A ideia era mostrar que o partido está unido e que as críticas internas, podendo ser válidas, não fazem o partido todo. Pelo menos, não neste momento, com eleições autárquicas à porta. Foi essa a mensagem que os vários líderes das distritais do PSD quiseram passar na quinta-feira à noite, num jantar que decorreu em Algés, e de onde saiu uma posição conjunta, assinada por todos. “Esta é a hora das convergências. Não há espaço para agendas pessoais ou paralelas. É fundamental o empenho de todos para vencer este enorme desafio”, lê-se no comunicado a que o Observador teve acesso.

O jantar, que foi organizado à margem da direção nacional do partido, por iniciativa de um pequeno grupo de dirigentes distritais, foi visto como uma forma de apoio ao líder, e contou com a representação de quase todas as estruturas. Só Aveiro e Bragança faltaram. O líder distrital de Setúbal também faltou por motivos de agenda, mas foi o vice-presidente no seu lugar.

No final, as conclusões foram assinadas pelos 18, incluindo os dois que não estiveram presentes, e ficou já apalavrado um próximo encontro, em março. A ideia é tornar as reuniões informais mais regulares para que as distritais se “conheçam melhor, “se ajudem mutuamente”, para poderem “ser mais úteis uns aos outros”, explica Nuno Serra, líder da distrital de Santarém ao Observador. Numa mensagem de coesão e de apoio à liderança do partido, os dirigentes reiteraram que é tempo de união e de trabalho, porque “só com o partido unido” é que será possível “superar os desafios que aí vêm”, acrescenta ao Observador outro presidente de uma distrital social-democrata.

Rejeitando os críticos internos que se movem por aquilo que classificam de “agendas pessoais ou paralelas” e rejeitando qualquer ideia de congresso antecipado prévio às autárquicas de outubro deste ano, as distritais sociais-democratas bateram o pé para dizer que o aparelho do partido são as estruturas distritais e concelhias e não alguns barões que “se representam a si próprios e que têm muito eco na opinião pública”, como refere ao Observador Bruno Vitorino, líder da distrital de Setúbal, que apenas faltou ao jantar por falta de agenda.

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Não quer isto dizer que todos concordam com tudo na forma como a liderança do partido está a ser conduzida, explica Bruno Vitorino: “Mas com autárquicas à porta temos de estar unidos”, diz. O objetivo é claro e aparece definido no comunicado emitido no final do encontro: “Ganhar as eleições autárquicas e fazer uma oposição determinada ao Governo, onde o PSD consolide a posição de maior partido português, sendo a alternativa séria, credível e realista em que os portugueses podem confiar”.

Sobre a estratégia autárquica, os dirigentes distritais dizem-se comprometidos com “os princípios, as diretrizes e a estratégia”, assim como com os calendários, traçados pelo partido em conselho nacional. “Estamos comprometidos (…), do mais humilde dos militantes aos mais destacados, ninguém está dispensado de dar o seu contributo”, lê-se.

Este será o foco da nossa ação em ano de eleições autárquicas: em articulação com a direção nacional, libertar o país do garrote ideológico a que esta coligação e Governo nos aprisionou, apresentando os melhores candidatos a todos os municípios e freguesias”, acrescentam na missiva.

Para terminar, os líderes distritais deixam por escrito a preocupação, que já foi expressa por vários dirigentes nacionais do partido, de que o Governo socialista venha a interferir no processo eleitoral autárquico a favor do PS. Para isso dão o exemplo da antecipação de verbas para obras em algumas câmaras municipais, na sua maioria socialistas, e, à semelhança do que já tinha feito o líder dos autarcas sociais-democratas, Álvaro Amaro, apelam ao Presidente da República para assegurar a “isenção do Governo na sua atuação”.