Novos estudos, publicados no The Royal Society, descodificaram a fala dos donos para com os seus cachorros pela primeira vez. Mais: afirmam que os bichos respondem de volta. O estudo foi realizado em França e os cientistas afirmam que os cachorros reagem de forma positiva quando dizemos frases como: “Quem é que é um menino lindo?”. Já os cães adultos ignoram este tipo de discurso, dá conta a BBC.

Por norma, ao falarmos com os cachorros optamos por um discurso lento e um tom mais agudo. Esta forma de falar é, dizem os especialistas, idêntica à forma como falamos com bebés. A hipótese proposta pelos cientistas é simples: esta é a nossa forma de tentar comunicar e interagir com os “ouvintes não falantes”, ou seja, os que não nos respondem de volta através de palavras mas sim por ações.

O professor Nicolas Mathevon, da Universidade de Lyon/Saint-Etienne, França, afirma que o discurso que dirigimos ao nosso animal de estimação é idêntico ao que fazemos com os bebés e que tem como objetivo atrair a sua atenção e ensinar-lhes a nossa língua. O professor contou que se “descobriu que os cachorros são muito reativos ao discurso do seu dono, especialmente caso não exista outro tipo de interação, como o contacto visual”. Já os cães adultos não reagem de forma diferente se a voz do dono for normal e não “à bebé”.

Para o teste foi apenas necessária uma gravação do dono a dizer frases como “Olá querido, anda cá, quem é um menino lindo?”. Essa mesma gravação foi passada numa sala com cães de diferentes idades. De seguida, comparou-se a reação dos animais com uma gravação de discurso dita ‘normal’. Através das reações dos cães entendeu-se que apenas os cachorros mais jovens reagem de forma diferente a um e outro discurso.

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Segundo o professor, o entendimento mútuo e a própria empatia que existe entre cão-dono vem da convivência entre os dois seres, que remonta há milhares de anos.

O estudo, segundo a BBC, acrescenta ainda que a forma como falamos para os cães bebés é influenciado pela “cara de bebé” que vemos neles. Aquela típica ideia de que “todos os bebés são fofos” implica-se também aos cães. E é esta ideia que faz com que o nosso discurso, para os cachorros, seja igual. A teoria sugere, em suma, que a nossa forma de reagir ao rosto de um animal bebé é idêntica àquela que fazemos no rosto de um bebé humano. Ou seja, queremos cuidar deles.

Também em entrevista à BBC, o psicólogo David Reby, da Universidade de Sussex, afirmou que esta pesquisa poderia levar à análise e melhor compreensão das formas de comunicar entre os seres humanos e os animais que, a longo prazo, poderia levar ao entendimento de como os cães adquirem novos conhecimentos através da comunicação humana.