Na sua habitual mensagem de Ano Novo, Marcelo Rebelo de Sousa deixou bastantes reparos e alertas ao governo.

Começa a ser claro que a margem de erro do governo é cada vez mais curta. Também se tornou evidente o aumento da dificuldade de o governo recrutar fora do aparelho do Partido Socialista.

Há alguns pontos que Marcelo referiu e que são importantes para refletir. A orgânica, a estabilidade, coordenação, transparência e convergência com a realidade.

Estabilidade política

Tendo o governo maioria absoluta, não se avizinha uma grande instabilidade no governo. Contudo, o problema da estabilidade coloca-se a nível interno do partido, o que acaba por ter repercussão no governo.

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Com a saída de Pedro Nuno Santos, a oposição interna irá agravar-se.

O antigo Ministro das Infraestruturas é o principal opositor e, ao mesmo tempo, o nome mais forte para suceder a António Costa na liderança do Partido Socialista.

Orgânica e coordenação

Em nove meses, o governo soma nove demissões. Estas sucessivas demissões demonstram uma falta de rigor, de organização e de estratégia.

Por outro lado, é o espelho de um desgaste que o governo começa a demonstrar. São vários casos e incoerências no mesmo governo, onde não se consegue delinear uma linha condutora do governo.

Transparência

Têm sido vários os casos em que membros do governo estiveram envolvidos em problemas que levaram à sua demissão. Os casos mais recentes das demissões dos Secretários de Estado são um bom exemplo. O mesmo se aplica às escolhas de membros para o governo.

Não há, nas mais recentes nomeações, um currículo que não seja basicamente o de ser militante e ter estado em cargos do Partido Socialista.

Remodelação do governo

A recente remodelação do governo é uma espécie de penso rápido que tem como objetivo atenuar a ferida interna no Partido Socialista.

João Galamba e Marina Gonçalves são próximos de Pedro Nuno Santos. Convém recordar isso.

António Costa, ao escolher João Galamba e Marina Gonçalves demonstra dificuldades em cativar pessoas fora do aparelho partidário. Pretende também manter debaixo de olho os apoiantes do anterior Ministro das Infraestruturas, tentando assim passar a imagem de unidade interna. O que não existe.

No fundo, a remodelação do governo, não traz mudança nenhuma.