A imagem foi publicada a 31 de outubro deste ano no Facebook por Luc Mombito, um dos amigos mais íntimos de André Ventura, seu ex-colega de seminário, motorista, segurança e elemento fundamental da máquina que faz mexer o Chega. Nela, vê-se a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, segurando um pequeno quadro de ardósia com a inscrição a giz: “Portugal precisa do Chega.”

Na legenda que acompanha a fotografia, Mombito escreve: “Já estamos a falar melhor.

Em 10 de novembro, quando o Observador consultou a publicação, esta contava já com 58 partilhas, 38 comentários e 535 interações. Porém, como é facilmente comprovável, trata-se de uma imagem manipulada com o propósito de disseminar desinformação sobre a política partidária nacional.

A publicação feita por Luc Mombito em 31 de outubro

Na verdade, não é preciso uma investigação muito aprofundada para perceber que se trata de uma manipulação. Basta ir à conta da própria Inês de Sousa Real no Twitter para descobrir que, às 19h45 do dia 30 de outubro — portanto, cerca de 5 horas antes da publicação de Luc Mombito — a deputada publicou ali a fotografia original.

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Na imagem original, a deputada e líder do PAN segura um quadro de ardósia com a seguinte inscrição a giz: “Portugal não precisa de uma crise política.” No tweet que acompanha a imagem, Inês de Sousa Real escreveu: “Portugal não precisa de uma crise política, mas sim de responsabilidade política! Provocar uma crise política quando são precisas respostas para os vários desafios que enfrentamos, como a crise socioeconómica e climática, é faltar ao país!”

A mensagem foi publicada por Inês de Sousa Real no Twitter três dias depois de o Orçamento do Estado ter sido chumbado no Parlamento, numa votação que abriu uma crise política em Portugal e conduziu à dissolução da Assembleia da República e à marcação de eleições antecipadas, já agendadas para o dia 30 de janeiro.

O chumbo materializou-se através dos 117 votos contra do PSD, Bloco de Esquerda, PCP, Os Verdes, Iniciativa Liberal e Chega, que superaram largamente os 108 votos a favor, que vieram integralmente da bancada do PS. O PAN absteve-se, bem como as duas deputadas não-inscritas, com o argumento de que o diálogo e a negociação seriam mais proveitosos para o país do que uma crise espoletada pela queda do Orçamento do Estado — o que valeu ao partido de Inês de Sousa Real críticas por sustentar as políticas do PS. O PAN, de resto, já disse que não exclui apoiar um eventual Governo do PS ou do PSD na próxima legislatura, desde o apoio se traduza em lugares no Executivo.

Conclusão

A simples análise da fotografia original, publicada cerca de cinco horas antes da publicação de Luc Mombito, permite-nos concluir que a imagem difundida pelo elemento do Chega se trata de uma manipulação evidente. Uma recapitulação da conjuntura política vivida nos dias imediatamente anteriores ajuda a compreender o contexto em que esta manipulação foi usada para confundir o espaço público sobre os partidos políticos portugueses.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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