O consumo de Spice, uma droga muitas vezes confundida com canábis, lançou o caos em Manchester este fim de semana. Só entre as 19h45 de sexta-feira e as 19h45 de sábado, a polícia recebeu 31 chamadas relacionadas com o consumo desta droga sintética, que deixa as pessoas em estado zombie, 14 das quais porque pessoas tinham colapsado na rua, avança o The Guardian.

Na sequência desses contactos, a polícia de Manchester impôs uma ordem de dispersão, durante 48 horas, no centro da cidade, na sexta-feira e no sábado. Vários agentes retiraram da rua todas as pessoas suspeitas de terem consumido Spice, tendo feito um número de detenções recorde. Só nas últimas três semanas, foram detidas 51 pessoas no âmbito da Operação Mandera, uma ação de combate ao tráfico de drogas.

Alucinações, psicose, fraqueza muscular e paranóia são alguns dos efeitos da Spice. O The Sun divulgou várias fotografias, onde se veem pessoas caídas na rua ou andar, literalmente, como zombies. O tablóide refere mesmo que, em Londres, o número de jovens viciados em spice tem vindo a aumentar nos últimos dois anos.

Uma droga acidental

Quando surgiu pela primeira vez no Reino Unido, refere o The Guardian, a spice era descrita como uma substância com efeitos semelhantes aos da canábis. Especialistas concluíram depois que os seus efeitos eram muito mais fortes e imprevisíveis — comparáveis aos efeitos de drogas alucinogénias como LSD — e, segundo Robert Ralphs, especialista em criminologia na Manchester Metropolitan University, pode ser tão ou mais viciante do que a heroína.

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Apesar de inicialmente estar disponível para compra em lojas físicas e online, o tráfico e a produção de Spice e de outras substâncias psicoativas (mas não a posse) acabaram por ser banidas a partir deste ano com a Psychoactive Substances Act 2016, uma lei cujo objetivo é restringir a produção, venda e tráfico de substâncias psicoativas.

De acordo com o The Sun, a spice foi criada acidentalmente por John Huffman. O professor da Clemson University (Carolina do Sul, EUA) estava a investigar uma nova forma de desenvolver um anti-inflamatório, um processo que envolvia a criação de centenas de tipos sintéticos de canábis, sendo um deles o JWH-018. Apesar de Huffman ter declarado a substância inadequada para seres humanos em 2006, dois anos depois começou a estar disponível na internet como uma forma de incenso ou fertilizante para plantas.

O alerta sobre esta droga não é novo e já chegou a outros países antes, como é o caso da Rússia.

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