Há sempre uma música mais querida do que todas as outras na obra de uma banda. Os Alt-j fizeram um segundo e um terceiro disco, mas ainda é “Matilda”, do estreante An Awesome Wave, que está na ponta da língua e do balanço dos pés de milhares de fãs que se juntaram, esta quinta-feira, em frente ao palco principal do NOS Alive.

Em 2013, cantaram-na neste mesmo festival, num palco secundário demasiado pequeno para o hype que havia em torno do trio britânico. Cantaram bem alto “this is for Matilda”, por cima do timbre tão característico de Joe Newman.

Em 2015 já tiveram direito a ser vice cabeças de cartaz no palco principal. Ei-los agora de volta, qual evento bianual, com novidades fresquinhas de Relaxer, logo a abrir com o single “3WW”. O palco parecia cheio de servidores, a darem o ambiente tecnológico em que se inspira o disco, na linguagem dos 0 e 1, e eles a cantarem”I just want to love you in my own language”.

© Júlio Pimentel

Com guitarra, teclas, bateria e percussão, os Alt-j deram ao público um buffet de canções dos três discos, como “Cold Blood” e “Something good”, “Dissolve Me” e “Every Other Freckle”. Em tudo, uma coerência, uma marca que não deixa dúvidas sobre que banda estamos a ver em palco.

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Perto do fim, “Matilda”. E foi a partir do hino que o ambiente parecia estar a animar-se, apesar de os três homens não se desviarem um milímetro do seu lugar em palco e de também não terem muito mais palavras para além de “obrigado” e “boa tarde”.

“Fitzpleasure” caiu que nem ginjas — An Awesome Wave, claro. “Left Hand Free” capitalizou os ganhos conseguidos até aí, “Breezeblocks” deu a machadada final em qualquer resistência de espírito. Estávamos finalmente prontos para a entrega total ao concerto, e eis que ele termina quando parecia que agora é que estava mesmo, mesmo a começar. Que pena. Mas teremos sempre uma nova oportunidade.

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