O presidente da Associação de Lesados do Banif (Alboa) considerou esta terça-feira a solução para os lesados do papel comercial do BES uma reposição de “parte da verdade” e enalteceu a urgência de novos mecanismos de proteção aos pequenos investidores.

Não concordamos que a solução apresentada [na segunda-feira] pelo Governo seja uma bênção, como disse o presidente da Associação de Indignados do Papel Comercial [comprado aos balcões do BES], mas achamos que é mais o repor em parte da verdade”, disse à Lusa o presidente da Alboa, Jacinto Silva, depois de ter sido recebido pelo vice-presidente da Assembleia da República, Jorge Lacão, no parlamento.

O motivo da deslocação ao parlamento da associação de lesados do Banif/Santander Totta prende-se com a petição entregue, depois de recolhidas mais de 4.000 assinaturas, solicitando a criação de mais mecanismos de proteção aos investidores de instrumentos financeiros.

Nessa petição, os signatários consideram que a aplicação da medida de resolução ao Banif, em dezembro de 2015, “foi catastrófica para os investidores não qualificados” e que a recapitalização pública do banco, em 2013 (no valor de 1.100 milhões de euros), foi aproveitada pelos “comerciais e estruturas [do Banif] para venda de produtos às pessoas”. Tendo em conta essa experiência negativa para os investidores, a Alboa defende a criação de “regras claras na delimitação dos perfis dos investidores não qualificados” junto das instituições financeiras.

Outra das propostas da petição promovida pela Alboa é que os bancos sejam proibidos de colocar junto de investidores não qualificados títulos emitidos por entidades com que esses bancos tenham uma relação, nomeadamente emitidos por entidades que fazem parte do grupo desses bancos. Esta terça-feira, assinala-se um ano da integração entre o Banco Santander Totta e o Banif.

O grupo espanhol Santander adquiriu, a 20 de dezembro de 2015, um conjunto de ativos e passivos do Banif, após a medida de resolução aplicada pelo Banco de Portugal ao Banif. Em dezembro de 2015, o Governo e o Banco de Portugal anunciaram a resolução do Banif e a venda da atividade bancária ao Santander Totta por 150 milhões de euros. Foi ainda criada a sociedade-veículo Oitante para a qual foi transferida a atividade bancária com que o Totta não ficou.

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