Além de pretenderem ficar à frente do outro, o PCP e o BE têm um objectivo central para as eleições do próximo ano: impedir a maioria absoluta do PS. Uma maioria absoluta dos socialistas tira poder e influência aos comunistas e condena o BE à irrelevância. Para o seu crescimento como partido, o BE precisa de ir para o governo com o PS na próxima legislatura. As clientelas dos bloquistas precisam do poder e do dinheiro do Estado, e Catarina Martins não pensa noutra coisa senão em ser ministra da Cultura.
Os três partidos das esquerdas competem pelos mesmos votos, por isso a partir de agora são adversários, como já se vê de resto. O PCP e o BE precisam de se afastar do governo e o melhor sinal será não votarem o orçamento do próximo ano. Se o aprovam correm um risco grande: muito do eleitorado de esquerda deixa de ver diferenças entre eles e o PS, e prefere votar nos socialistas. As extremas esquerdas só terão de arranjar um bom pretexto para não votar o orçamento. A fidelidade de Centeno em relação à ortodoxia política monetária da zona Euro facilita-lhes a vida.
As discussões entre as esquerdas sobre o próximo orçamento mostram que Costa estava mesmo à espera de não acabar a legislatura e de enfrentar eleições antecipadas. Gastou a folga que recebeu do antigo governo em 2016 e em 2017 e agora nada tem para dar aos parceiros da geringonça. Aliás, Costa prefere não ter maioria absoluta do que adoptar uma política orçamental expansionista. Está determinado em provar que o seu PS é diferente do PS de Sócrates. Com ele, 2018 não será 2009. Além disso, apesar dos aplausos do Congresso a Pedro Nuno dos Santos, para Costa, os conselhos que contam são os de Centeno.
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