O terrorismo moderno e os extremistas jovens conhecem bem o poder das redes sociais. Partilham imagens e vídeos dos atos cometidos, por um lado para espalhar a onda de pânico, por outro, como meio de propaganda para angariarem mais seguidores. O Twitter, não querendo compactuar com este uso da rede, começou a cancelar o acesso a vários elementos que considerou guerrilheiros do Estado Islâmico. Os radicais islâmicos começaram então a migrar para redes sociais que lhes permitem o anonimato, como a Diaspora.

A Diaspora surgiu em 2010 em resposta à política de privacidade do Facebook. Está assente em três princípios fundamentais que poderão ter atraído os seguidores do ISIS: descentralização – em vez de ter um servidor central, tem vários pequenos servidores em qualquer local no mundo; liberdade – não é preciso usar a identidade real e cada pessoa é livre de usar o programa como quiser; privacidade – os dados pessoais não precisam de ser partilhados com ninguém, nem com o gestor da rede.

Como a equipa que desenvolveu o projeto Diaspora não controla o que se passa em cada servidor local (pod) não tem maneira de controlar ou remover conteúdos, revelou a equipa no blogue do projeto. Porém, a equipa da Diáspora já conseguiu reunir uma vasta lista de contas relacionadas com os guerrilheiros do ISIS e neste momento estão a contatar cada administrador (podmin) e a pedir-lhes que retirem do respetivo servidor os conteúdos relacionados com os atos terroristas do ISIS. “Até agora, todos os pods de maior tamanho já removeram as contas e publicações relacionadas com o ISIS.” Cada utilizador também pode denunciar conteúdos, mas em todos os casos a decisão final cabe aos administradores locais.

“Em termos da tecnologia de base, os serviços descentralizados são incrivelmente difíceis de manter sob a alçada da polícia. De cada vez que são reprimidos, os serviços tornam-se mais espertos e melhores a escapar à deteção”, explicou à BBC Jamie Bartlett, autor do livro The Dark Net, que fala sobre serviços de internet escondidos e redes sociais descentralizadas. “É absolutamente inevitável que as organizações como o ISIS sejam os primeiros a aderir a este tipo de inovações.”

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E se os conteúdos continuarem online?

Apesar de os conteúdos serem impressionantes, os serviços de informação norte-americanos preferem que as contas e conteúdos não sejam removidos, informou ao Mashable um empregado de uma rede social que preferiu não se identificar, nem à companhia em que trabalha. A análise dos conteúdos poderá permitir descobrir as estratégias e redes a que os radicais islâmicos estão ligados.

Para dar ainda mais crédito a esta ideia, um jornalista afirmou ter identificado em que local estão a ser treinados novos membros do Estado Islâmico com base numa fotografia publicada no Twitter. Com base nos elementos que era possível identificar na fotografia, o jornalista conseguiu fazer uma localização do centro de treinos usando os programas Google Earth, FlashEarth e Panoramio.