O governo dos EUA cometeu “extorsão” quando injetou 182 mil milhões de dólares na American International Group (AIG), em Setembro de 2008. A acusação é do advogado de Maurice Greenberg, presidente da empresa ao longo de quase 40 anos e que saiu em 2005.

“Hank” Greenberg, como também é conhecido, está a processar o Tesouro norte-americano por este ter “tomado” uma participação de 80% no capital da AIG. Na sua opinião, a forma como o resgate foi promovido foi inconstitucional. Exige uma indemnização de 25 mil milhões de dólares no processo judicial que arranca esta semana em Washington.

A AIG foi alvo de um resgate em setembro de 2008, perto da altura em que se permitiu que o banco de investimento Lehman Brothers caísse em falência. A AIG, uma seguradora de grande dimensão que foi “apanhada” nas malhas do mercado de crédito de alto risco (“subprime”), esteve a meras horas de cair em bancarrota.

Tesouro assumiu uma participação de 80% no capital, reduzindo drasticamente o valor das ações existentes.

Em troca da injeção de liquidez, montada entre o Tesouro dos EUA e a Reserva Federal, o Tesouro assumiu uma participação de 80% no capital, reduzindo drasticamente o valor das ações existentes. Além disso, definiu uma taxa de juro de 14% até que a aplicação fosse integralmente recuperada – o que já aconteceu.

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“Foi cobrada uma taxa extorsionária”, acusou segunda-feira David Boies, advogado de “Hank” Greenberg, na declaração de abertura do processo judicial, em Washington. “Tentaram diabolizar a AIG e sugerir que a AIG era, de alguma forma, um símbolo dos problemas associados à crise financeira”.

O advogado, citado pela Bloomberg News, aponta que nos resgates aos bancos Citigroup e Morgan Stanley foi cobrada uma taxa de 4% na liquidez concedida e não foi assumida qualquer posição acionista. É por essa razão que Greenberg considera ilegal a forma como foi feito o resgate à seguradora.

Greenberg, hoje com 89 anos de idade, foi até 2005 presidente da AIG, Quando saiu da presidência da seguradora, dedicou-se ao seu veículo de investimento Starr International, que acumulava uma participação de 11% no capital da AIG. Era o maior acionista da empresa e diz ter tentado, nos “dias quentes” de setembro de 2008, tentado oferecer ao Tesouro e à Reserva Federal a sua opinião sobre como se poderia lidar com as perdas encontradas na AIG e que levaram à intervenção com dinheiros públicos. A oferta de ajuda foi recusada, diz o próprio.