Notícia de primeira página do jornal Correio da Manhã de 18 Fevereiro 2022: “Piloto da TAP gera conflito diplomático”

A notícia referida em epígrafe foi certamente um “equívoco jornalístico “. Não existiu aparentemente nenhum conflito diplomático!

A manchete do Correio da Manhã e da CM TV poderia então ser: “Governo português onera os contribuintes portugueses porque Presidente da Eslovénia perde voo comercial”.

E a notícia continuaria explicando que o governo decidiu “oferecer um frete de um jato privado de cerca de 40 mil euros, (segundo as notícias vindas a público) a uma comitiva estrangeira” que chegou atrasada à porta de embarque do voo TAP para Zurich. Esta sim é que foi a questão!…. e a notícia… que poderia ser relevante em muitos países conhecidos por tratarem com parcimónia os dinheiros públicos.

Segundo comunicado da TAP, o Comandante e a empresa cumpriram os procedimentos em vigor para que a pontualidade e a operação em segurança dos voos da TAP fossem observadas, (sendo importante realçar o esforço que a empresa tem vindo a fazer nos últimos anos para melhorar este indicador no “ranking” da pontualidade).

Resta-nos sublinhar que apesar de toda a boa vontade de qualquer dos envolvidos, não é plausível, a não ser em circunstâncias de emergência, que se reabram portas do avião e se interrompa ou comprometa o processo de saída da aeronave e respectivo horário, independentemente de quem se atrase ou de quantos minutos têm esse ou esses atrasos.

Existem procedimentos que devem ser observados escrupulosamente ao minuto pois sequencialmente contribuem para o cumprimento do horário de cada voo. Cada minuto de atraso por cada um deles, soma-se e produz um efeito de “bola de neve” quando associados em conjunto.

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Imaginemos tudo isto multiplicado por vários voos diários, muitos semanais e muitíssimos voos anuais.

Por conseguinte … “Et pour cause”…tudo isto está identificado, regulamentado e é observado por todas as áreas (horários de check-in, operações de catering, de manutenção, de carregamento de bagagem, dos planos e operações de voo, chegada da tripulação ao avião, procedimentos de preparação do voo, início e fim de embarque e fecho de portas, chegada da folha de carga ao Comandante, pedido de instruções ao controle de tráfego aéreo para início do voo, etc.).

Entende-se assim facilmente que uma vez fechadas as portas da aeronave e iniciada a busca de bagagem por “no show” de passageiro(s), não se deve nem é de todo aconselhável ir interrompendo e alternando o processo de forma discricionária, consoante a hora de chegada de passageiros atrasados.

O processo de busca de bagagem pode originar atraso na saída de calços da aeronave, que será tanto maior, quanto maior for o número de passageiros em falta e o número e localização de bagagens que têm de ser retiradas dos porões por questões legais de segurança.

Por este motivo, os elementos da comitiva do Presidente que perderam e provocaram o atraso do voo da TAP, deveriam, isso sim, pedir desculpa à TAP e aos restantes passageiros desse voo e tratarem de arranjar alternativa a expensas próprias e nunca a expensas dos contribuintes portugueses.

19 de Fevereiro de 2022