Climáximo: o PSD apresentou na semana passada um Voto de Repúdio na Assembleia Municipal de Lisboa contra o comportamento destes “activistas” que começaram por cortar o trânsito, espojados no alcatrão; e que, mais recentemente, invadiram e vandalizaram o Campo de Golf do Paço do Lumiar, a pretexto de “gastar muita água” e de servir um “desporto de ricos”. De modo que esperaram dignamente agachados atrás de uns arbustos e, ao verem-se livres de empecilhos, correram a tapar os buracos com cimento. O voto do PSD não falhou em nenhum dos aspectos básicos. Apontava, com todas as razões e detalhes pertinentes, a ilegalidade do exercício. No fundo, é um caso de polícia e as imberbes criaturas devem ser cuidadosamente agarradas pelas orelhas e depositadas no sistema de justiça. O documento do PSD era muito específico: as acções são “ilegais”, “ilegítimas”, “infundadas” e “condenáveis”. Acertadas as necessárias adjectivações, há mais a dizer sobre o assunto.

Os regimes são tanto mais fortes quanto conseguem tolerar em si mesmos as forças e movimentos que vivem e agem contra eles. Uma beleza própria das democracias saudáveis. Só que uma coisa é tolerar, coisa diferente é promover. “Não há ideias proibidas, há comportamentos ilegais”, definia Fontes Pereira de Melo. No Portugal de hoje, a esquerda que impede a expressão de algumas ideias – condicionando a linguagem, por exemplo – é a mesma esquerda que apoia, ora explicita, ora implicitamente, comportamentos ilegais. Desde que em nome de “boas causas”. Quem define se as “causas” são ou não “boas”? A extrema-esquerda. Não, não são os portugueses nem os eleitores. Facto é que estes “activistas” (do “clima”, do “racismo”, da “xenofobia”, da “igualdade de género”) têm sido promovidos nas televisões, nos jornais, nas universidades, e nos partidos políticos do regime. A extrema-esquerda tem entrado e feito o seu caminho de prepotência e demagogia, mesmo nos partidos democráticos. Eis o produto: miúdos manipulados partem o que lhes apetece, convencidos que estas escolhas e comportamentos lhes garantem um certo grau de respeitabilidade.

É uma surpresa? Nada disso. Métodos velhos relhos, descritos e explicados em todos os livros da especialidade. Só não viu quem não quis ou, pior ainda, quem não teve autorização para ver. Em 2007, os meliantes de um bando chamado Verde Eufémia invadiram e arruinaram um campo de milho transgénico e houve quem os defendesse na televisão, em horário nobre. Um grande inspirador destas ideias e comportamentos foi Francisco Louçã. Verdade, não foi o único; mas foi sem dúvida alguma dos mais poderosos. Exagero? Olhemos então para o dr. Louçã: coluna regular no Expresso, de longe o jornal mais influente e representativo do regime desde a sua fundação; programa semanal de comentário político numa televisão em canal aberto (a partir do qual realiza perseguições pessoais, usando a calúnia, a impostura, e a difamação); Conselho Consultivo do Banco de Portugal; professor numa universidade pública; e ainda foi conselheiro de Estado pela mão do PS, quando António Costa negociou o governo da geringonça. É, portanto, um “revolucionário” muito especial, que não está de fora nem anda escondido; está no coração do regime. Ele não é comentador, nem colunista de comentário político. Francisco Louçã é, acima de tudo e até ao nervo, um comunista com uma agenda.

Esta borbulhagem de indignidades assenta noutro erro que beneficia o radicalismo: o dr. Louçã (e o Bloco, e grande parte dessa extrema-esquerda) é trotskista. Uma espécie de comunismo sem cadastro e sem mácula, instalado no famoso embuste de que “o problema foi o estalinismo”, como se Trotsky não tivesse promovido massacres brutais até ser interrompido por uma picareta enterrada no crânio. Não, o problema não foi Stalin; o problema foi, continua a ser, o comunismo e a extrema-esquerda, em todas as suas variantes, metástases e adaptações locais. Porque não há duas interpretações, e para tirar as dúvidas basta consultar os termos em que eles se definem a si mesmos ou à espécie de pensamento que produzem: grupelhos como a Climáximo não querem defender “o clima”. Querem atacar “o capitalismo”, ou seja, a economia de mercado e as democracias liberais. Na sua proverbial inconsciência, as universidades públicas, os grandes grupos de media, e os partidos do regime passaram décadas a promovê-los; e os delinquentes ocupam-se a destruir as bases do nosso bem estar.

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