Longe vão os tempos em que as opções de alimentação vegetariana escasseavam nas prateleiras dos supermercados e nos menus dos restaurantes. A oferta expandiu-se a partir de um pequeno nicho de produtos, cujas características organoléticas deixavam muito a desejar e que afastavam o público em geral. Hoje, o acesso a uma panóplia imensa de informação e a cada vez maior consciência dos consumidores sobre o impacto que as suas escolhas alimentares têm no ambiente e na saúde (tanto humana como animal) obrigou o mercado a apostar em inovação e a apresentar novas alternativas: saborosas, saudáveis, nutritivas, acessíveis e amigas do ambiente. Propostas que sejam capazes de agradar a todos e que estejam à disposição de qualquer um. Propostas que não deixem dúvidas de que, com as nossas escolhas, podemos ser e fazer parte da solução.

A mudança parece inevitável. Vivemos uma época em que a luta para travar as alterações climáticas nunca fez tanta pressão para que empresas e líderes políticos tomem medidas concretas. Por outro lado, os consumidores nunca se mostraram tão preocupados com a saúde e bem-estar, reconhecendo que um estilo de vida mais saudável, com base no desporto e alimentação adequada, é o “melhor remédio” para a prevenção de todo o tipo de doenças. E a alimentação vegetariana tem desempenhado, aqui, um enorme e fundamental papel para a transformação da nossa sociedade e para a cura do nosso planeta.

Atualmente, os consumidores “eco-ativos” – que medem o impacto ecológico dos produtos, antes de os comprar – valem já 385 mil milhões de euros para a indústria do grande consumo e estão mesmo a um passo de representar metade da população no final da década, de acordo com um recente estudo da consultora Kantar Worldpanel (“Who Cares? Who Does?”).

Os aspetos positivos não deixam margens para dúvidas: sabemos que os produtos de base vegetal necessitam de muito menos recursos, como água e terra, comparativamente à produção de carne, e contribuem para a biodiversidade. Dependendo do tipo de produto, a redução no que se refere aos recursos naturais necessários à produção pode chegar quase aos 100 por cento, e isto face à feroz indústria da carne.

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Já no que se refere às questões relacionadas com a saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) fez saber, recentemente, que, mesmo durante a pandemia, as doenças não transmissíveis – também conhecidas como doenças crónicas – mantiveram-se como a principal causa de morte, sendo responsáveis por 71 por cento dos óbitos em todo o planeta. Aumenta, assim, a preocupação dos consumidores com o excesso de peso, a diabetes, os ataques do coração, o alto colesterol e a tensão arterial, que ameaçam cada vez mais as sociedades modernas e que estão a servir de incentivo precisamente para uma mudança de hábitos alimentares. É por isso importante desmistificarmos os mitos e as reticências que ainda nos impedem de adotar uma dieta predominantemente de base vegetal – rica em cereais, leguminosas, frutos secos, sementes, frutas e legumes – em detrimento do excessivo consumo de carne.

Sabemos que dietas equilibradas, à base de vegetais com baixo teor de gorduras saturadas, podem contribuir para o controlo de peso, reduzindo o risco de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e, até mesmo, de alguns tipos de cancro. Sabemos, também, que há cada vez mais evidências que apontam para a redução da pressão arterial com a diminuição ou eliminação de produtos de origem animal da nossa alimentação. Além disso, a fibra é também um dos importantes contributos que a alimentação vegetariana nos traz e que representa uma importante melhoria na nossa saúde.

Novembro é o mês da expansão da consciência para a alimentação de base vegetal. A principal mensagem a passar será, por isso, esta: não precisamos ser fundamentalistas! Ao mudarmos apenas uma refeição de origem animal, por uma de base vegetal, estamos a dar um grande salto para o futuro! Precisamos, por isso, apenas entender que, com pequenos passos, conseguiremos operar uma enorme transformação no nosso planeta e na nossa saúde.

Aproveitemos, por isso, o mote deste mês para procurar saber mais sobre os benefícios da miríade de vegetais que a terra, naturalmente, nos fornece. Vamos todos salvar o planeta?