O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, continua a ser dos presidentes que mais vezes surge em publicações enganadoras ou falsas. No passado dia 7 de junho, surgiu uma publicação de Facebook onde se alegava o seguinte: “Biden declara estado de emergência por ameaça de escassez de capacidade de gerar energia.” No texto, alega-se ainda que o presidente dos EUA “isentou de impostos as importações de certas células solares e módulos da Ásia”. Uma medida que “terá a validade de dois anos e vale para produtos importados do Cambodja, Malásia, Tailândia e Vietname”. Trata-se, no entanto, de uma publicação que distorce uma medida efetivamente tomada pelo líder norte-americano.

Olhando novamente para o que o autor partilhou, não se vislumbra qualquer dado, informação ou notícia que confirme aquilo que é alegado. Por outro lado, pesquisando por notícias semelhantes sobre o assunto, descobre-se que, no passado dia 6 de junho, Joe Biden invocou o Ato de Produção de Defesa (DPA, na sigla em inglês) para “acelerar o fabrico doméstico de energia limpa”, tal como se lê numa nota do Departamento de Energia do seu governo.

Este regulamento foi aprovado nos anos 50, durante a Guerra da Coreia e foi também aplicado durante o longo período da Guerra Fria. Serve, sobretudo, para que qualquer presidente norte-americano tenha um maior controlo sobre várias indústrias domésticas e, consequentemente, a produção de diferentes produtos/materiais/bens necessários no país. Já foi usado durante esta administração, por exemplo, na pandemia, para acelerar os processos de vacinação contra a Covid-19.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O objetivo da DPA da administração Joe Biden/Kamala Harris, segundo se lê,  é “diminuir os custos energéticos para as famílias, aumentar a segurança nacional e assegurar a independência energética norte-americana que reduza a procura de combustíveis fósseis”. Também em 2022, o mesmo Departamento lançou um relatório com as diretrizes para iniciar a transição para a energia limpa, que se focará na produção de vários tipos de energia, desde a solar à eólica, bem como à aposta — que já decorre um pouco por toda a Europa — nos automóveis elétricos. Portanto a intenção está lá, as verbas financeiras também, mas é diferente de dizer que Biden declarou estado de emergência energética no país.

Ainda no mês de julho saíram mais notícias sobre um alegado anúncio de estado de emergência por parte de Joe Biden. O site The Conversation descreveu uma ida do presidente norte-americano a Massachusetts onde uma zona de produção de carvão iria ser convertida em local para fabrico de equipamento eólico. Ainda assim, e apesar da pressão de vários democratas e ativistas, Biden não anunciou o estado de emergência alegado na publicação original.

No entanto, segundo a Casa Branca, essa continua a ser uma opção viável, só que ainda não foi concretizada, como explicado por outro jornal, o The Washington Post. Por fim, é importante dizer que publicações semelhantes noutras línguas já foram também desmentidas por outros fact-checkers internacionais como a AFP.

Noutros executivos norte-americanos já foram declarados estados de emergência de âmbito energético, tanto na administração de Barack Obama como na de Donald Trump.

Conclusão

Não é verdade que Joe Biden tenha declarado recentemente o estado de emergência energético, tal como alegado por várias publicações de Facebook. A única decisão recente relacionada com esta matéria foi a invocação do Ato de Produção de Defesa relacionado com a produção de energia limpa dentro do país, no passado mês de junho. Ainda que vários democratas e ativistas estejam a pressionar a atual administração norte-americana para declarar o estado de emergência energética, essa decisão ainda não foi tomada pela Casa Branca.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ENGANADOR

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

IFCN Badge