A associação das pequenas bombas
Karan Mahajan
(Relógio D’Água)

Agora que o Ocidente parece estar a perceber que terá que conviver com um “terrorismo de proximidade”, espontâneo, artesanal e de baixa intensidade, há muita matéria para meditação no segundo romance deste americano de ascendência indiana e que cresceu em Nova Delhi. As bombas, diz-nos Mahajan, não mudam a vida apenas daqueles que são apanhados na explosão e há estilhaços invisíveis que ficam cravados na carne para toda a vida. Um arriscado equilíbrio entre trágico e cómico e entre crueldade e ternura.

A sétima função da linguagem
Laurent Binet
(Quetzal)

Uma sátira delirante ao mundo intelectual francês disfarçada de thriller. Tudo começa com o atropelamento de Roland Barthes por uma carrinha de uma lavandaria, em Paris, a 25 de Fevereiro de 1980. O atropelamento, que ditaria a morte do filósofo alguns dias depois, foi real, boa parte das personagens convocadas por Binet – Michel Foucault, Julia Kristeva, Louis Althusser, François Mitterrand, Giscard d’Estaing, entre muitos outros – também o são, mas os fios que Binet tece para as ligar num complexo enredo são um prodígio de invenção e humor negro.

Cartas de amor e de guerra
Mikhail Chichkin
(Ítaca)

Dois amantes trocam cartas ardentes de paixão. Depois percebe-se que os separa não só o espaço mas também o tempo. E que o diálogo epistolar é antes um duplo monólogo, unido por fios quase invisíveis e que oscila livremente entre delírio vaporoso e lucidez cortante. Para exemplo do segundo caso, fique-se com esta frase: “A família é o ódio entre pessoas que não podem passar umas sem as outras”.

A evitar por quem entenda que no final dos romances todos os fios deverão ser atados, a investigar a quem aprecie romances que ficam a reverberar dentro de nós durante meses ou anos.

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