A S&P tornou-se quarta-feira a terceira agência de rating em dois dias a mostrar dúvidas em relação aos planos orçamentais do governo, depois de a Moody’s e a Fitch terem feito o mesmo.

Em declarações difundidas na quarta-feira aos jornais, a S&P comenta o seguinte: “Como já temos dito, a nossa expectativa é que o governo continue empenhado nas políticas que favoreçam a consolidação orçamental, ainda que a um ritmo mais lento do que anteriormente, o que fica demonstrado no objetivo de défice de 2,6% do PIB, contra os 1,8% previstos pelo anterior governo”.

“Entre outras coisas, notamos, contudo, que a projeção de crescimento assumida para o PIB parece pender para o lado otimista. O que implica que se o crescimento económico tiver um desempenho abaixo do previsto pelo governo, serão necessárias medidas de redução do défice adicionais, para cumprir o objetivo. Aí, acreditamos que a estabilidade do governo seria colocada em causa”.

A agência de rating termina dizendo que ,”em simultâneo, desvios significativos ou reversões da política económica podem levar a uma divergência significativa face às métricas de crédito atualmente previstas. O que, por sua vez, irá pesar negativamente no investimento na economia portuguesa e na trajetória orçamental e económica a médio prazo no país”.

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Em setembro, a S&P não previa alterações à política

A agência S&P subiu o rating de Portugal em setembro, poucas semanas antes das eleições. A agência norte-americana dizia esperar que as políticas de consolidação orçamental iriam continuar, “independentemente do resultado das eleições” de dia 4 de outubro.

“Contamos que, na sequência das próximas eleições legislativas de outubro, o novo governo se comprometa com políticas que suportem o crescimento económico e a continuação da consolidação das contas públicas”, escreveu a S&P na altura. A agência denotou, aliás, que para esta subida de rating foi assumido que existe um “compromisso dos vários partidos quanto à consolidação orçamental em curso”.

“Na nossa opinião, caso as reformas estruturais em curso não continuem, nas áreas do mercado laboral e da produtividade, isso poderá penalizar a atividade futura de investimento em Portugal e na economia portuguesa, o que será negativo para o crescimento”, notou, ainda, a agência.

Na altura, o rating passou de BB para BB+, o nível menos negativo na escala da S&P dentro da classificação de dívida especulativa. Isto significa que, apesar desta melhoria do rating, a S&P continuou a recomendar a dívida portuguesa apenas aos investidores que assumem maiores riscos nas suas carteiras, em oposição àqueles mais conservadores – como os fundos de pensões – que tendem a limitar-se ao investimento em ativos com notação de risco de qualidade.