A gerente de uma serração afetada pelo incêndio de Pedrógão Grande disse esta segunda-feira que ainda não tem ideia do valor real dos prejuízos causados na empresa, mas estima que rondem os cinco milhões de euros.

“Não tenho ideia ainda do valor do prejuízo. Tínhamos aqui maquinaria diversa, alguma no valor de 400/500 mil euros. Os valores são elevados, devem rondar aproximadamente os cinco milhões de euros”, afirmou Sandra Carvalho, gerente da Serração Progresso Castanheirense, durante uma visita que a líder do CDS-PP, Assunção Cristas, fez à serração destruída pelos incêndios.

A empresária explicou que apesar de ter seguro para o imóvel e matéria-prima, o incêndio atingiu a fábrica num sábado, altura em que tinham no recinto grande parte da maquinaria que o seguro não cobre, porque a causa foi alheia à empresa.

Sandra Carvalho disse que recebeu a visita de algumas entidades nos dias a seguir à tragédia, mas adianta que nada de concreto lhe foi dito.

Queremos continuar a trabalhar. Nada de concreto nos foi dito, exceto algumas soluções de crédito a longo prazo, mas que de todo seria para nós uma solução”, sublinhou.

A empresária deixou ainda um apelo: “Não se esqueçam de nós. O país precisa de empresas como a nossa. Sem apoios é muito difícil continuar. O que tínhamos [verbas] está a ser investido em maquinaria e não temos logo um retorno”.

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A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, prometeu acompanhar a situação e vir ao terreno a cada dois meses para ver a evolução.

“Escolhemos esta altura para ver, depois do primeiro impacto, o que está a acontecer no terreno”, explicou.

E não ficou muito satisfeita com aquilo que constatou: “O que ouvimos aqui [serração] é que a primeira resposta foi mais no sentido de dizer-se se quiserem fechar que apoios há”.

Assunção Cristas entende que está a faltar a parte dos apoios para aqueles que querem continuar a trabalhar.

“Iremos propor ao Governo também soluções. Foi uma surpresa para mim ouvir dizer que a solução de fecho foi a mais simples”, sustentou.

A líder centrista sublinha que o Governo tem que fazer uma “afinação” para dar respostas aqueles que querem continuar no terreno a trabalhar e disse ainda que o seu partido irá questionar o Governo sobre o assunto e propor soluções.

Dois grandes incêndios começaram no dia 17 de junho em Pedrógão Grande e Góis, tendo o primeiro provocado 64 mortos e mais de 200 feridos. Foram extintos uma semana depois.

Estes fogos terão afetado aproximadamente 500 habitações, 169 de primeira habitação, 205 de segunda e 117 já devolutas. Quase 50 empresas foram também afetadas, assim como os empregos de 372 pessoas.

Os prejuízos diretos dos incêndios ascendem a 193,3 milhões de euros, estimando-se em 303,5 milhões o investimento em medidas de prevenção e relançamento da economia.