Os socialistas não perdoam o “chumbo” de António Correia de Campos para novo presidente do Conselho Económico e Social (CES). O ex-ministro da Saúde deveria ter sido eleito esta quarta-feira, mas ficou muito aquém da maioria de dois terços que precisava para receber a nomeação. Na hora de apontar o dedo, o PS não tem dúvidas: a responsabilidade foi dos sociais-democratas. Carlos César, líder parlamentar do PS foi duro nas palavras para o PSD, que acusou de falta de honra e de ética. Luís Montenegro, do PSD, diz-se disponível para voltar a votar Correia de Campos e para sensibilizar melhor os deputados.

Esperar-se-ia que, para além dos votos naturais do PS, o PSD também votasse a favor. Há partidos que dão valor aos seus compromissos e há pessoas que honram a sua palavra. Não foi o caso, nem é o caso do PSD”, acusou Carlos César, líder da bancada parlamentar socialista, no final da reunião plenária.

Entre acusações de falta de “ética” e de “honra parlamentar”, o socialista deixou claro que “só o PSD pode encontrar razões para se envergonhar de si próprio”.

A terminar, Carlos César admitiu que o PS vai agora ponderar qual é o próximo passo a seguir, junto também de António Correia de Campos, e assumirá uma posição “no início da próxima sessão legislativa”, em setembro. Uma posição sobre “esta e outras eleições”.

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Nas entrelinhas, as palavras de Carlos César podem ser entendidas como uma declaração de guerra ao PSD. É que ainda falta escolher o próximo Provedor de Justiça, cujo candidato será indicado pelos sociais-democratas. As negociações avizinham-se difíceis.

Montenegro assume surpresa, mas recusa responsabilidades

Ainda antes das acusações de Carlos César, o líder da bancada parlamentar do PSD, Luís Montenegro, apressou-se a descartar responsabilidades sobre o “chumbo” de António Correia de Campos para presidente do CES. Para o social-democrata, atribuir culpas à sua bancada é um “exercício relativamente mesquinho”.

De resto, Luís Montenegro não escondeu a surpresa com o resultado das eleições. “Não estávamos de facto à espera”, assumiu o líder parlamentar do PSD. Ainda assim, o social-democrata garantiu que o partido mantém o compromisso de propor e eleger conjuntamente com o PS o presidente do CES”. “Disponibilidade total”, acrescentou Montenegro.

Apesar de Correia de Campos ter falhado a nomeação para presidente do CES, Montenegro não excluiu a hipótese de voltar a levar o nome do ex-ministro da Saúde a votos — “não temos nenhuma objeção para que isso possa suceder”, assegurou o social-democrata. No entanto, a eleição do ex-governante socialista parece agora muito improvável.

O processo de escolha para novo presidente do CES será reaberto no início da próxima sessão legislativa. Para já, fica a garantia do líder da bancada parlamentar do PSD: “Vamos redobrar o nosso esforço para sensibilizar os deputados” e “construir no Parlamento uma candidatura que possa ser suficientemente apoiada pelos candidatos”.