Nas últimas semanas surgiram rumores nas redes sociais de que a Suécia se tinha tornado no primeiro país do mundo a declarar o sexo como um desporto. Os posts acrescentavam ainda que o país se preparava para organizar um campeonato mundial dessa modalidade. Por outro lado, várias publicações davam conta da realização de uma competição europeia já este mês.
“O torneio de sexo terá início nesta quinta-feira [dia 8 de junho], na cidade de Gotemburgo, a segunda maior cidade sueca. Participantes de toda a Europa, cerca de 20 representantes, vão reunir-se para uma competição de seis semanas, envolvendo 16 diferentes ‘disciplinas'”, lê-se num desses posts do Facebook.
O campeonato europeu esteve prestes a acontecer, contudo estava a ser organizado por uma entidade não oficial, que não é reconhecida pelo governo da Suécia. A Federação Sueca do Sexo foi criada por Dragan Bratic, empresário proprietário de vários clubes de striptease, que apresentou um pedido formal à Confederação Nacional do Desporto do país para que o sexo passasse a ser qualificado como uma modalidade desportiva. De acordo com o jornal sueco Göteborg-Posten, o requerimento foi apresentado em janeiro deste ano e o veredicto chegou três meses depois.
A Confederação Nacional do Desporto da Suécia informou, em comunicado divulgado em abril, que o pedido tinha sido recusado, uma vez que se encontrava “incompleto”. “A associação requerente foi intimada a completar o requerimento e assim sanar as irregularidades. A associação requerente não cumpriu a ordem, e as irregularidades são tais que o requerimento não pode ser examinado”, pelo que “deve ser indeferido”, justificou essa entidade.
Devido aos rumores que começaram a circular este mês, Anna Setzman, porta-voz da confederação sueca, esclareceu, em declarações à agência Reuters, que a informação falsa da declaração do sexo como um desporto tinha como “objetivo difamar o desporto sueco e a Suécia”. “Não existe nenhuma Federação do Sexo que seja membro da Confederação Nacional do Desporto”, acrescentou.
Apesar de não ser oficialmente reconhecida, a Federação Sueca do Sexo decidiu avançar com a realização do campeonato europeu de sexo. Através de uma declaração escrita enviada à Deutsche Welle, Dragan Bratic afirmou que a organização que criou financiaria “todo o campeonato” com “os seus próprios fundos e com o seu próprio trabalho voluntário”.
Ainda assim — e apesar de os participantes já se encontrarem em Gotemburgo —, o campeonato europeu de sexo não se realizou. A representante de Espanha seria Selva Lapiedra que, ao jornal El Plural, indicou que no dia 8 de junho a competição foi adiada devido ao mau funcionamento do equipamento técnico. Porém, no dia seguinte, existiram mais falhas que levaram ao cancelamento do evento.
Todos os dias atacavam o site [onde o campeonato seria transmitido]. As câmaras ficavam bloqueadas, a página web não funcionava, as atividades não foram organizadas, os juízes que deviam estar presentes não estavam… Em suma, a organização foi nula”, afirmou Selva Lapiedra.
A representante espanhola disse ainda que todos aqueles que estavam em Gotemburgo para participar no campeonato decidiram deixar a Suécia após Dragan Bratic ter, alegadamente, “atacado” uma participante quando esta, supostamente, reclamou da organização. “A situação saiu do controlo. Foi um caos. Mais do que isso: virou um filme de terror”, alegou.
Conclusão
Não, a Suécia não declarou o sexo como desporto, uma vez que o pedido feito pela autodenominada Federação Sueca do Sexo foi recusado por se encontrar “incompleto”. Desta forma, o país também não vai organizar um campeonato mundial dessa modalidade.
Por outro lado, e apesar de não ser reconhecida pelas entidades governamentais, a Federação Sueca criada por Dragan Bratic organizou um campeonato europeu do sexo, que se deveria ter realizado no passado dia 8 de junho. O evento foi cancelado devido a problemas técnicos e Selva Lapiedra, que representaria Espanha, disse que a “organização foi nula”.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.