Numa tragédia como o sismo que abalou Itália esta quarta-feira, que já fez mais de duas centenas de mortos e deixou milhares de desalojados, há sempre histórias de esperança e de superação que saltam à vista. É o caso da pequena Giorgia, uma criança de 10 anos que esteve soterrada durante 17 horas nos escombros da sua casa, em Pescara del Tronto, e foi salva esta noite. A criança foi retirada do meio dos escombros por volta das 20h, e passou toda a noite em estado crítico no hospital. A notícia do sucesso da operação surgiu esta manhã.

“Começámos rapidamente a trabalhar naquela casa, porque um dos cães tinha detetado algo, mas não tínhamos outros sinais. Não conseguíamos ouvir a voz dela. Quando a encontrámos, foi uma grande alegria”, lembrou, emocionado, um porta-voz dos bombeiros, Danilo Dionisi, à Agência Ansa. Giorgia foi levada para o hospital de Ascoli Piceno, onde foi operada durante a noite. “O inferno dos escombros”, escreveu o Jornal da Sicília, divulgando uma imagem do salvamento de Giorgia:

De acordo com Danilo Dionisi, a recuperação de Giorgia foi “resultado de um esforço de equipa determinado”. Os bombeiros conseguiram descobrir a criança após identificarem a área correspondente ao seu quarto, no meio dos escombros. No resgate de Giorgia houve, contudo, uma má notícia: a irmã da criança não sobreviveu, e foi encontrada morta ao lado de Giorgia. “Estava deitada ao lado dela, não havia, infelizmente, nada a fazer”, disse um voluntário que participou na operação de resgate.

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O caso gerou uma onda de solidariedade nas redes sociais, com muitas pessoas a celebrarem o “milagre” do resgate da criança e a sua recuperação no hospital, e elogiando a “heroína silenciosa”, a cadela que detetou a presença de Giorgia:

As buscas ainda continuam em Pescara del Tronto, devido à possibilidade de ainda haver sobreviventes debaixo das ruínas das casas. “Continuaremos enquanto não tivermos encontrado todos os desaparecidos”, garantiu outro dos voluntários à Ansa.

A história de Giorgia junta-se às várias já conhecidas de sobreviventes do sismo, que já é um dos mais mortíferos de sempre em Itália. O último balanço, que ainda será provisório, já apontava para 247 mortos e mais de 2.500 desalojados.

O sismo teve epicentro perto da localidade de Accumoli, a mais de 100 quilómetros a nordeste de Roma, e afetou especialmente as localidades de Amatrice e Pescara del Tronto, onde as buscas prosseguem na esperança de encontrar mais sobreviventes, como Giorgia.