España, que vai até 31 de março. O velho Circulo de Belas Artes, entre 29 de fevereiro e 5 de maio, retoma a audaciosa história da parceria entre Isabel Steva Hernández (dita Colita) e María Aurèlia Capmany, fotógrafa e escritora, autoras em 1977 de Antifémina, o “primeiro livro gráfico abertamente feminista na época da Transição”, só reeditado em 2021. O Museo do Prado apresenta, a partir de 30 de abril (até 8 de setembro), El Prado en femenino. Promotoras artísticas de las colecciones del Museo (1602-1700), continuação dum itinerário historiográfico, que agora dá destaque à rainha Cristina da Suécia, a quem se deve a melhor parte da escultura clássica do Museu e alguns quadros de Dürer.

Foto Colectania em Barcelona e Lotte Lasertein no Museu de Arte Moderna de Estocolmo

Apenas alguns quarteirões adiante, de 27 de fevereiro a 2 de junho, no Museo Thyssen é dada a conhecer a obra de Isabel Quintanilla (1938-2017), uma centena de obras desta pintora realista e intimista muito pouco vistas em Espanha, mas admirada na Alemanha nos anos 70-80. Em novembro apresentará a primeira retrospetiva espanhola da pintora expressionista alemã Gabriele Münter (1877-1962), uma mostra que vem do Leopold Museum, em Viena (onde está até 18 de fevereiro) e depois vai para o Musée d’Art Moderne de Paris. O mesmo museu madrileno apresentará entretanto — e sem pausas além do estritamente necessário —, de 25 de junho a 20 de outubro, seguindo à letra e à risca o revisionismo historiográfico dominante, La mirada descentrada: arte y colonialismo en las colecciones Thyssen-Bornemisza. Haverá sempre visitantes que preferirão os quadros às interpretações woke dos mesmos…

O Guggenheim de Bilbao apresenta, entre 7 de junho e 22 de setembro, uma retrospetiva da austríaca Martha Jungwirth (1940-), e 40 trabalhos de Giovanni Anselmo, um dos membros do movimento da Arte Povera, falecido o ano passado. Em Alicante, por ocasião do centenário do artista local, o IVAM Centre Julio González exibe [Eusebio] Sempere in París (1949-1960), de 14 de março a 9 de junho, acentuando as suas múltiplas relações nesse meio artístico internacional

Também o Museu de Arte Moderna de Estocolmo vem recuperar, até 14 de abril, a obra duma pintora realista, a judia alemã Lotte Lasertein (1898-1993), ali exilada, depois de exposições havidas em Berlim e Frankfurt. A Beyeler Foundation, de Basileia, integra um périplo internacional que tudo faz pelo resgaste da obra do quase desconhecido pintor georgiano Niko Pirosmani (1862–1918), apresentado-o até 28 deste mês, com catálogo de 200 pp. e 84 imagens. O museu Collection de l’Art Brut de Lausanne traz, de 8 de março a 1 de setembro, uma retrospetiva da obra e do arquivo de Magall Herrera (1914-92), artista uruguaia que criou intensa relação epistolar com Jean Dubuffet desde 1967. A memória do nosso João Hogan (1914-88) é que continua a desinteressar os historiadores e os museus portugueses, embora muitos quadros seus continuem a aparecer nos leilões de arte…

Uma viagem a Paris é justificada apenas pela grande exposição Brancusi no Centre Pompidou, de 27 de março a 1 de julho: 200 esculturas, fotografias, desenhos, filmes e documentos de arquivo, ferramentas e mobiliário do estúdio do artista nascido na Roménia em 1876. Entre 28 de fevereiro e 26 de agosto, o mesmo centro apresenta a obra da húngara Vera Molnár (1924-2023), parisiense desde 1947, “pioneira da arte computacional” que expôs retrospetivamente em Nova Iorque em 2015. Uma outra viagem entre o final de março e o início de julho permitirá entrar no Musée d’Orsay para ver Paris 1874: inventer l’Impressionisme, exposição festiva dos 150 anos daquela outra que abriu novos rumos à arte fora dos Salões. Fica simbolicamente até 14 de julho e depois viaja até à norte-americana National Gallery, onde pode ser vista entre setembro e janeiro de 2025. Até 14 de abril ainda se apanha no Petit Palais Modern Paris 1905-1925, que ali se segue a outras exposições de grande síntese histórica dedicadas aos períodos 1815-58 e c. 1900. Na Ópera, decorre até 5 de abril uma exposição fotográfica e documental sobre o bailarino Rudolf Noureev, assinalando os 30 anos da sua morte também com a reposição de obras que o notabilizaram: Dom Quixote em março e O Lago dos Cisnes em junho e julho. Pelo menos para alguns, o grande atrativo parisiense será mesmo a retrospetiva Rothko, na Fondation Louis Vuitton, que até 2 de abril (bilhetes até 32 €) reúne 115 quadros de coleções institucionais americanas e inglesas, privadas e da família do artista falecido em 1970. E a bela Biblioteca François Mitterrand apresenta — de 19 de março a 23 de junho — La France sous Leurs Yeux: 200 regards de photographes sur les années 2020, uma galeria de 500 imagens como resultado duma encomenda do Ministério da Cultura a 200 fotojornalistas nacionais e estrangeiros para registo da saída da França da crise sanitária do Covid-19. O Museé des Arts Décoratifs da capital francesa dá atenção à obra do escultor e desenhador Henry Cros (1840-1907), de 6 de março a 26 de maio.

A coleção de Elton John e David Furnish no Victoria & Albert, em Londres; e Rothko na fundação Louis Vuitton

Em Londres, a oferta não desce de patamar. O British Museum estende até 11 de fevereiro a mostra — “sem precedentes” (sic) — Burma to Myanmar, revisitando 1500 anos de história e arte, a influência inglesa naquele território asiático e a sua atualidade. A National Gallery mostra, de 6 de junho a 1 de setembro, Discover Degas & Miss La La, a incrível acrobata do Circo Fernando — Anna Albertine Olga Brown (1858-1945), aqui também vista em fotografias de Vénus mestiça. Antes disso, apresenta Le Last Caravaggio, de 18 de abril a 21 de julho, mostrando Salomé com a Cabeça de São João Baptista e O Martírio de Santa Ursula, visto pela última vez em Londres há 20 anos. A Tate Modern apresenta Expressionists: Kandinsky, Münter and the Blue Rider, de 25 de abril a 20 de outubro (uma parceria com a Lenbachhaus, de Munique), e pelo seu lado a Tate Britain expõe Women Artists in Britain 1520-1920, de 16 de maio a 13 de outubro, enquanto entre 21 de março e 16 de junho a National Portrait Gallery mostra — face a face, num confronto certamente fascinante e desafiante — 160 retratos fotográficos, ou mais, em impressões vintage, da autoria de Francesca Woodman (1958-81) e de Julia Margaret Cameron (1815-79). A partir de 18 de maio, o Victoria & Albert Museum de South Kensington tem em cartaz Fragile Beauty: Photographs from the Sir Elton John and David Furnish Collection (em parceria com a Gucci), o que não dispensa interesse, mas maior curiosidade há de criar, já a partir de 2 de março — pois também também tivemos a nossa quota-parte nisso —, Tropical Modernism: Architecture and Independence, a partir da obra dos britânicos Jane Drew (1911-96) e Maxwell Fry (1899-1987), passando pelo incontornável Le Corbusier de Chandigarh.

Em Edimburgo também há bom que ver: a National Library of Scotland exibe Folk Tales from the Scottish Highlands até 20 de abril, jovens vão deliciar-se com Japan: Myths to Manga, na Young V&A, até 8 de setembro, e de 20 de julho a 27 de outubro as National Galleries of Scotland apresentam uma retrospetiva do impressionista irlandês Sir John Lavery (1856-1941), retratista de sociedade e um grande viajante também. E em Dublin, a partir de março e até inícios de 2025, a National Gallery historia o movimento artístico An Túr Gloine (A Torre de Vidro em gaélico), fundado naquela cidade em 1901-3 por Sarah Purser, numa linha Arts and Crafts, e outros artistas de vitrais, como Wilhelmina Geddes, Michael Healy, Catherine O’Brien, Alfred E.Child, Hubert McGoldrick and Evie Hone, em oficina ativa até 1940-44.

O MoMA de Nova Iorque exibe a partir de 23 de Março New Ground: Jacob Samuel and Contemporary Etching, pondo em relevo o trabalho deste gravador junto de 60 artistas contemporâneos, levando à reinvenção desta técnica litográfica. E a magnífica New York Public Library — quem sabe se em indireta referência às alterações climáticas —, dedica-se ao tema The Awe of the Artic: a visual history, 500 anos de imagens dos seus arquivos expostas entre 15 de março e 13 de julho.

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