A pandemia veio acelerar um processo de transformação que está em marcha desde 2015. Quando aderimos à CEE o objectivo era o desenvolvimento e apanhar o pelotão da frente da Europa. O PS (com a ajuda do BE e do PCP) reduziu Portugal a um sítio onde se vive de ajuda externa porque Bruxelas não hesita em despejar dinheiro para cima de problemas que surgem numa fronteira pouco importante.

Com o dinheiro de Bruxelas a entrar nos cofres estatais, o PS não está minimamente preocupado com a economia privada. Quando a falência de uma empresa for socialmente custosa, o estado intervém. Veja-se o caso da TAP. Caso contrário, é deixar andar. Veja-se o caso do alojamento local. Mas as intervenções estatais não deixam de ser dolorosas por serem estatais. Implicam despedimentos e pessoas sem futuro. Pressupõem frieza e falta de diálogo, como a UGT aponta na dura carta que endereçou ao Primeiro-Ministro. Numa sociedade socialista (e esse é o tipo de sociedade que um partido socialista com o apoio de forças comunistas pretende para Portugal) os governos não dialogam nem negociam. Nessas sociedades, os governos impõem a sua vontade. Veja-se, uma vez mais, o que está a acontecer na TAP.

O último debate do Estado da Nação foi sintomático e revelador. Existem duas realidades no nosso país: a que a existe e a do PS. Só esta distinção permite compreender o entusiasmo do governo e dos deputados que o sustentam. Após uma pandemia que deixou a economia privada de rastos, nomeadamente o sector do turismo que chegou em 2018 a representar cerca de 14% do PIB, António Costa apresentou-se no Parlamento como o salvador da pátria. Não só anunciou o fim da pandemia como se mostrou inspirado para “abrir uma nova janela de esperança e aproveitar as oportunidades irrepetíveis que os próximos tempos nos trarão.” Nesse sentido, Costa e o PS contam com o famoso Plano de Recuperação e Resiliência e ainda com o novo Quadro Financeiro Plurianual da UE. O primeiro será maioritariamente canalizado para a modernização do estado; o segundo visa dotar os socialistas de meios para levarem por diante políticas públicas com objectivos eleitoralmente promissores. O êxtase não podia ser maior. O que até se percebe, pois o estado é o PS.

Perante as dificuldades das famílias, e no que mais parece uma tabelinha bem ensaiada, o PCP chamou a atenção para o problema das moratórias com o governo de imediato responder que tudo fará para evitar o pior. Depois de 6 anos a cativar despesa na saúde com a ajuda do BE e do PCP, os socialistas prometem 1,4 mil milhões para o sector. De onde vem o dinheiro? Do Plano de Recuperação e Resiliência. O projecto de integração europeia está reduzido a isto: a receber. O desenvolvimento, que é tornar Portugal produtivo e próspero, tornou-se conversa do passado. Há quem perca o emprego? O estado contrata. Em 5 anos e meio Portugal conta com mais 70 mil funcionários públicos. Um acréscimo superior a 10% num país com uma das maiores dívidas públicas do mundo.

Os sindicatos passaram a ser um empecilho a partir do momento em que a esquerda radical tomou as rédeas da governação. As negociações apenas criam atrito quando o governo tem dinheiro fácil e barato para reestruturar as empresas da forma que mais lhe convém. As leis já não se discutem com as empresas nem com os sindicatos e demais instituições que até há pouco tempo eram indispensáveis. Agora basta que o PS se entenda com o BE e com o PCP. A transparência terminou. Os acordos são feitos da mesma maneira que se conseguiu a geringonça: à porta fechada. A opacidade instala-se e aos sindicatos traídos por quem deles se serviu basta-lhes a indignação remetida por carta. Perante tal evidência, e à semelhança do que sucedia nos regimes socialistas, é bem provável que os sindicatos se liguem a partidos de direita. Se quiserem encarem a carta de Carlos Silva a António Costa como um pedido de socorro. Ajuda que não chegará pois os sindicatos deixaram de ser úteis à esquerda.

Os valores que fundamentam uma sociedade livre estão postos em causa. Com o dinheiro europeu e o aumento da despesa pública é provável que o PIB até cresça nos próximos anos, principalmente se tivermos como referência o ano de 2020. Se todos nos pusermos a colocar calhaus uns em cima dos outros, a estatística também guardará registo. Mas será algo falso e sem sentido. Tal qual o que está a suceder à economia portuguesa. Uma economia socialista, doente, politicamente desvirtuada e falida que só sobrevive com ajuda externa. Se nos primeiros 5 anos o governo de António Costa iludiu as contas públicas, a pandemia permitiu que armadilhasse a economia, a política e os equilíbrios que tínhamos até ao presente. O empobrecimento não vai parar; a governação livre de condições e limites está para ficar. O resultado é um regime doente, uma economia falsa e cidadãos desconfiados. Mas até parece que não sabemos qual é o destino dos paraísos socialistas.

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