O início do outono costuma coincidir com um estado de humor mais triste e andar mais arrastado. Dias menos luminosos e reajustes de rotinas costumam contribuir para um certo desânimo. As memórias das férias de verão desvanecem-se e sobrepõem-se os afazeres e preocupações do costume.

Está já identificada a nosologia que categoriza as depressões sazonais, mais comuns aparecerem na época do outono e inverno. Identificam-se pelos sintomas de astenia, sonolência e letargia, fadiga excessiva, alterações de humor e sentimentos de tristeza acentuada, irritação, por vezes, dores no corpo sem causas médicas identificadas, distorção da percepção da realidade, lendo o mundo em redor com uma visão mais pessimista do que positiva.

A diminuição da exposição solar influencia a diminuição de produção de serotonina, hormona ligada ao prazer e ao estado de satisfação, ao mesmo tempo que influencia o aumento de melatonina, hormona que induz o sono. Biologicamente, menos alegria, menos energia e mais melancolia, maior fadiga. Com dias mais pequenos e mais frio, menos vontade de saídas, diminuição da vida social e furor festivo. Psiquicamente, risco da presença de estados depressivos – que não quer dizer que se instale uma verdadeira depressão.

As saudades das férias falam alto e as queixas de cansaço aumentam. Os que tiveram poucas ou nenhumas  férias, sentem-se derrotados e desesperados. Lida-se com a frustração de ter de move on e garantir, com pouca vontade, os compromissos laborais e escolares dos mais novos.

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Este estado de depressão outonal pode durar algumas semanas, tempo de adaptação à nova estação, ou prolongar-se, e aí,  sim, deve pensar procurar um especialista.

Para combater este estado,  ajuda ser-se capaz de apreciar os prazeres do recato e conforto da casa.  Aconchegar-se dentro para fazer face ao frio de fora, alternado com o cantarolar à chuva e não deixar de sair por causa de dias mais cinzentos. Porque há-de ser esta época inibidora de manter os convívios e a boa disposição consequente dos mesmos? Afinal as estações do frio também possuem os seus encantos e cheiros bons. É um tempo que pode ser aproveitado para maior sossego e relaxamento mas não deve deixar de practicar exercício físico e actividades ao ar livre, quando se sabe que fazê-lo liberta as ditas hormonas do bem estar. Encontrar um hobbie que dê alento. Adaptar os programas sociais e culturais. Procurar manter fazer o que se gosta. Independentemente das flutuações meteorológicas e outras condições externas, tratar de acondicionar o tempo interno é o melhor recurso combativo para fazer face a qualquer intempérie, contratempo, dissabor.

anaeduardoribeiro@sapo.pt