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Usar gravata ou não, eis a questão

Inspirados pelo desengravatamento generalizado do Syriza, o Observador mergulhou nos corredores do Parlamento para perceber qual a importância da gravata na política portuguesa.

Começou por ser um statement. “Queríamos tirar os nós da gravata para nos desfazermos dos nós que nos apertavam enquanto sociedade”, explica Pedro Filipe Soares, atual líder da bancada parlamentar do Bloco de Esquerda. Quando em 1999 Francisco Louçã se sentou pela primeira vez no plenário do Parlamento todos estranharam a falta desse acessório, que o fazia destoar dos restantes deputados. A ideia era precisamente essa: destoar, “mostrar que não somos todos iguais e certinhos.” Isto foi há mais de 15 anos, mas a moda pegou e a verdade é que se alastrou do Bloco para outras bancadas, especialmente entre os políticos mais jovens e mais à esquerda.

Agora, Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis elevaram o desengravatar do Governo grego a toda uma nova escala: excluíram-na da indumentária para romper com a instituição, com as políticas vigentes e com o Governo anterior. Nada menos do que dar um murro na mesa, como se tirar a gravata fosse um gesto em nome da liberdade e da independência. O estilo informal do novo Governo grego tem tido um imenso eco entre os parceiros europeus e já serviu de pretexto para uma brincadeira entre o primeiro-ministro italiano e Alexis Tsipras — depois de um encontro entre os dois, Matteo Renzi ofereceu uma gravata preta a um bem-disposto Tsipras, que respondeu à provocação prometendo que apenas a usaria “quando fosse encontrada uma solução viável” para a Grécia.

Para o Bloco de Esquerda, o desengravatar do Governo grego, a par do “gosto muito peculiar” do ministro das Finanças por uma indumentária informal e “desfraldada”, é igualmente um claro sinal de “corte com a instituição”. Para Pedro Filipe Soares, a ideia é mostrar que não se é “submisso às instituições”. Antes pelo contrário, é aproximar os eleitos dos eleitores e mostrar que “não somos transformados pela instituição”, mas que “podemos ser nós a transformá-la”, explicou o bloquista.

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Apontamentos para uma história da gravata

Ayres Gonçalo é um alfaiate portuense que já vestiu o príncipe Carlos de Inglaterra, que está sempre atento ao estilo masculino, e que concorda com Pedro Filipe Soares. A roupa que se escolhe traz sempre uma mensagem. “Ao aparecerem sem gravata em situações protocolares e, no caso de Varoufakis, até com a fralda de fora, os ministros gregos estão a querer quebrar com o passado e mostrar que são um governo muito diferente do anterior.”

Embora Ayres Gonçalo só tire a gravata para coser ou quando está sem clientes no ateliê, ele admite que aparecer numa reunião protocolar de camisa desapertada, como o ministro das Finanças grego fez quando foi a Downing Street reunir-se com o seu homólogo britânico, “pode servir também para quebrar o gelo”. “Tirar a gravata dá automaticamente um ar mais descontraído, e isso pode ser aproveitado para falar de questões difíceis.”

Mas se, por um lado, tirá-la ajuda a quebrar o gelo em sentido metafórico, o alfaiate garante que pôr uma gravata ajuda a suportar o gelo em sentido literal. “Eu trabalhei quatro anos em Londres e, sobretudo no inverno, a gravata ajudava a não ter frio. Por isso posso garantir que, quando foi reunir com o ministro inglês, Varoufakis estava com frio.” Reparem na ironia: os ministros gregos tiram a gravata para fazer braços de ferro com o Banco Central Europeu arriscando uma dor de garganta invernal, quando a gravata nasceu precisamente para aquecer pescoços e proteger das baixas temperaturas.

Na verdade, há várias teorias para o aparecimento da gravata, mas a mais consensual, até pela etimologia da palavra — que deriva do francês “cravate”, por sua vez derivada de “croat” –, coloca os soldados croatas na origem de tudo. Terão sido eles, enquanto aliados dos franceses durante a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), os primeiros a apresentar uns laços arraçados de cachecóis ao pescoço, que serviam tanto como distintivo militar como para proteger do frio no campo de batalha.

Dado o ancestral fascínio dos franceses pela moda, a alta sociedade parisiense não demorou a adotar o estranho acessório, substituindo os tecidos militares por algodão, renda e seda. O rei-sol, Luís XIV (1638-1715), grande fã da novidade, tinha aliás um alfaiate particular para desenhar peças inspiradas nas dos soldados croatas que fossem dignas da realeza. Por isso se vê o rei, em vários quadros da época, com uma espécie de guardanapo elaborado entalado na gola. Nessa altura, usar gravata era um símbolo de poder social e económico, razão pela qual, acrescenta Ayres Gonçalo, “a gravata era usada até em situações mais descontraídas: os lordes ingleses vestiam-na para irem caçar, por exemplo”.

gravata Luis XIV

Embora Luís XIV pareça estar a preparar-se para uma faustosa mariscada, aquele farfalhudo lenço que tem ao pescoço é um antecessor da gravata

 

Usar a gravata ou não? Eis uma questão geracional e de esquerda

Por cá, os políticos portugueses estão mais interessados na caça de votos, e o seu uso varia consoante as ocasiões. Há quem faça da gravata um acessório indispensável, e há quem a dispense sem pensar duas vezes. A maioria dos protagonistas, no entanto, usa-a consoante a ocasião. António Costa, por exemplo. Nos dois últimos congressos socialistas, o presidente da Câmara de Lisboa apresentou-se com e sem gravata. A diferença? Em 2013, Costa ainda não era secretário-geral do partido e surgia ao lado de António José Seguro com a gola da camisa mais folgada. A informalidade é, de resto, uma marca habitual nos congressos socialistas, semelhantes a uma festa de bons amigos que se encontram ao fim de semana.

15 fotos

Quem parece querer fazer da gravata um acessório do passado é a geração mais nova do PS. É o caso de Pedro Nuno Santos, que nem sempre a usa, e de João Galamba, este muito menos apreciador da gravata. O que têm em comum? São ambos mais novos e mais próximos da ala esquerda do partido. O que, para Galamba, não quer dizer nada. “Trata-se apenas de gosto”, nada mais, diz ao Observador, deixando claro que não quer fazer um statement político do facto de preferir uma peça de vestuário a outra.

O mesmo defende o deputado ecologista José Luís Ferreira, que diz que não usa gravata em nenhuma circunstância, primeiro por uma questão de “gosto”, mas também porque “a maioria das pessoas que o elegeu” não usa. Em todo o caso, o deputado dos Verdes já não usava gravata antes de ir para o Parlamento, enquanto jurista, pelo que achou que não devia mudar a sua forma de vestir apenas por ter sido eleito para a Assembleia da República.

Olhando para as bancadas do Parlamento português é hoje notório o desengravatamento generalizado da esquerda mais à esquerda. No PCP, por exemplo, é raro o líder parlamentar João Oliveira aparecer em plenário de gravata. O mesmo acontece com os restantes deputados mais jovens, como Jorge Machado, Bruno Dias, David Costa ou Miguel Tiago, que optam sempre por um estilo mais descontraído. “Trata-se da postura que cada um tem na vida”, explica o deputado Jorge Machado ao Observador, que descarta a ideia de se tratar de uma mensagem subliminar para os distinguir das elites, preferindo antes dizer que as “afirmações” fazem-se pelo conteúdo das propostas e não pela “indumentária” de quem as profere.

"Tirar a gravata dá automaticamente um ar mais descontraído, e isso pode ser aproveitado para falar de questões difíceis. Pode servir para quebrar o gelo."
Ayres Gonçalo, alfaiate

Mas sendo o PCP um partido profundamente enraizado no sistema político português, nem sempre foi assim. Na memória ainda está o engravatado Octávio Teixeira, ou até o próprio Álvaro Cunhal, que nem sempre dispensava o acessório. O deputado António Filipe é talvez o principal herdeiro do estilo engravatado e explica isso precisamente com o argumento de ser “mais velho” e de a bancada ter tido um grande rejuvenescimento nos últimos anos. De resto, é tudo uma questão de gosto e de “se sentir bem”. “Não há dress code“, nem no partido nem no Parlamento, garante. O secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, foi talvez um dos principais promotores do estilo sem gravata, por uma questão de aproximação ao operariado e ao discurso comunista. Mas a postura foi mudando e, depois de ter sido eleito secretário-geral do partido, a gravata passou a fazer gradualmente parte do seu dia-a-dia. Ainda que não seja totalmente indispensável.

Quando a gravata sai do armário

A verdade é que, todos concordam num ponto: nas visitas oficiais ao Presidente da República, aí, a gravata não pode falhar. “Quando somos convidados e estamos a cumprir um protocolo mais formal”, então sim, tira-se a gravata do armário, afirma o deputado comunista Jorge Machado, lembrando que no dia em que conversou com o Observador sobre gravatas, ou sobre a falta delas, tinha recebido o presidente do Parlamento luxemburguês e, aí sim, a gravata não faltou. Já na sessão plenária da tarde, a gravata ficou no gabinete.

Mas o cenário muda de figura quando se olha para a metade direita do Parlamento. Tanto social-democratas como centristas parecem concordar que a gravata é um acessório indispensável. Mas, então, o que separa a direita da esquerda em relação ao código vestuário? Cristóvão Simão Ribeiro, deputado social-democrata e líder da JSD, explica: “É uma questão de posicionamento político. Por norma, a agenda da direita é mais conservadora, de maior formalismo. Enquanto a esquerda, que tem um tipo de agenda mais fraturante, em certa medida, mais radical, é normal que não usem gravata.”

Xana Guerra, buyer da Fashion Clinic e consultora de moda especializada na área masculina com mais de 20 anos de experiência, confirma: “uma gravata é um acessório que transmite autoridade”. E, claro, a questão ideológica é importante quando se trata de decidir o que pendurar ao pescoço: “No caso da política, a direita é tradicionalmente mais conservadora”, e por isso mais resistente a desapertar o último botão da camisa.

No entanto, Xana Guerra não tem dúvidas de que as coisas estão a mudar: “A gravata já teve mais conotações do que tem hoje em dia. A moda está a transpor imensas fronteiras e eu acho que a gravata, salvo em situações protocolares ou entre as gerações mais velhas, já não tem o poder que tinha antigamente. Hoje em dia vêem-se variadíssimos situações, dos tribunais à política, em que a gravata é substituída por um blazer ou uma gola alta. Até nos meios de comunicação se vê isto, e a própria BBC tem apresentadores nos telejornais sem gravata.”

"A moda está a transpor imensas fronteiras e eu acho que a gravata, salvo em situações protocolares ou entre as gerações mais velhas, já não tem o poder que tinha antigamente."
Xana Guerra, consultora de moda

Há, contudo, um aspeto muito prático no uso da gravata: “A questão do fato e da gravata em situações protocolares é mais para impedir que apareçam aquilo a que eu chamo de árvores de natal, que acabam por funcionar como distrações dos verdadeiros problemas”, explica Xana Guerra. “Mas o ‘tem que ser assim’ é cada vez mais questionado, não há tantas regras, e isto também tem a ver com a valorização da imagem que existe hoje em dia. A imagem é mais individual, menos convencional. Por isso, as empresas estão a perder os uniformes, as escolas estão a perder os uniformes, e por isso se vêem coisas que não se viam antigamente.”

A gravata é, então, um símbolo de um sistema que está a passar de moda? Cristóvão Simão Ribeiro prefere ver as coisas noutra perspetiva. “Não acredito que o uso da gravata seja uma exigência ou algo extremamente rígido – eu próprio, à sexta-feira, quando não há debate quinzenal [com o primeiro-ministro], opto apenas pelas calças de ganga e pelo blazer”, admitiu. “É uma questão de agenda e da personalidade de cada um. Pessoalmente não me sentiria bem em não usar a gravata num encontro com um ministro ou numa ocasião que exige maior formalidade. Mas não me choca quem entenda não usar”, afirmou o líder da JSD.

"É uma questão de agenda e da personalidade de cada um. Pessoalmente não me sentiria bem em não usar a gravata num encontro com um ministro ou numa ocasião que exige maior formalidade. Mas não me choca quem entenda não usar."
Cristóvão Simão Ribeiro, líder da JSD

São essas ocasiões de maior formalidade que, às vezes, podem colocar em maus lençóis os mais distraídos. Cristóvão Simão Ribeiro garante que nunca lhe aconteceu, mas não se pode dizer o mesmo de um dos seus camaradas da JSD. Em 2013, durante o encontro de juventudes do Partido Popular Europeu (YEPP), em Sofia, “o meu amigo tinha-se esquecido da gravata, então decidimos aproveitar o intervalo antes das votações para ir comprar uma”, porque a ocasião assim o exigia — afinal, a JSD ia eleger o vice-presidente daquela estrutura.

Nada de grave, não fosse um pormenor importante: a partir do momento em que as votações se iniciassem, ninguém saía ou entrava na sala. E o pior aconteceu: os dois chegaram atrasados e a porta já estava fechada. “Toda a gente estava preocupada que não pudéssemos votar, mas um outro colega ligou-me e, simulando uma chamada, abriu a porta e nós entrámos para a sala”, contou ao Observador. Tudo pelo amor à gravata.

“As pessoas de direita usam fato e gravata como os padres usam sotaina. É como uma farda”

A expressão pertence a Miguel Portas, na altura entrevistado pelo jornal i. Fará sentido colocar a questão nestes termos? O socialista Miranda Calha, que foi, entre outras coisas, deputado da Assembleia Constituinte, acredita que não e lembra que “no pós-25 de abril, havia quem usasse gravata e quem não usasse gravata, à direita e à esquerda. Eu próprio usei gravata em diversas ocasiões”, acrescentado depois que, se nos primeiros anos pós-revolução era “menos usual”, a gravata “voltou com naturalidade nos anos seguintes”, explicou.

Para Miranda Calha, não faz, por isso, sentido estabelecer o uso de um determinado código vestuário à direita ou à esquerda e deu exemplo de Almeida Garrett, “um liberal, que ia para o Parlamento muitas vezes de capote alentejano, mas que por baixo trazia um fato associado à cultura dândi”. Nesse sentido, Miranda Calha desvaloriza por completo a imagem anti-sistema e informal que Tsipras e Varoufakis querem fazer passar. É um “artificialismo”, acusa.

Yanis Varoufakis ao lado do ministro das Finanças britânico, George Osborne. Um duelo de políticas e de gravatas

AFP/Getty Images

Xana Guerra, por seu lado, volta a sublinhar a questão geracional: “Independentemente da orientação política, quanto mais velhos forem os homens, mais resistentes serão a tirar a gravata.” “Mas não é por aí que se vê o poder que alguém tem”, afirma a consultora de moda. “A roupa tem de ser uma segunda pele e, no caso dos ministros gregos, isto é claramente uma atitude.”

Uma atitude que não convence Miranda Calha. “Penso que o facto de não usarem gravata em encontros com altos-representantes de outros países [como o episódio entre Renzi e Tsipras] tem que ver mais com uma componente de artificialismo e de futilidade. A própria resposta de Tsipras [a Renzi] só demonstra o sentido daqueles que querem fazer uma afirmação, não pelas ideias, mas pelo aspeto exterior. Querem passar a ideia de que estão a confrontar o status quo e que estão fora do sistema, mas com gravata ou sem gravata os gregos têm de ser realistas”.

Ainda segundo o deputado socialista, o uso da gravata, não sendo obrigatório ou uma exigência, justifica-se de acordo com a “importância que cada um atribuiu à situação e à consideração que temos para com os outros”, sobretudo se os outros “respeitarem um determinado código de vestuário mais formal”.

A dispensa oficial da gravata por despacho do Ministério da Agricultura

No entanto, mesmo entre membros do Governo há quem dispense a gravata e faça disso um ato oficial. Foi o que aconteceu em 2011, quando a ministra da Agricultura e do Mar de Portugal, Assunção Cristas, aprovou um despacho, publicado em Diário da República, onde incentivava os membros do gabinete a deixarem a gravata em casa. “Fica dispensada a utilização de gravata no dia-a-dia, sem prejuízo da conveniência na sua manutenção nos contactos com entidades externas, nos casos em que seja habitual, e em ocasiões em que a prática protocolar assim o determine”, podia ler-se no despacho.

O objetivo era reduzir os recursos energéticos utilizados com o ar condicionado do Ministério da Agricultura e, depois, aplicar a medida aos restantes ministérios e à própria Assembleia da República. Uma medida que, no entanto, acabou por não ser adotada pelos membros dos outros gabinetes ministeriais, nem pelos deputados no Parlamento – foi até alvo de algumas críticas mais duras, que levaram a ministra Assunção Cristas a defender-se no Facebook:

São factos, mas não os factos mais importantes. Porque se no ministério de Assunção Cristas a proposta de abolição da gravata se deveu a razões ambientalistas, na fria Europa de fevereiro os desengravatados périplos de Tsipras e Varoufakis têm um objetivo 0% ambiental e 100% político. No campo simbólico, as novas estrelas da política grega estão, sem dúvida, a ganhar — como se pode ver por este texto. Mas no campo da realidade, infelizmente, desenvencilhar-se do nó que prende uma gravata a um pescoço é bastante mais fácil do que desembaraçar-se do nó que prende a Grécia à austeridade.

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