A história da InstaSports começou a uma terça-feira à noite, 8 de julho de 2014. Em plenas meias-finais do Mundial de futebol, a seleção alemã vergava a brasileira com uma vitória histórica, por 7-1, assegurando a presença na final (que viria a vencer), num jogo que viria a ficar conhecido como o “Mineiraço“.

Saul Henriques e Rodolfo Mourato, à data com 28 anos, viam o pesadelo brasileiro em Portugal, “no café, com amigos”. Viam Júlio César — hoje guarda-redes do Benfica — a ir buscar a bola às redes, vez atrás de vez. E acharam aquilo “tão pouco normal” que decidiram partilhar uma fotografia deles com o resultado da partida, no fim do jogo. Procuraram aplicações mas não encontraram nada que servisse bem o efeito. E acabaram por criar a InstaSports — a app que permite aos fãs de futebol partilharem fotografias com fundos relacionadas com a equipa e resultados dos jogos, em tempo real.

A aplicação que desenvolveram, gratuita e, por enquanto, disponível apenas para iPhone, pode ser usada por quase todos os fãs de futebol — dos que estão num estádio de futebol e querem partilhar esse momento com os amigos aos que não estão, mas que querem partilhar o que sentem ao ver o jogo. E não se ficam por aqui. Saul e Rodolfo querem negociar contratos com marcas, para que alguns dos fundos das imagens sejam “suportadas” por elas — “porque há marcas que não se dissociam dos clubes”, explica.

E com quem é que a InstaSports já assinou contrato? Com o Benfica. Ao Observador, Saul Henriques afirma que a empresa terá, na próxima época desportiva (2016-2017), “packs para os adeptos do Benfica partilharem”, desenhados especificamente para serem utilizados pelos adeptos durante os jogos dos encarnados. Neste momento, a InstaSports está ainda em conversas com “cinco clubes europeus de topo”, que o cofundador da empresa ainda não quer revelar.

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Quando tiveram a ideia, os dois cofundadores já trabalhavam: Saul Henriques na área das tecnologias — era project manager de mobile — e Rodolfo Mourato era diretor financeiro de uma empresa. Mas os sete golos de Thomas Müller, Miroslav Klose, Toni Kroos (2), Sami Khedira e André Schurrle (2) mudaram-lhes a vida.

Éramos amigos e, curiosamente, na altura do 7-1, estávamos com a Alemanha. Ficámos com aquela ideia. Fomos falando e em 2015 começámos a fazer o InstaSports”, recorda Saul Henriques ao Observador. Em maio, lançaram-na na App Store.

Como é que tudo funciona? Os utilizadores têm um conjunto de skins [fundos] personalizáveis para cada jogo. Podem escolher o que mais gostarem e acrescentar uma fotografia que podem tirar (ou não) no momento. Depois, podem guardá-la ou partilhá-la diretamente nas redes sociais. Em baixo, está uma das skins que a InstaSports disponibiliza para a seleção portuguesa. A acompanhá-la está uma mensagem personalizada de um utilizador (notoriamente feliz com o golo português), uma fotografia do herói da partida, Ricardo Quaresma, e o resultado em tempo real: Portugal um, Croácia zero.

quaresma instasports

InstaSports quer chegar à Europa

Saul Henriques e Rodolfo Mourato apostaram fortemente neste Europeu de futebol para promover e fazer crescer a aplicação (leia-se, o número de utilizadores). A InstaSports criou um pack exclusivo de skins para as Seleções presentes no evento. Por agora são todos gratuitos, mas a ideia para competições futuras, diz Saul Henriques, é que passe a existir um número limitado de fundos gratuitos, com o pack completo a ser pago pelos adeptos mais fervorosos.

O objetivo é apanhar, principalmente, os clubes da Europa, para já. Não temos tido grande dificuldade de contacto, eles têm percebido que isto é uma mais-valia para os adeptos e em termos de engagement [promoção da comunicação entre clubes e adeptos]”, explica o responsável.

No que toca a objetivos para este ano, os líderes da InstaSports têm vários em mente: adaptar a aplicação para Android, “porque precisamos de estar na plataforma que chega a mais pessoas”, aumentar a base de utilizadores, tentar angariar financiamento em venture capital [capital de risco] — para que a empresa possa ter “alguma sustentação financeira”, que permita “chegar ao máximo de clubes possível” — e ter um conjunto maior de skins disponíveis, para os adeptos das mais variadas cores clubísticas.

Até agora, a empresa tem recorrido a capitais próprios para se financiar. Saul Henriques, fundador da InstaSports, prefere não revelar os valores que têm sido investidos mas diz que, nos últimos tempos — “nas últimas duas a três semanas” — existiu uma abordagem com “uma empresa de capital de risco”. Apesar de não haver nada fechado, esse é um dos instrumentos que a empresa quer explorar no futuro, confirma.

*Tive uma ideia! é uma rubrica do Observador destinada a novos negócios com ADN português.