Já ouviu falar em Ebola, certo? Se tiver dúvidas visite aqui o nosso Explicador. Este vírus tem afetado a África Ocidental, nomeadamente a Libéria, Guiné e Serra Leoa. O caso é sério, mas tropeçámos num tweet de Michael Ball, o editor de projetos especiais do Guardian que levanta uma questão: “390 mil pessoas morreram vítimas de Tuberculose e 260 mil de malária desde que o surto de Ebola começou”. Chegou a ser polémico: “Ebola não mata quase ninguém.” A fonte do jornalista não foi revelada, e muito menos queremos desvalorizar este surto de Ebola, que já matou cerca de 700 pessoas.

https://twitter.com/jamesrbuk/status/495027488628932608

https://twitter.com/jamesrbuk/status/495026168895397888

Mas vale a pena perder uns minutos e entender a dimensão deste fenómeno da malária, que tem perdido expressão na agenda mediática, mas que continua fulminante. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a malária matou cerca de 660 mil pessoas em todo o mundo em 2010. Dois anos depois, a organização estima que terá havido 207 milhões de casos de malária, dos quais terão resultado 627 mil mortes — 80% dos casos foram registados em África. O aumento da prevenção e medidas de controlo conduziram a uma queda de 42% na taxa de mortalidade da doença desde 2000 — 49% quando falamos na África subsariana.

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Um relatório da OMS, de dezembro de 2013, estimava que 3.3 milhões de vidas foram poupadas graças às medidas de controlo e prevenção colocadas em andamento desde 2000. A grande maioria são crianças com idade até cinco anos, residentes em apenas dez países. A ação dos governos aumentou e expandiu o financiamento para ajudar a reduzir a incidência da malária: a organização estima que esse valor seja 29% a nível global e 31% em África. No mesmo relatório, a OMS diz que a taxa de mortalidade por malária em crianças africanas desceu cerca de 54%. A quantidade de tratamentos distribuídos teve um forte impacto na queda dos valores acima referidos: em 2006 foram distribuídas 76 milhões, enquanto em 2012 já ultrapassava os 330 milhões.

Mas há boas notícias: a primeira vacina do mundo contra a malária poderá estar a chegar já no próximo ano, contou o Globo na quarta-feira. As experiências mostraram resultados animadores: acredita-se que 800 em cada mil casos da doença podem ter sido evitados, diz uma publicação na revista cientifica “PLoS Medicine”. O efeito da vacina durou 18 meses após a injeção. A farmacêutica GlaxoSmithKline já pediu autorização para dar início à produção do medicamento.

“Este é um marco. O cenário de desenvolvimento da vacina da malária está repleto de cadáveres. Precisamos de manter um olhar atento para os eventos contrários, mas tudo parece estar no caminho certo para que a vacina seja aprovada já no próximo ano”, explicou ao Globo, Sanjeev Krishna, um professor de parasitologia molecular e medicina na Universidade de Londres. Krishna não esteve presente durante a pesquisa, mas analisou os resultados. A última experiência continuou a dar sinais promissores: 1500 crianças e bebés de países africanos receberam o medicamento e, após 18 meses, o número de casos de malária recuou para metade no caso das crianças e um quarto nos bebés.

Os resultados são encorajadores, mas os cientistas ponderam reforçar a dose da vacina. “De facto, chegar a esta fase é muito encorajador. Aguardamos ansiosamente os próximos resultados para ver como é a proteção duradoura e se ainda há espaço para um reforço na dose”, afirmou Krishna. O Globo estima ainda que 800 mil pessoas morrem anualmente vítimas de malária, sendo que a grande maioria são crianças africanas com menos de cinco anos. A vacina está a ser desenvolvida pela GlaxoSmithKline juntamente com a Malaria Vaccine Initiative, uma organização sem fins lucrativos. Esta investida contra a malária tem o financiamento da Fundação Bill & Melinda Gates.