O PSD abriu a discussão sobre o futuro do partido e a sua liderança. Há escolhas a fazer. Há, por exemplo, esta: o PSD deve entender-se com o PS em questões estruturais que possibilitem a manutenção do sistema que saiu de 1975? Dois grandes partidos que conduzem os destinos do país, dividem entre si os lugares do Estado, sobretudo os cimeiros, tentando garantir os interesses que, nestes anos todos, ou floresceram à volta das relações privilegiadas com o poder, ou precisam dele para se manterem.

Rui Rio e a sua entourage são as caras mais visíveis desta corrente. Têm esta sua conceção como garante da estabilidade do País, independentemente das óbvias mudanças ocorridas no mundo e na sociedade portuguesa desde 75. É uma visão de preservação do passado, partilhada com o PS – e deixou o governo sem oposição. Nas últimas legislativas, reduziu o PSD a 27,8% dos votos.

Há outra corrente, protagonizada por Luís Montenegro, que em comparação com a visão anterior definiria, tomando a citação pelo valor facial, como: a guerra é a continuação da política por outros meios. Para além disso, tem consigo figuras relevantes do partido que partilham uma visão sobretudo economicista do País, na tradição cavaquista.

Esta corrente foi muito importante na transformação de um Portugal pobre num País europeu, nos anos 80 e 90, como foi determinante na superação do resgate pela coligação Portugal à Frente (PaF). Foram momentos altos para o PSD, mas, mais uma vez, o mundo e a sociedade portuguesa mudaram muito desde esses anos do século passado – e também desde o governo da PaF. É uma visão que hoje limita o PSD e continua a assentar muito no passado.

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E há, finalmente, uma terceira via, protagonizada pelo Miguel Pinto Luz, que é, fundamentalmente, mais abrangente e contemporânea na conceção de Portugal e no papel do partido. Esta proposta tem uma conceção das políticas públicas assente na liberdade, no crescimento, na solidariedade e na sustentabilidade. Apresenta um discurso mais marcado pela reforma das instituições, pela liberdade de escolha das pessoas nas questões fundamentais para a sua vida, como a Saúde e a Educação ou como compor as suas reformas, sem preconceitos contra públicos ou privados.

Defende também a valorização do trabalho e da livre iniciativa como motores do crescimento económico, de modo a permitir que as pessoas possam desenvolver um projeto de vida completo, digno e feliz em Portugal, com um nível europeu. Entende como essencial a promoção da justiça intergeracional, o alargamento a cada vez mais pessoas das melhores condições possíveis para que possam desenvolver as suas vidas – e para que ninguém fique de fora. Aposta decisivamente em políticas com impacto no nosso quotidiano, mas sobretudo no futuro de todos, como as alterações climáticas e a tecnologia.

É um regresso do PSD ao futuro – e o PSD, para parar a perda contínua, deve agarrá-lo já.

Não ignoro a experiência dos outros candidatos, mas considero que o Miguel Pinto Luz é o mais bem preparado para transformar o PSD num partido com (e de) futuro, para depois governar o País:

  1. É um profissional. Um político profissional é alguém que exerce cargos públicos por eleição ou indicação e toma decisões que afetam a vida das pessoas que serve. É isto e não outra coisa qualquer. Com este nível de responsabilidade, não passa pela cabeça de ninguém que não se seja profissional, que não se tenha preparação, experiência e capacidade de decisão. Se olharmos para as democracias consideradas avançadas, Reino Unido ou Estados Unidos, os melhores políticos são sempre profissionais (como exemplo, ouvir esta pergunta curiosa cerca dos 5.40 minutos).
  1. É um executivo experiente transversalmente – e é isso o que se vai pedir a um PM –, com uma experiência que acumulou como vice-presidente da Câmara de Cascais. Com cerca de 211 mil habitantes, de 43 nacionalidades, Cascais é uma cidade europeia média e tem as condições ideais para funcionar como um laboratório de políticas públicas no contexto europeu. Assim tem sido nomeadamente na mobilidade, na educação, no ambiente, nas cidades inteligentes, no turismo, na cultura, na reunião entre o investimento privado e a concretização do interesse público, no uso da situação financeira privilegiada do concelho para operar uma redistribuição através da prestação de serviços públicos essenciais da melhor qualidade a que todos tenham acesso.
  1. Fomentou e atraiu para Cascais uma escola de quadros bem preparados pelo estudo e concretização de políticas públicas que podem ser úteis ao PSD. Estes dois últimos pontos realizou-os com Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais.
  1. É novo e open minded. O PSD é o partido mais votado entre as gerações mais jovens e tem de encontrar soluções paras as gerações mais velhas, que se têm afastado, num país em processo de envelhecimento acelerado.

    fonte: Twitter @PCMagalhães

    O PSD é também o maior partido do espaço não-socialista. As últimas eleições mostraram que está vivo, mas mantém-se, em grande parte, desmobilizado.
    Pode ter um papel agregador e redefinidor deste espaço não-socialista. Outro desafio será o de abrir o partido, voltar a atrair para a política quem a vê como uma atividade cívica fundamental. O partido já terá percebido que, se não for assim, perde vantagem competitiva.

  1. Numa nota mais pessoal, o Miguel Pinto Luz é uma pessoa decente. Com tudo o que vemos pelo mundo, parece-me uma qualidade cada vez mais relevante. Sem ela desaparecem o profissionalismo e a inteligência.

Em tempo de Brexit, outro desafio para Portugal e para quem o quer governar nos próximos anos, inspirei-me em William Shakespeare para terminar: “Não adiem, os atrasos têm finais perigosos”. O PSD está com 27,8%.