Ao contrário do que se possa pensar, o conceito “família”, do latim com o mesmo nome familia é um conceito historicamente documentado, sendo definido na Wikipédia como: agrupamento humano formado por duas ou mais pessoas com ligações biológicas, ancestrais, legais ou afetivas que, geralmente, vivem ou viveram na mesma casa. O Século XX acrescentou à definição pré-existente o seguinte: pode ser formada por pessoas solteiras, casais heterossexuais, casais homossexuais, entre outras constituições presentes em diferentes contextos sociais.

Muita preocupação existe nesta “sociedade Instagram” sobre quantas pessoas constituem uma família e de que género ou géneros ela é formada, não se encontrando contudo nenhuma preocupação sobre comportamentos, valores ou tradições dos indivíduos que a constituem.

Apenas através da análise comportamental de cada indivíduo dentro do seio familiar pode a sociedade definir e caracterizar categoricamente cada família per si. A categorização familiar deve ser social, moral, cultural, religiosa, etc. Sendo devidamente caracterizada, a família representa uma célula de um corpo muito maior e global que é a sociedade.

Em biologia, a célula, do latim cella (pequeno aposento) é a unidade básica e fundamental de todos os organismos conhecidos, a menor unidade funcional de matéria vida, também conhecida como “bloco de construção de vida”. Posto isto, ninguém tem dúvidas sobre a importância que uma célula tem sobre a construção e desenvolvimento do organismo ou ser vivo de que faz parte.

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A família é isto mesmo, uma célula, um pequeno “bloco de construção” de vida, de valores de tradição de cultura, que trabalha em conjunto com outras células para criarem, construírem, definirem e prolongarem no tempo um ser vivo muito maior, com uma identidade, cultura, características próprias: a sociedade.

Quando analisamos uma célula familiar no sentido numerário ou identitário estamos a menosprezar o que ela tem de maior valor, a sua identidade cultural e moral e social. É analisar uma maçã apenas pelo seu aspeto, não analisando o seu conteúdo, se está podre, madura ou verde, ou se tem ou não sumo ou sabor. Analisar uma família sem conhecer a sua identidade moral, religiosa ou cultural é negarmo-nos ao conhecimento social, à interação humana e ao próprio humanismo em si. Julgar por ser preto ou branco, solteiro ou casado, etc, é estar a avaliar de forma ignorante a célula familiar com quem existimos e coabitamos no ser maior, vivo, a sociedade.

Apenas com uma grande diversidade celular, e com uma simbiose entre as mesmas, poderá um ser vivo crescer desenvolver-se e prosperar. A sociedade funciona da mesma forma. Apenas com um diverso número de células familiares culturalmente diferentes, que saibam viver em harmonia, democracia e que se entreajudem progressivamente, poderá o mundo social crescer, evoluir e prosperar.

Quando temos um tipo de célula displásica, diferente, cujo crescimento de sobrepõe de forma descontrolada aos outros tipos de células que estão habituados a conviver diariamente temos a chamada neoplasia, vulgo Cancro. A sociedade não é diferente. Quando existe um tipo de família que se destaca pela diferença e que impõe às outras famílias uma forma de estar anómala e que foge ao padrão de convivência cultural e social, então o desequilíbrio é eminente e o crescimento desgovernado de um tipo de moral ou cultura conduz ao desaparecimento de todas as outras, e inevitavelmente o ser vivo, tal como no cancro, acaba por morrer.