Não basta estar ocupado, é preciso ser-se produtivo. Resumindo, esta é a ideia principal que consta no livro “Fazer Mais em Menos Tempo”, de Brian Moran e Michael Lennington (editora Clube do Autor), ambos especialistas em liderança e desempenho, à venda em Portugal desde meados de janeiro.

O livro assenta num plano a 12 semanas (já lá vamos) que promete ensinar o seu leitor a melhorar quatro vezes ou mais o desempenho atual (e resultados associados) num curto espaço de tempo. Na verdade, os autores argumentam que “o desempenho é o único grande diferenciador do mercado”, uma vez que a verdadeira sabedoria está em saber executar bem uma tarefa, fazê-la com firmeza e ser consistente na performance laboral.

O método aplica-se tanto a equipas como a indivíduos, quer a nível profissional quer pessoal, e pretende contribuir para o aumento de rendimento e para a redução do stress, motivo pelo qual optámos por reunir algumas das principais ideias que o livro tem para oferecer. Afinal, quer ou não quer a carreira com que sempre sonhou?

O livro está à venda por 12,50€.

Periodize o seu tempo (é melhor o ano ter 12 semanas do que 12 meses)

O que seria diferente na sua vida se todos os dias desse o melhor de si? A pergunta, feita pelos autores, é o ponto de partida para explicar o processo que leva uma pessoa a ter um desempenho cada vez melhor e estar, assim, mais perto da sua definição de sucesso. Se por um lado há a vida que vivemos e, por outro, a vida que somos capazes de viver, porque não escolher a melhor versão de nós próprios?

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O caminho em causa passa inevitavelmente por um método de execução de 12 semanas. Para melhor o explicar, é preciso referir que, muito provavelmente, é no final do ano que somos mais produtivos porque existe uma meta que se aproxima a passos largos (o dia 31 de dezembro é dia negócios fechados e assuntos arrumados). E, já agora, não raras vezes medimos o nosso desempenho de um ano para o outro. A pensar nisso, os autores argumentam que, muitas vezes, “os objetivos e os planos anuais são um obstáculo para um desempenho elevado” uma vez que, ao acreditar que para o final do ano falta sempre muito tempo, falta-nos o sentido de urgência.

Falta-nos o sentido de urgência, não percebemos que todas as semanas, todos os dias, todos os momentos são importantes. Afinal, o desempenho eficaz acontece diária e semanalmente.” Fazer Mais em Menos Tempos (pág. 18)

A citação acima serve de mote para, em vez de pensarmos em metas anuais, optarmos por ciclos temporais mais curtos. É aqui que entra a periodização, que curiosamente começou por ser uma técnica de treino desportiva concebida para melhorar drasticamente o desempenho. Dela faz parte a ideia de nos concentrarmos numa só tarefa à vez durante um determinado período de tempo, de maneira a maximizarmos a nossa capacidade em cada trabalho. Adivinhou: a técnica de origem desportiva também faz sentido quando aplicada à vida laboral (e pessoal) das pessoas ou equipas:

O Ano das 12 Semanas é uma abordagem estruturada que, fundamentalmente, muda a sua maneira de pensar e agir. (…) Em última análise, é a sua maneira de pensar que dá origem aos resultados que obtém: é o pensamento que gera a suas experiências de vida.”

O método do Ano das 12 Semanas começa, então, por alterar a nossa intenção, uma vez que existe “um elevado sentido de urgência e uma concentração acrescida” face às tarefas que devem ser executadas em ciclos de 12 semanas (um ano passa, então, a equivaler a 12 semanas em vez de 12 meses). “O entusiasmo, a energia e a concentração que se verificam em todos os meses de dezembro acontecem agora continuamente.”

Tenha uma visão clara do futuro que ambiciona (e saia da sua zona de conforto)

Não é muito difícil de perceber que para se desempenhar uma atividade com sucesso é preciso termos um interesse emocional forte no resultado final (nota para o leitor: nem todos os artigos dão o mesmo gozo a fazer). Quando não há uma razão convincente para desempenhar determinada tarefa, dá-se o caso de, por vezes, a pessoa escolher a atividade mais agradável em detrimento da mais desagradável, a mais confortável em detrimento daquela que receamos e sobre a qual temos dúvidas do nosso próprio sucesso. “De acordo com a nossa experiência, a primeira coisa que terá de sacrificar para ter sucesso, para atingir aquilo de que é capaz e pôr os seus planos em marcha é o seu conforto”, escrevem os autores.

Dito isto, é essencial criar e manter uma “visão convincente do futuro”, ou seja, é preciso que consiga vislumbrar tudo o que quer ser a longo prazo, algo que deseja mais do que esse conforto fácil a curto prazo. É pois a sua perspetiva de vida que impulsiona o seu trabalho, uma vez que o maior obstáculo para um bom desempenho é precisamente a criação mental.

Para atingir um nível de desempenho melhor do que o atual, tem de ter uma visão de futuro mais ampla. Tem de descobrir uma visão a que esteja emocionalmente ligado. Sem uma visão de futuro convincente, descobrirá que não há motivo para sofrer a dor da mudança.” (Pág. 28)

Os autores do livro defendem que é precisa uma visão clara do futuro que ambicionamos. (Foto: Getty Images/iStockphoto)

Pontue a sua performance

A avaliação conduz o processo empresarial, lê-se na obra, onde se defende que a marcação de pontos (leia-se pontuação) permite-nos perceber se estamos realmente a ser eficazes. A ideia é simples: se tivermos ao nosso dispor uma pontuação eficaz, somos obrigados a confrontar a realidade — se somos ou não eficientes –, ao invés de fechar os olhos ou, então, cair na tendência para racionalizar os resultados fracos. Apesar de ser difícil enfrentarmos a realidade, a verdade é que quanto mais cedo o fizermos, mais cedo podemos fazer as devidas alterações. E caso pense que esta forma de atuar pode ser desmoralizante, pense duas vezes:

Uma ideia errada habitual é que a pontuação prejudica a autoestima, mas os estudos feitos a este propósito indicam o contrário: a avaliação gera autoestima e confiança, pois documenta o processo e a realização.”

Aprenda a gerir o tempo

Não raras vezes a principal desculpa para não conseguir realizar uma tarefa passa pela falta de tempo. Curiosamente, o livro cita um estudo realizado há alguns anos pela Salary.com que concluiu que, em média, as pessoas desperdiçam aproximadamente duas horas em cada dia de trabalho. É, pois, fundamental aprendermos a gerir o nosso tempo, sendo que o conselho passa por abandonar uma estratégia reativa, no sentido em que se cumpre um dia de trabalho à medida que as tarefas vão surgindo, em detrimento da priorização dos trabalhos, essa arte de saber dizer sim e não às diferentes exigências.

Para tirar o máximo partido de si próprio, tem de aprender a ser mais cuidadoso na gestão do tempo. Viver com objetivos claros vai contra a poderosa tendência natural de ser reativo, pois exige que organize a vida em torno de algumas prioridades e leva-o a escolher conscienciosamente as tarefas que andam a par com os seus objetivos e a sua visão de futuro.” (Pág. 50)

Saiba distinguir interesse de compromisso

Por último, importa referir que existe uma diferença clara entre interesse e compromisso. Escrevem os autores que, quando estamos interessados em fazer algo, só o fazemos quando as circunstâncias o permitem. Quando estamos comprometidos em fazê-lo não há desculpas que nos valham, apenas resultados. Então, está interessado/a ou comprometido/a em melhorar o seu desempenho?