No passado dia 6 de Dezembro, os venezuelanos acordaram com um propósito bem claro: mudar, através do voto, o destino do seu País! Nesse dia 56,3 % de venezuelanos expressaram a sua vontade soberana e disseram basta a 17 anos de regime chavista e a um desgoverno que conduziu o País, outrora conhecido como a Noruega da América Latina pela sua imensa riqueza, à bancarrota – com uma inflação superior a 700% ao ano – e a uma crise humanitária sem precedentes.

Presenciei em Caracas, juntamente com mais quatro eurodeputados espanhóis, o desenrolar dos acontecimentos e senti o desejo de mudança e a euforia contagiante que pairava no ar.

Apesar das tentativas de boicotes e das ameaças, a oposição conquistara a maioria da Assembleia Nacional com 112 assentos contra 55 do PSUV de Maduro! Os dados estavam lançados, nada podia parar a imensa onda reformista. O sonho de uma Venezuela livre, parecia concretizar-se!

Mas, pouco a pouco, o optimismo dava lugar ao desânimo e frustração, o regime recusava admitir a derrota e aceitar a vontade do povo!

A vida na Venezuela tornou-se insuportável. O regime não perdoa a quem o ofende, a quem ousa sonhar com uma Venezuela livre e democrática. As estatísticas não mentem: os jornalistas são ameaçados e perseguidos, os jornais encerram por falta de papel, a crise energética é tremenda, o número de presos políticos (detidos em condições desumanas) e os atropelos aos direitos humanos não cessam de aumentar. A insegurança, a fome, a falta de medicamentos e de cuidados de saúde afectam todos indiscriminadamente.

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Esta é a imagem da Venezuela dos nossos dias.

A Europa sai lentamente do seu estado letárgico e reage com apreensão aos acontecimentos num país onde vivem um milhão e meio de portugueses e lusodescendentes. Que espera Portugal para reagir? Porquê este silêncio ensurdecedor?

Enquanto por cá se vive a euforia do futebol, na Venezuela o sonho permanece adiado!

Eurodeputado do MPT