Não sei precisar quando foi a primeira vez que vi publicidade a alimentos light, mas creio que terá sido antes da era Google, portanto antes de 1998. Num ápice, o mercado passou a disponibilizar-nos um sem número de produtos com redução de alguns dos seus componentes como gordura, carboidratos ou calorias e ampliou a sua influência bombardeando-nos com mensagens e filosofias de vida supostamente mais saudáveis.

Claro que o mercado faz vista grossa, aliás até rejubila, com o facto de o nível de literacia dos consumidores ser muito baixo no que à compreensão deste tipo de informação e à adoção de comportamentos promotores de saúde diz respeito. Bom, talvez não seja apenas o mercado que tape os ouvidos, os olhos e a boca… Os próprios deputados da Assembleia da República reprovaram propostas de lei com vista à redução do sal nos alimentos!

Mas o conceito light estendeu-se, até porque o tempo de “modernidade líquida” (Bauman, Z. 2000) que vivemos alimenta a narrativa da insegurança e do consumo em que o indivíduo é solitário no seu projecto de vida e toda a ênfase e responsabilidade é colocada em si, na construção ou na escolha de normas a seguir.

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