O PS acusou hoje o Governo de estar a procurar repetir “a burla” da campanha eleitoral de 2011 e o ministro da Segurança Social de “falsear” a interpretação sobre a evolução da taxa de desemprego em Portugal.

Estas acusações foram feitas por João Galamba, membro do Secretariado Nacional do PS, em conferência de imprensa, após o ministro Pedro Mota Soares ter defendido que se verificou uma recuperação do país ao nível do emprego nos últimos quatro anos.

“O primeiro-ministro e vários membros do Governo têm feito um conjunto de afirmações sobre a realidade portuguesa que são quase todas mentira – afirmações ou sobre emigração, IVA, ou sobre emprego. A sucessão dos acontecimentos mostra que, neste ano eleitoral, o Governo prepara-se para tentar repetir a burla que cometeu em 2011, mentindo descaradamente e sem qualquer pudor aos portugueses”, declarou o dirigente socialista.

João Galamba acusou depois o ministro e dirigente do CDS Pedro Mota Soares de ter faltado à verdade quando, na terça-feira, sustentou a tese de que há atualmente menos desempregados do que quando Portugal assinou o Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF) com a ‘troika’ (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) em maio de 2011.

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“Sob qualquer perspetiva essas afirmações são falsas”, sustentou o membro do Secretariado Nacional do PS, começando por apontar que no segundo trimestre de 2011 a taxa de desemprego era de 12,1 por cento, sendo agora de 13 por cento.

João Galamba citou também dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre o número de desempegados, segundo os quais “é maior hoje do que em 2011”.

“A taxa de desemprego (assim como o conjunto de estatísticas) deve ser utilizada como um instrumento de conhecimento e compreensão da realidade e não como uma forma de ocultação da realidade. Quando o ministro da Segurança Social fala da taxa de desemprego esquece pelo menos duas realidades que invalidam qualquer comparação com o ano 2011: em primeiro lugar, saíram [entretanto] cerca de 250 mil portugueses das estatísticas de emprego, que o INE considera desencorajados e que são pessoas que desistiram de procurar emprego; em segundo lugar, a taxa de desemprego também não inclui os valores brutais da emigração nos últimos quatro anos (só a emigração permanente atingiu um valor acumulado de 200 mil)”, sustentou o dirigente socialista.

Ou seja, segundo Galamba, caso se somem os trabalhadores desmotivados aos da emigração permanente, “chega-se aos 450 mil, os quais se juntam aos 650 mil desempregados”.

“Se estes valores fossem incluídos, a taxa de desemprego não seria de 13 por cento, mas um pouco superior a 20 por cento”, advogou o membro da direção do PS.