A Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR) anunciou esta quinta-feira que vai realizar uma manifestação devido ao “descontentamento e desmotivação” dos militares da GNR, que se sentem “defraudados” com a ministra da Administração Interna.

O presidente da APG, César Nogueira, avançou à agência Lusa que a manifestação ainda não tem data marcada, o que será feito nas reuniões das delegações da associação que vão decorrer nos próximos dias. César Nogueira adiantou que a não concretização das promoções em atraso é o principal motivo de descontentamento dos militares da GNR, considerando inaceitável a decisão do Governo de apenas promover perto de 700 elementos da corporação.

Na quarta-feira, dirigentes da APG estiveram reunidos com a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, que confirmou a não efetivação de todas as promoções em atraso e avançou que estão dependentes de despacho conjunto com o Ministério da Finanças. Segundo César Nogueira, inicialmente havia uma lista que propunha a promoção de 1.900 militares, mas apenas vão subir de categoria 684.

As promoções são propostas à tutela pelo comandante-geral da GNR e dizem respeito a 2016, sendo consideradas necessárias para o funcionamento da instituição. O presidente da APG sublinhou que há militares da GNR que esperam há mais de dez anos para serem promovidos, situação que considerou “insólito e que justificava a aplicação de um regime de exceção”. De acordo com César Nogueira, entre 2 mil a 3 mil guardas estão nesta situação.

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Esta medida “agravará as já muitas consequências orgânicas, bem como certamente refletir-se-á numa maior desmotivação dos profissionais da GNR que, a dado momento acreditaram que esta situação injusta se iria resolver”, considera a APG. Outro motivo de descontentamento está relacionado com as alterações ao custeamento do fardamento, passando agora os militares a pagar a primeira remessa.

César Nogueira afirmou que os militares da GNR vão começar a descontar mensalmente 10 euros por mês, em 18 prestações, para pagarem as alterações ao fardamento. O presidente da AGP considerou “absurdo que sejam os profissionais a custear decisões da tutela”, referindo que a primeira remessa de um novo fardamento era até à data paga pela GNR.

Apesar de desconhecer a proposta final do estatuto profissional da GNR, que segundo avançou a ministra a APG, deverá ser aprovada no Conselho de Ministros de 23 de fevereiro, César Nogueira manifestou-se contra o regime de passagem à reserva e reforma e redução dos dias de férias. O novo estatuto prevê que os militares passem a ter 22 dias de férias, fazendo depender mais três dos resultados da avaliação de mérito.