Embora o imaginário popular esteja cheio de histórias sobre humanoides saídos dos desenhos animados dos Jetsons ou de filmes como “Terminator” e “Star Wars”, no mundo real a robótica é muito mais abrangente do que a ficção científica e muito mais subtil. Qualquer máquina que exiba algum comportamento inteligente pode ser qualificada como um robô. A partir do momento em que programamos o micro-ondas ou aguardamos o timer de uma torradeira, estamos inadvertidamente a usar ferramentas de automação.

Um dos exemplos que percorreu o mundo nas manchetes digitais de iPhone e Androids foi acerca de um grupo de pesquisa que treinou braços robôs para montar uma cadeira da mesma empresa que quer liderar o smart living: a IKEA. Nas grandes cidades da Ásia, e também agora em Lisboa, onde o metro quadrado atingiu preços estratosféricos, os consumidores podem comprar móveis que ficam pendurados no teto enquanto se recebe amigos para jantar ou se faz yoga.

Menos conhecido, mas igualmente surpreendente, é o projeto DFAB House, desenvolvido em Zurich pelo The National Centre of Competence in Research (NCCR) Digital Fabrication, que combina drones e 3D printing com robôs para automatizar as tarefas repetitivas da construção de habitações. Projetos semelhantes estão em andamento na Holanda, Singapura, EUA e China. A combinação de impressão 3D e robótica gera menos desperdício de material e mais velocidade na finalização das casas. Novamente, o padrão que conhecemos da história do fertilizante repete-se: novas tecnologias que criam riqueza, neste caso ao diminuir custos de fabrico.

Quanto mais perto da próxima década estamos, mais lemos sobre as possibilidades da robótica nos mais variados segmentos. Nos EUA, as empresas Aerofarms e a Plenty anunciaram projetos de agricultura vertical com produtividade na ordem de mais de 135 vezes do que métodos tradicionais, além de usar 95 vezes menos água e zero agroquímicos. Também aqui se faz uso de automação inteligente para mover as placas com as plantas e regular a luz desejada (os técnicos descobriram que o sabor das plantas cultivadas varia de acordo com os ajustes das ondas de luz emitidas pelos LED’s).

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Do outro lado do Atlântico, a rede online de supermercados Ocado, no Reino Unido, automatizou o seu depósito com robôs que se movem através de uma grade com coordenadas X e Y, controlados por algoritmos semelhantes aos que existem nos aeroportos para o controlo do tráfego aéreo. A ideia é aumentar a produtividade e a velocidade da equipa que faz entregas, algo fundamental no hipercompetitivo mundo do e-commerce. O uso da robótica nos mais variados segmentos da economia deve começar a ser sentido na segunda metade da década de 2020. Imaginem: robôs a construir habitações populares e seguras no continente Africano; quintas verticais em comunidades em desenvolvimento na América Latina ou serviços RaaS (Robots As A Service) espalhados pela cidade que utilizaremos para montar todos os móveis da sua nova casa. O futuro trará certamente muito mais robôs para nossa vida.

*Jairson Vitorino  é cofundador e CTO da E.Life

Este texto insere-se na série de artigos de opinião denominada “Stranger Topics – Tendências para a década de 2020”, desenvolvida pela Elife – empresa pioneira em inteligência de mercado e gestão de relacionamento nas redes sociais. Cada texto é relativo a uma de oito tendências digitais que a empresa definiu, com base numa perspetiva otimista para a próxima década.