“The most tragic thing in the world is a man of genius who is not a man of honor”.
George Bernard Shaw

O dicionário da Porto Editora define ‘honra’ como o conjunto de qualidades morais entre as quais se salientam a honestidade e a retidão. Infelizmente, é uma palavra e uma ideia que parece ter desaparecido do nosso vocabulário.

É verdade que o conceito de honra estava alicerçado numa série de princípios que se alteraram ou deixaram de existir, fruto de diversas mudanças sociais que ocorreram ao longo dos tempos. Mas isso não justifica que a ideia de honra tenha sido esquecida; ela poderia ter-se associado aos estilos de vida e valores contemporâneos.

Não obstante, a noção de honra permanece em alguns meios e grupos específicos, nomeadamente no militar e no juramento de Hipócrates que os médicos fazem quando são admitidos na profissão, entre outros.

A honra deve ser ressuscitada para que a usemos como um foco que guia as nossas decisões e uma luz que inspira os nossos comportamentos. É um conceito que faz falta na nossa sociedade, nas nossas empresas e instituições, e na política.

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Ter honra, retidão, integridade e honestidade como princípios e valores orientadores de vida oferece inúmeras vantagens. Na tomada de decisão, exclui-se sempre o que não é honesto; na liderança, institui-se um clima de excelência e de retidão; no quotidiano, promove-se e centra-se a atenção no essencial.

O líder é a pessoa que, na instituição, define os códigos de conduta, tanto pelos valores que implementa como pelo exemplo que dá através das suas atitudes e comportamentos.

O almirante William H. McCraven refere na sua obra mais recente, “The Wisdom of the Bullfrog”, que um líder deve ter um código de conduta pessoal que sirva de âncora para as suas decisões e ações. Dá como exemplo os Marines dos Estados Unidos que adotaram informalmente o lema “morte antes da desonra”.  E acrescenta que fazer o que está certo é importante porque o comportamento e o carácter do líder refletem-se na cultura da instituição e desenvolvem a próxima geração de líderes.

Lamentavelmente, a vida política portuguesa carece também de pessoas que, em lugares de relevo, incluam a integridade e a retidão no seu código de conduta.

Também na vida privada assistimos a casos de pessoas aparentemente bem-sucedidas, com grandes fortunas, mas sem bússola moral. Exploram trabalhadores, enganam clientes, prejudicam o meio ambiente… Se um líder não tem ética, isso é o que predominará na cultura na empresa.

As enormes confusões a que temos assistido nos tempos recentes só existem porque, de facto, a honra, o carácter, a integridade e a honestidade não são valorizados, tanto por quem tem práticas desonestas como pelos portugueses em geral que já esperam e aceitam, sem surpresa, este status quo.

É necessária a palavra de honra.