Nas eleições para a Câmara de Lisboa são eleitos 17 vereadores. Nas últimas eleições, para eleger um vereador, foram necessários 4,8-5,2% dos votos (cerca de 12500-13000). Nestas eleições, como a participação será superior à anterior (48% de abstenção) serão necessários um pouco mais, mas, tendo em conta as sondagens, o Bloco elege um vereador, a CDU elege pelo menos um vereador, a coligação Novos Tempos (Carlos Moedas) elege seis e a coligação Mais Lisboa (Fernando Medina) elege sete vereadores. Os restantes partidos não irão eleger qualquer vereador. Para estes há sempre a eleição para a Assembleia Municipal, com um boletim próprio. Como elege 61 membros, permite a representação a todas as listas que garantirem cerca de 1,5% dos votos.

Tal como o Papa, na Páscoa e no Natal, que concede uma benção Urbi et Orbi (à cidade e ao mundo).

Também estas eleições não só vão marcar a gestão da cidade, como irão ter consequências profundas na governação do País, quer nesta legislatura, quer na seguinte.

Ficam dois vereadores por atribuir, que só serão conhecidos na noite das eleições. Existem quatro cenários possíveis:

No primeiro, o PS ganha os dois lugares, governa com maioria absoluta, representa um cheque em branco dos cidadãos à política socialista, quer na câmara, quer no País. Ou seja, a nível local, mais despesa, mais funcionários, mais agendas fracturantes. A nível nacional é um convite ao forrobodó com os fundos europeus. A nível de responsabilidade e escrutínio público, os órgãos do Estado geridos pelo PS vão viver na “imunidade”.

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No segundo cenário, o PS e a CDU dividem os dois deputados, o PS necessita da CDU para governar Lisboa, e para aprovar o Orçamento do Estado, e este apoio vai pagar-se muito caro, quer em despesa (logo endividamento), quer no retrocesso nas leis laborais, na política económica, etc. A confirmação da dependência da extrema-esquerda é uma vitória para Pedro Nuno Santos e para a sua visão do Estado. Este cenário poderá ocorrer em situação de elevada abstenção.

Numa terceira hipótese, Moedas e Medina dividem os dois deputados. Medina fica com oito, necessita do Bloco de Esquerda e é a re-edição do mandato atual. Mas o centro-direita cresce e é um sinal prometedor para futuras eleições.

Finalmente, existe uma grande participação cívica (à semelhança de 2001), Moedas ganha os dois vereadores, é a lista vencedora e fica com oito. A esquerda, junta, elege nove. Estando em minoria na câmara, Moedas e a sua equipa terão mesmo de esmerar-se, e procurar compromissos, e estarão permanentemente sujeitos ao escrutínio da esquerda. Este é, sem dúvida, o desfecho que mais interessa aos lisboetas.

A nível municipal representa um “cartão vermelho” a Medina, à sua arrogância e à sua insipiência, particularmente na gestão da habitação. Em termos partidários é um “cartão amarelo” a António Costa, e à sua convergência de esquerda, e também uma advertência à liderança atual do PSD. No plano nacional é um sinal de esperança para que o centro-direita surja novamente unido, com caras novas e um programa inovador para mostrar uma alternativa credível e apelativa ao PS.

Ainda que o cidadão não tenha ficado entusiasmado com o programa de Moedas, e com a sua prestação nos debates televisivos, a proposta desta coligação é muito mais benéfica para a cidade, do que “Mais Lisboa, mais do mesmo” de Medina, com a vantagem, de que se não gostar, daqui a quatro anos pode facilmente mudar. E já o contrário será muito mais difícil.

Relembrando, são 25 mil a 30 mil votos, dois vereadores, que farão a diferença na cidade e no País (Urbi et Orbi).