Agora que o Entrudo e os Carnavais foram enterrados, depois da folia e da catarse colectiva em que muitos se entretiveram, guardam-se as máscaras (pelo menos as literais) e regressa-se ao quotidiano. Para os Católicos, inicia-se a Quaresma, expressão originária do latim, quadragesima dies (quadragésimo dia) que separa o período até que celebram a Páscoa e que remonta, como habitualmente, a tradições oriundas de ritos pré-Cristãos do pousio do Inverno e do posterior renascimento da terra na Primavera (atenção, apenas válido para os que habitam a Norte da linha do Equador!).

É, então, um período de preparação integrado num ciclo que antecede celebração e prolongamento. Mas, estendendo agora a metáfora para todos e não somente os que se identificam com a religião Católica, e que portanto não terão um tempo formalmente designado e destinado a “preparação” (leia-se pré-acção), se o dia-a-dia “engole” o comum dos mortais, que na espuma dos dias deixa esmorecer a atenção, a consciência e a escolha, como pode este sonhar e almejar ou sequer reparar-se dos efeitos de tantos quotidianos impostos?

E como fazemos para recuperar por forma a mantermo-nos na “roda” se esse ritmo acelerado em que vivemos não nos deixa abrandar a não ser que algo nos pare? E podem ser tantas as coisas que nos obrigam a tal… AVC, enfarte, dor crónica, ataque de pânico, depressão, burnout,… a existência de problema de saúde grave de um familiar, a ocorrência de problemas conjugais, dificuldades financeiras e contracção de empréstimo significativo, a vivência de factores laborais de stresse… São tantas e tantas as pessoas que vivem neste limiar sem se aperceberem do abismo em que caminham, dos riscos que correm por estarem sempre a “correr”!…

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